dezembro 31, 2011

New Year's Eve

É mais um princípio que vem aí. São novas esperanças. São vidas renovadas e amizades que se agarram a nós com força, porque nasceram para ter força junto de nós. É um novo ano. São novos dias. Novas coisas, novos Nós (: Feliz 2012!*

dezembro 19, 2011

If I die before I wish

Se eu partir sem respirar fundo. Se eu for na rapidez da morte sem te provar e sem explorar os vales da minha existência. Se eu não cruzar a esquina que se atravessa a meus pés não serei capaz de ter vivido como eu própria o sei. Não terei vivido com as pontas dos pés alteadas no cima do monte pronta para abraçar o vento crépito que embate no rosto e queima a pele enquanto os olhos choram. Se eu correr vai fazer alguma diferença?Se eu subir cada degrau e deixar a desgraça vai importar para quem? Quem julga, quem atropela a nosso juizo não quer saber do mundo cruel. Quem mente em ocisão e quem faz da mentira uma vida nunca se encontram. São labrintos diferentes e eu caminho mais para a um do que para outro. Não é o limite da vida que colocas à frente do prato. Nós somos todos nós. E já provaste a vida quando ela é amarga? Se eu chorar pelo que nunca há-de vir e cumprimentar o passado com um sorriso será que chega?Será que nos aplaudem quando somos tudo o que podemos ser desdenhando a mentira e albergando o perdão nos nossos olhos?São os nossos rostos que encontramos em todo o lado em todos os segundos que contam nos relógios de quem ama. Eu não te facilito, tu não me facilitas. Fazemos o que tem que ser feito sem perceber que a vida pode magoar às vezes. Não é esse o objectivo. E se eu morrer sem desejar? Se eu for além da linha, quando tudo o que há debaixo dos nossos pés são pequenos traços? É condenar a existência ou morrer feliz? É ser ou nunca ter sido? Eu prefiro amparar a ignorância que me veste de felicidade do que nunca ter saboreado o perdão e a verdade. A vida assim é a vida.

dezembro 18, 2011

as peças não encaixam mãe

Erramos tantas vezes e o pior é que erramos em todos os sítios errados.

dezembro 16, 2011

Barco negro

Existem presenças esmagadoras no escuro. Que nos removem a alma e nos tiram aquilo que não podemos mais dar. Pedem-nos perdão e perguntam-nos que tipo de mundo é este onde sobrevive o escuro e a luz não dá de si. Somos tantos e no fim restamos tão poucos. Somos uma minoria que não se esconde e percebe do trabalho duro que é sermos fortes. E nada na força nos distingue dos outros senão o que medimos nas palavras e na acção do corpo quando o choque nos aterra na frente dos olhos. E nunca vais dizer que o que arriscares de ti parece bem porque existem presenças no escuro que nos arrastam por ruas frias e nos matam como humanos desprezados. Não é só o tempo que te vai ajudar a crescer, não é apenas a dor que te esmaga o corpo nem o carinho de cada palavra que te pronunciam ao ouvido. Vais dizer que quando plantaste as sementes te não lembravas da dor que te ia perseguir como um carro em aceleração mas ela vai-te definir e vai-te encostar à parede quando mil olhares se impuserem em ti. É assim que vais-te tornar no que vem escrito nos livros da verdade. É assim que vais-te tornar na pessoa que Deus quer que sejas. Na pessoa que encara o ridículo e atropela os cérebros desalinhados que te passam pelas mãos. Tu és melhor. Tu vais ser melhor e não insistas que vai ser pior, porque ao fim de algum tempo a dor que é tanta, que dizes matar-te o coração, ela não desaparece. Faz ainda melhor. A dor pára de te consumir e tu consomes a alegria de seres mais e de lhes seres mais. Estas são as sementes que tu plantaste. Este é o teu futuro. Um caminho melhor para a verdade e para a compreensão da vida que se farta de pedir desculpas quando tudo começou por um pedido em silêncio e que foi abraçado pela mentira.

dezembro 14, 2011

Esta é a nossa sorte

Esta é a nossa sorte. A que vem agarrada aos sítios das coisas. A que permanece implacável dentro do coração do destino. A sorte que abarca luzes que cegam intelegência dos fortes e torna felizes os vencedores ignorantes. São caminhos pouco fáceis que recebem uma benção. São paragens no tempo onde os corpos irtos olham imensamente para os olhares e detestam a solidão. A nossa sorte é sermos nós, como somos. Pertencer-mos a nós mesmos e sentir-mos o que somos até esgotar-mos a alma de vida. A nossa sorte não cabe na gaveta mas anda dentro dos nossos bolsos. É ao sermos todos nós que conseguimos carregar tamanha liberdade. E o que vês é o que os outros não vêem. E o que tocas é o que os outros não sentem. E o que parece extinto trazes ao de cima no dia em que reparas num anúncio publicitário no metro e quando descorres que os pássaros cantam e é em voz alta. Esta é a tua sorte comigo. Um paladar doce que não se esquece nas noites que fugiram da loucura. A tua sorte faz a minha e eu sou eu porque tu apareceste nela. Quando te apercebes que o pé bateu no chão e que há cantares mágicos que te penetram o líquido do olhar tu choras e aí vês que és feliz. Não é singular. É o plural de nós mesmos. É o vermo-nos do outro lado da vitrine com rastos de tinta da tua existêncio. É um reconhecer do cheiro quando os olhos não dispertam e o sol manchou as paredes. E quando caminhares em vez de andares os pés não vão doer. Quando olhares em vez de observares vais perceber a beleza de um sorriso comparada com a beleza de um choro. Não vais parar porque a sorte não te vai deixar atrever a tal. Esta é tua sorte. Sacana, ladra,a que te salvou de uma outra vida sem mim. De uma outra vida onde o Nós existe e onde não há cheiro livre e palavras soltas. Aqui tu escreves, lá há vazio. Aqui tu podes ser o que sempre sonhaste ser, lá a sorte maldita não te traz nada, roubou-te de mim.

dezembro 01, 2011

embrace yourself

Em vez de pensares na pessoa que devias ter sido lembra-te do vinho velho que mora nas pipas da adega. Não te arrependas das tuas cores. És um previlégio com raízes e marés e tudo o que conquistares é teu e está marcado nas tuas mãos. Não sobrevivas de arrependimentos e de sentimentos de culpa. O vinho passa anos sem lhe sentirmos o gosto e vive feliz. Abraça a ignorância nas melhores circunstâncias e não devas nada à felicidade. Ela foi-te destinada! És o melhor que poderias ter sido e continua assim este Natal :)

novembro 26, 2011

A juventude das palavras

Há tristezas que me invadem o coração nas horas vagas. Para preencher o tempo, para incendiar os olhos de lágrimas que se desfazem nas manhãs. Tristezas que me consolam, que me deixam encostar o dorso na almofada e sonhar com novas coisas impossíveis. É um tordo que me afasta da realidade tropical com que me encheram no início de tudo. Quando cá chegou a terra já estava cheia de nódulos e cicatrizes e agora que tudo cai mais um pouco, o frio já não queima a pele. São os tons das faces a enrubescer e a rapariga a sorrir ao longe na floresta. São novas corridas e fôlegos despertos pelo movimento brusco que respira por nós. Existem tristezas que afogam a alma e me levantam do chão. Momentos de pura magia que eu não sei explicar. Melodias estranhas que se infiltram na audição e o papel mancha-se ininterruptamente sobre a tinta que gira com o pincel na mão. Não são resfriados que se impõem na pele. Tudo desce e tudo desliza naturalmente. Não são bolas de fogo que atropelam os transeuntes. São homens e mulheres nuas que revelam os sentimentos viris. São folhas de cristal e céus enfeitiçados pelas bruxas que se apoderaram desta terra. Amores que encantam pelo próprio amor. O amor que não se destrói na chama acesa. Pequenos olhares que se quebram na desgraça e que voltam a ser emoção e que se cobrem de mantos felizes. Dedos que deslizam na imensidão de tempo que cai lá fora sem eu dar por ela. Como se o vidro parasse o relógio e as paredes me atropelassem o corpo. Vultos que compreendem a luz pequena que ilumina a escuridão e os lagos que continuam cheios de vida, de água a correr pela floresta. É uma floresta viva que se enche rapidamente de flores e animais. Um cenário catastrófico para a sociedade. Um arco-íris divinal para um escritor. É isto que eu sinto. É isto que não me incomoda e me tira o sono alegremente. Que me quebra o esmalte das unhas e me seca os lábios de incerteza. São estas as noites que perco para ganhar novos dias. São os sonhos que me invadem para dar novos às personagens. Ondas de calor no peito e realização desconhecida. São pétalas salgadas que se renovam no rosto e pontos de luz intermitentes que se fixam no fundo do cenário. Não há labirintos sós. Não há escadas direitas nem caminhos fáceis. Estradas redondas e casas velhas que se riem da ignorância que a cidade carrega com ela ao colo. Actos insignificantes que se tornam ironia no pranto da noite. Faces cadavéricas e olhos secos pelo vento agreste. Corpos vacilantes que se entopem de tristezas voluptuosas como em tempos foi o tempo para mim. O tempo agora é outro. O tempo agora não é tempo. D eixou de ser ele tempo para ser O tempo que eu conheço.

novembro 24, 2011

Tiras do teu sangue para dar ao meu

És o meu luar. És o tom escuro que me fugiu dos olhos. Ás vezes quando a noite embala todas as luzes da cidade, eu olho pelos vidros da janela, para lá do reflexo que se fixa na transparência do vidro unido há uma imagem querida que me aparece, que rasga o céu e se fixa bem na berma da perna da Lua quando ela se deita para o lado esquerdo. És tu quem me aparece nos sonhos e vem ter comigo. Corres-me nas veias e apesar de batalhar o coração para que tudo seja menos real, menos físico, é o teu toque que disperta a atenção dos sentidos. Já reconheço o teu odor nas árvores quando ando pela rua. As folhas de Outono já rastejam por aí e nem parece que o Inverno está para chegar. Se fechar os olhos há uma melodia de um violino que segue o caminho das estrelas como balões de ar quente que sobem pelos céus. É ali bem no alto que te reconheço o rosto. Não és nenhuma invenção. Ninguém te criou como texto para exposição. Nasceste de um ventre querido e enches-me a vida de pulsadas de ar fresco. Para lá do mar, onde as ondas já não batem com a mesma força, as vozes cantam em uníssono. É um piar baixinho que me persegue durante os sonhos. O teu sangue corre-me no corpo e já te sinto falta nas mais pequenas coisas. É na escuridão que me apareces como uma vela acesa. É nas fissuras das pedras da calçada que imagino os teus passos e a tua mão a abraçar a minha. São as fadas e os duendes que se fazem passar por ti, quando as rezas me trazem sorte. Eu vejo o pôr-do-sol e imagino o horizonte de outro país contigo. Eu vejo as areias e as palmeiras de outros destinos dentro dos teus lábios. É neles que o sabor dos incensos se acumula e transforma em coisas doces. É a tua respiração que me acalma a estranheza do frio da estação e a tua mão a deslizar-me nos ombros por dentro das vestes. São as palavras sussurradas que eu levo para casa e que se desfazem em lágrimas quando chego ao comboio no passeio que faço todos os dias. Eu trago-te e levo-te no coração todos os dias como as ondas dos oceanos. Eu cuido de ti como cuidas de mim. Do meu coração que nasceu pobre. És a minha decência e consciência. És a melhor parte que nasceu dentro de mim. A alma que veio dentro dos meus traços, das minhas formas. Eu sou um corpo que vive com a tua alma agarrada a mim. És-me.

novembro 22, 2011

encontrámos o caminho livre e não uma fortaleza

There are lives that were never born. Their souls remain on earth surrounding others, but the bodies gave up hope. Their flesh went on to another place and the meaning of life turns into nothing. There are lives that were cut into pieces and fell off of a cliff. The wind brought them to a place where someone speaks, someone has a voice and someone creates a new sign that has never been seen before. There is a light that shines upon a dista
nce. A green, a blue, a shadow of pink that colors another life.

novembro 09, 2011

minha Juca

Há mulheres que crescem nos grandes gestos e há mulheres que adormecem no tempo depois de terem sido espancadas pela vida. Eu vejo-te como o ouro escondido nas minas. O ouro submisso e calmo que pelas mãos de outros sobe até à terra e vê o Sol. Há muito tempo que o inverno habita ai nesse teu coração, mas se quiseres arrisca um pouco e vais ver que no meio das pequenas escuridões, espreita sempre um feixe de luz. A vida bate-nos com força e amachuca-nos o corpo e à medida que o tempo passa as flores parecem diminuir de tamanho e chorar de raiva em vez de brotarem do húmus e viverem infinitamente. Eu não te conheço muito por dentro, conheço-te a face, os olhos cor de peixes verdes e esse sorriso que já embalou muitas almas. Já deves ter mergulhado bem fundo e tudo o que vês pela janela deve ser bem mais triste do que há uns tempos atrás, mas sabes que mais? Quando plantamos sementes cresce sempre alguma coisa dessa acção e por mais forte que o embate tenha sido a árvore que nasceu dele és tu. É a tua força que se mostra. Tem flores bonitas, tímidas, mas flores que extravasam a luz do sol e que têm esperança. Tu és o teu nome. Tu és a tua alma que te define todos os dias. És a casa que trazes contigo, e apesar de teres a mobília desarrumada, com o tempo o pó vai desaparecendo e os homens das mudanças irão vir para ajudar. Eu estarei aqui para te ajudar. O inverno está cá mas a Primavera também há-de chegar, e eu quero que ela chegue rápido porque és mais bonita quando as flores crescem e o sol brilha. Enquanto elas estiverem debaixo do chão a minha mão anda para a frente mais um pouco na tua direcção. O ouro está próximo do ponto final. Nunca deixes que te desonrem o corpo, a casa e a família. És uma só. E és uma com grande valor. Nunca te percas dos teus ideais. Sê apenas, Mary

outubro 31, 2011

pela janela estranha do comboio eu vi

É instinto. É instinto mergulhar na água fria, queimar as mãos no fogo e travar o ar nos pulmões. Eu ouvi dizer que o instinto é cego, carnal e natural. O instinto devora-nos o raciocínio como a pastilha elástica que não deixa de esticar. O meu instinto por ti é o amor. Eu amo-te porque os teus pensamentos me devoram a mente, o cheiro da tua pele inebria e o toque rasga-me a razão. É assim que o definimos. Sem definição. A ti chega-me as palavras que não existem, chega-me o saber da tua presença e quando vais embora Deus foge-me das mãos e passo a amar-te ainda mais. Amo-te nos desencontros, nos olhares que fogem e escapam aos outros que não entendem esta química que existe em nós. Mas não há cor, existem muitas cores, as cores que instinto conhece. E queres saber o que faço quando o instinto tende a desaparecer? Olho para ti. É o suficiente para saber que continuas de olhos postos em mim. A tua guarda é a minha existência. O sentir é mais que o saber meu amor.

outubro 23, 2011

supermario

Porque este amor é teu

outubro 14, 2011

outubro 13, 2011

baby i'm a fool

O amor pode ser baseado em insanidades. O amor é baseado em loucura. Só depois de acabar é que descemos à terra e percebemos que a loucura nos fez bem e o quanto gostaríamos de ter permanecido dentro dela por mais instantes.

outubro 09, 2011

Para a flor de Lótus

Nunca estive numa estrada sozinha. Nunca me encontrei distante de ti de pés descalços como me julguei muitas vezes. Eu via sempre a veracidade das coisas, do teu sorriso e da tua bondade penetrada na tua severidade com o mundo. Nunca deixaste de deixar os pontos finais e de calcular as distâncias à tua volta. É o teu cortejo diário. É a tua forma de ser. Estás grande. Deste passos muito grandes e moldaste-te às coisas com ainda mais naturalidade do que julgava teres. És selvagem mas vejo-te como uma flor que brota no inverno, isso é esperança. E gosto muito do que és. Gosto do que nunca deixaste de ser, mesmo quando as palavras já não existem entre nós. Não deixei de te consumir. Continuo a amar. Sim continuo a amar-te e vejo p mar tão bravo como tu. Há coisas que não nos alcançam como antes e há novas coisas que brotaram em nós novos sentimentos. Gosto muito de ti e espero que continues a provocar a vida, a abraçar o vento e a beijar o infortunio. Sê livre nas tuas escolhas Joana. Um beijinho grande e um Feliz Aniversário, Mary

outubro 05, 2011

A língua foge?

Será que a língua expira? Será que ela se retrai? A língua tem boca. Não engole, mastiga. Participa nos sentidos humanos e estes dão sentido à humanidade. Será que andamos sem caminhar? Ou será que a dor é suportável sem a ser?

outubro 01, 2011

aos passos lentos

Foi dentro de passos lentos que nos conhecemos. Respirámos o ar partilhado da juventude e tocámos na pele quente, na pele virgem de quem tem poucos anos. Não fomos heróis. Não fomos heroínas. Não fomos nada disso que nos fazem pensar. Fomos quem pudemos ser. Fomos quem nos deixámos ser durante os anos. E a terra esfolou-nos os pés e arranhou-nos os braços mas continuámos na teima de crescer juntas. Não é fácil. Ninguém diz que é fácil mas ninguém diz também que é difícil. Ninguém escreve nem dirige que nos consome por dentro estas amizades. Ninguém nos avisa, porque os avisos não são necessários. Cairemos de novo e existem sempre dias que nos corroem a alma e nos partem os ossos. É assim que vejo o amor. Amamos os amigos e eu sempre te amei a ti. Aprendi a ver-te diferente porque eu gostava da diferença e queria acreditar na diferença. Hoje vejo a diferença de uma forma diferente mas continuo a amá-la. Já disse isto uma vez. Não fomos heroínas. Conquistámos o que tivémos a conquistar e sorrimos as vezes que quiseram que ríssemos. Fomos ingnorantes e crescemos. Agora somos adultas mas continuamos a gostar da ignorância. É verdade a ignorância traz felicidade. Traz aconchego de alma durante as noites frias que nos gelam o amor que temos a ceder pelos outros. Sim. sim. Eu chorei, eu tomei partido de tudo o que me rodeava e chorei quando perdi muito do que nos unia. Mas é na separação que nos elevamos e foi no sofrimento que nos conhecemos melhor. Foi na tragédias, foi na angústia que nos pintámos de cores verdadeiras e agora já te vejo sem véus que me tapam a vista. Eu cresci. Guardo grande parte de mim dentro do músculo e tornei-me menos abrangente, menos diferente, menos inocente. Mas continua a aliar-me ao amor incondicional, continuo a dar-me bem com as relações e continuo a gostar do que vejo em ti. Continuo a admirar a dedicação insubstituivel e audível que se faz ouvir dentro dos teus passos. És uma grande mulher. Cresceste na diferença e levaste muita porrada da vida. E agora és uma grande mulher que não se esconde perante os desafios. Pontapeias os obstáculos e fazes crescer flores onde elas não têm espaço para crescer. Trazes cor a muitos momentos e tens noção da realidade. Da mesma realidade que eu tenho. Temos a mesma realidade, mas espaçada. Uma realidade partilhada. E sei que mesmo que o céu já tenha chorado por nós, há luz. Há muita luz por aí fora. Há muita esperança. Há muito amor :) Um grande beijinho, Mariana

setembro 25, 2011

ce n'est pas une chanson triste

Porque andamos nós a lutar? Porque andamos nós a parafrasear os carrascos para ganhar cargos que são tudo menos inocentes? A distância entre um abrigo seguro e um lar é pequena. A distância entre uma amizade cedida de amor e uma amizade acatrefada de ilusões e jogos de cedências é ínfima. Nós fazemos o chão que pisamos. Nós marcamos a frase no final do texto. Nós fazemos a noite estrelada e o beijo mágico que faz o corpo entrar em colapso. Nós fazemos a tristeza parecer divinal e o indevido sedutor. E quando nos apercebemos aonde fomos chegar gritamos de ira e arranhamos o corpo tentando aliviar o que não há para aliviar. A dor está lá. A dor consome-nos o corpo e não podemos dar-lhe um empurrão para trás. Tornamo-nos letárgicos e inúteis perante a calamidade emocional. Ele não era o que esperávamos. Ele formou-se com Mestrado em Imbecilidade Avançada e deixou-nos o trono despido das vestes. Mas perante isto o que há para fazer? Agarrarmo-nos aos gatos das vizinhas e encher a pança com chocolate? Mentir ao coração e jogar o jogo dos desistentes? É fácil deixarmo-nos ir. É fácil auto-comiserarmo-nos. É fácil cair no abismo e saborear a derrota. É mais fácil. É menos doloroso. Mas o pé tem de avançar. O corpo tem de se unir às coisas pequenas e dar um estalo à incerteza e à doença do amor. Porque no final de contas já não é amor. O amor não se transforma nisto, O amor não se revela esta podridão, pelo menos perante nós. Somos superiores a isso. Somos mais altos que isso. Somos grandes e não podemos tornar a alma invisivel. Não podemos estagnar e deixar o tempo esbofetear-nos o ego até nos transfigurarmo-nos em vegetais. O amor não é isto. O amor não é assim tão imbecil apesar de não ter formação superior. Não vale a pena debatermo-nos com políticas sentimentais. A distância é pouca. A linha é grossa. O limite está perto. Salta. Pula. Dá as cambalhotas que forem precisas até largar o sorriso estúpido com que o amor banal nos deixou. Salta mais alto. Aventura-te. Pula mais alto. Dá as cambalhotas que conseguires. Obriga-te a ser mais gente. Obriga-te a reagir perante a desilusão porque tudo se renova. Tudo se recompõe quando há outras chamas a iluminar. Isto não é uma canção triste Joana, istoé um retiro para a próxima etapa triunfal da tua vida. Força :) Mumford and sons-White Blank Page
A faísca passou. A luz intensa provocada pelo sorriso malandro escondeu-se por detrás da face de vidro. Fugiste como um rapaz assustado. Não apareceste até há poucos dias. Ficaste suspenso no tempo na entrada da minha casa. Sorriste abandonado. Fechado em sete copas. Detectei-te a vergonha nos lábios. O receio no corpo irto agarrado à porta. Será que chegaste mesmo a falar? Foste engolido pela circunstância. Desculpas não te faltaram e o tempo escorreu fluido durante a tarde até que me acolheste nos braços do teu arrependimento e me cantaste ao ouvido. É sempre isto que fazes. São sempre estas as tuas manhas. A tua profundidade teatral das emoções. Sequestraste os meus sentimentos. Não. Não foi um sequestro. Eu deixei-me levar e deixei-me abraçar pelos teus adereços. A tua pele quente que me consolava e endireitava de todas estas temporadas às avessas. Foste tu quem me alienou do resto. Foste tu quem me deitou na tua cama sem me pedir amor através da carne. Cuidaste de mim durante a jornada nupcial embebida nas minhas tristezas voluptuosas. Quelqu'un M'a Dit- Carla Bruni

setembro 24, 2011

Ma jeneusse

Voltei à minha forma. Não vamos falar de mediatismos e polémicas. A vida são três passos pequeninos em pés de lã. São fechares de olhos e criações de amor. Os artistas são doidos sim. Podem dizer que sim. Não teria graça de outra forma. Não estaria escrito nos registos se tal fosse uma mentira. Uma ilusão mergulhada no desespero comum. Um apelo à criatividade. Os artistas têm razão de ser. São de pedra dura e nascem de um ventre injectado com pneumonia emocional. Os artistas são pobres. Morrem em passeios de calçada e provavelmente sorriem e choram mais que a maioria do mortais. São sós mas cheios. São feios mas magníficos. Morrem pela arte. Morrem dentro da arte porque a arte os possuiu em vida e os salvou da morte dos comuns mortais. Eu compreendo tudo. Vejo tudo. Ouço tudo e guardo tudo. Filtro tudo e vou defecando certos sentimentos de vez em quando. Quando a maré baixa até a espuma desaparecer. Quando o gás acabou no candeeiro e quando o ticket expirou. Quando a terra é engolida pelo Sol. E aqui entram os artistas. Os lunáticos que nos salvam da pele dos leões quando o mundo se aglutina e encolhe como uma balão a esvaziar. Eles entram triunfantemente, descaradamente no meio do Outono paciente. Comos os esquilos que escondem as amêndoas no meio do arvoredo. Deixam e partem. Colocam o pé à frente e dançam com as palavras. Fingem os malditos. Aliciam e enganam com as palavras de inverno que congelam mas consolam na tristeza. Comovem com lágrimas quentes e salgadas. E partem rapidamente com o vento que corre de um lado para o outro. Eles são artistas. "Estão aqui para viver em voz alta". Por isso te digo que voltei à minha forma. Voltei para fingir de novo. Je suis retourné :) Ray Charles and Diana Krall-You don't know me

setembro 11, 2011

Olha como eles brilham para ti

E então virei a esquina ou pelo menos o que me pareceu ser ela. Desprendi-me da bagagem e apertei a lã do cachecol. Era um frio cortante. Era um frio que gelava o corpo e lacrimava os olhos de emoção. As luzes petrificavam. As luzes pairavam no ar e embebedavam o silêncio. Chamei-as. Chamei-as de luzes curativas e entrei dentro do café. Sentei-me comigo deixando espaço para o casaco e a indumentária restante. Reparei nas bonecas de neve que brincavam na porta a cada entrada e saida do estabelecimento. Esperei até que os sinos começassem a tocar na minha cabeça. Fiz muita força. Muita força interior até que fiz o pedido e despedi-me do mundo. Abri o caderno de capa antiga e peguei na caneta. O outono chegou com as palavras até àquela terra refastelada de sol e brisas. Virei numa esquina que me pareceu chorar as expressões faciais. Todos choravam a morte paciente e inquieta do mundo. A morte brutal dos sentimentos de todas as pessoas que giravam à minha volta. Uma gigante onda veio em direcção a mim e fui empurrada de novo. Jurei chocar contra a cadeira de madeira que me apoiava. Afastei o dorso das páginas tristes e abri os olhos. Levei a chávena de café quente à boca e suspirei de alívio. Foi mais uma história.

setembro 04, 2011

Um dia

De alma e coração é que fazemos as coisas devidas do coração. Com a alma cheia e uma chávena de café no bucho. É assim que se anda para a frente. Vou-te confessar que nunca sonhei com ladrões nem alibabás mas este mundo que dizem horrível satisfaz-me todos os dias. Não sonhei com a guerra nem nunca me quis aproximar do silêncio e da solidão. Nunca me quis arrastar por labirintos escuros e por casas alheias, mas é nesses sítios que nasce a obra. É nesses sítios que nasce a possibilidade do amor. É na dor que existimos nós. Eu não sonhei com infelicidade mas aprendi a vê-la com respeito. Nunca sabemos onde vamos tropeçar nela e ficar presos durante um tempo. Para a frente é que o caminho se faz.

setembro 01, 2011

Jupitus, o feiticeiro


Esta sou eu despida de medos. Esta sou eu a brava. Esta sou eu aquela que atravessa o porto com a certeza que estará do outro lado pouca maré, pouca raiva, pouca solidão.
Hoje senti o cheiro do meu perfume na écharpe e sorri. Sorri porque tive a certeza que a minha pele tem cheiro. Já consigo detectar-me e existir neste mundo de loucos e sábios. Este mundo de perdidos onde alguns se encontram e outros tropeçam num abismo de cobalto e safira. É engraçado que o amor se destrói a si próprio até nós lhe darmos um pequeno abanão e iluminarmos o escuro do músculo.
Quando não dizemos nada é porque a presença chega. Não te disse nada porque fiquei comovida com a tua presença. A minha cabeça bloqueou no momento em que percebi que estavas mesmo ali e eras real e estavas junto de mim. Não és um vislumbre. És uma presença. Metade da minha presença embriagada. Já julguei não pertencer a ninguém nem a nenhum sítio mas agora sei que desafiei a gravidade do amor e que sou alguém. Agora sei que existe mesmo uma porta vermelha em Nova Iorque por onde entrei e me apaixonei pelos livros engraxados pelos olhos sedentos das crianças. Não sou nenhuma criança mas sou-o. Sou uma criança que já não espera. O tempo de espera acabou. Vamos ser honestos. Não tenho que te prometer nada. Não tenho de te provar nada. Tenho apenas que me provar a mim mesma e admitir que existi. Que nasci de costas para o sol mas que agora tenho-o na palma da minha mão.

agosto 25, 2011

que mal me quis, que me quer bem

Não te cheira a crisântemos e a ursas maiores?












Quando olhas na noite e não vês as estrelas eu sei que não fazes por mal. Eu não vejo estrelas. Vejo vultos que dançam, músicas francesas e o som de um bandolim. Não faz mal. Não te culpes.

Nessa parte de terra onde estás o sol também nasce para ti. Sei que acreditando ou não, sabes que foste abençoado pelo cardume imenso de situações imprevisíveis que a vida te traz. Em forma de balões no ar, em forma de homens e mulheres que te querem bem e em forma de esperança.
Vou-te contar uma história. Não te prometo que seja verdadeira, mas ela vai-te trazer à memória vários cheiros e vais sorrir com vontade de beijar alguma coisa no escuro.

Algures noutra existência eu passeei desenfreadamente por Nova Iorque e encontrei uma porta vermelha numa pequena ruela que recebia o calor do sol em Domingos de Agosto e em sextas-feiras de Maios.

Olhei para a porta durante alguns segundos e cedi à tentação de entrar e descobrir de onde vinha o cheiro maldito que quase me matava.
Passei com os dedos pela maçaneta e um velho homem quase escondido no meio dos livros, respirava as palavras doentes e ansiosas e olhou para mim.

Era um cenário idílico aquele. Parecia vidro lilás com flores apaixonadas a boiar lá dentro. Durante várias tardes o rádio tocava incessantemente as músicas dos anos 40. Aquele jazz perturbador e as melodias francesas que rasgavam o ar com a velhice e o esquecimento.

Estendi-me no chão várias vezes e encostei-me às almofadas dos livros. As estantes não tinham fim e a luz. A luz que em nada se assemelhava àquela luz pastosa e artificial dos centros comerciais. A luz acolhedora de um lar italiano ou do sul de França.

Quando esses dias acabaram, trouxe comigo uma caixa com livros antigos e o rasto do cheiro dos crisântemos que eram colocados todas as manhãs junto à estante principal. Durante as noites eu apontava para as estrelas e a ursa maior era o único anjo que me conhecia e cumprimentava lá de cima.
Não sei como acaba a história. É muito cedo. Muito cedo para me aperceber do fim.
Prefiro esquecer. Sei que nessa terra onde vives o mundo não é perfeito mas é o único que tens. É a vida que foi feita para ti. Pode não te saber a marcas profundas de felicidade mas é nela que o teu olhar repousa.

Se vires esta mensagem não te vires. O mar que está à tua frente está aí para o observares,

Fecha os olhos. Mergulha os dedos na areia e lembra-te da vontade própria.
Não te cheira a crisântemos e a ursas maiores?

agosto 23, 2011

vox populi




não vos cheira a crisântemos e a ursas maiores?:)

agosto 22, 2011

The weight of the world



Neste momento o mundo não me pesa :)

agosto 19, 2011

é uma história diferente a nossa




Olha, sabes uma coisa? Se não fosse por mim eu não estaria nesta posição. Se não fosse por mim a luta não seria a mesma e se não fosse por ti, esta luta não valeria a pena.


És a minha grande conquista.

agosto 16, 2011

The cherry on my cake



Fazes-me lembrar a canção do chico. Mas ao contrário dele não emigraste nem encontraste uma brasileira qualquer. Estás aqui bem perto. Fazes-me rir e fazes-me bem ao coração. Vou-te dizer que sim, acordo a pensar que talvez terei uma mensagem tua no telefone ou uma luz cor de laranja no skipe. Achas que a nossa história poderia ser escrita num livro? E achas que a nossa história pode começar naquela cidade que nos espera a tão poucos dias? Eu quero que seja verdade e quero que sejas melhor do que eu te imagino. Vejo-te como o mundo e se fores melhor é porque desta vez não errei. És a pessoa a quem rezo todos os dias e a quem fico sobressaltada quando ouço o teu nome em vão. É parvoice mas as coisas do amor são mesmo assim. As coisas do amor são sinceras e se ainda não reparaste eu também estou carente e preciso exactamente das mesmas coisas que tu.









Basta que nos apercebamos disso no momento certo e que eu te possa dizer ao ouvido o quanto gosto de ti e o quanto acredito na tua vitória.













agosto 13, 2011

afinal esperaste



Obrigada.






Dust Bowl Dance- Mumford and sons

agosto 11, 2011

you put your arms around me and I'm home



Estou em fase de recuperação e para tudo esquecer escrevo. Escrevo porque me alivia a alma. Não para agradar a públicos. Escrevo porque me alivia a dor e porque me traz paz. E a paz não reina nesta terra neste preciso momento.







agosto 09, 2011

milagres não existem

obrigada por não esperares no salto.

agosto 07, 2011

tu que te escondes




Queria que soubesses sabes. Há muito tempo que os nós dos meus dedos estão avermelhados do esforço que ando a fazer. Não é por ti que o faço. Não é por mim. Nem é pelos estranhos. Eles merecem essa condição. Faço por todos aqueles a quem o coração se abre e a quem o medo não se exalta porque eu estou lá. Como as ondas do mar que não se interrogam da força do vento.É por todos eles que construo casas. Ao invés, tudo o que consigo fazer é construí-las e desaparecer para que o mundo não dê pela minha presença. Ando a passos de algodão. Nunca reparaste? Eu disse-te que não o fazia por ti. Às vezes esqueces-te que me lembro de tudo, que não esqueço nada. Que guardo tudo a quem não o faz. Guardo tudo, albergo tudo para quem não o quer fazer. Disseste-me tantas vezes que o fazias por mim e não vejo nada. Prometes-te tantas vezes que não me largavas a mão, que os nossos mundos se não separavam e agora corres na distância e eu quero chorar. Tenho pedras nos olhos. Dói-me o corpo. Dói-me a alma e doem-me as lágrimas. Estou cansada de correr e de não veres que preciso de tudo aquilo que não me tens dado. Não preciso que me ampares o ombro e me deixes morrer. Não preciso que me tragas mais para salvar. Estou cansada de habitar sem viver. Estou exausta do mundo. Deste mundo pelo menos. Dizem que és forte mas eu não preciso da tua garra. Dizem que és héroi mas eu não preciso dos teus actos heróicos, das tuas melodias que me fazem chorar. Das tuas fendas que me consomem e me iludem no escuro da noite. Sonhos já eu tenho muitos. Tenho-os desde que nasci e tive a percepção do que o mundo realmente era. Este era um lugar ao qual eu chamava de casa mas agora que olho, não vejo nada lúcido. Não te distinguo no meio da multidão. Dizes estar lá mas tudo o que vejo são chamas no lugar das pessoas. É triste. Costumava acreditar nas possibilidades e nos nascimentos. Para mim tudo nascia. Para mim tudo era vida e tu eras vida que partiu mais cedo. Eras uma içusão bem real. Uma ilusão estúpida que eu levava para todo o lado. E por isso me chamavam de imbecil. E por isso me gozavam na luz. Riam e eu ouvia o eco do riso nos rostos alegres. Agora és pó. Agora não existes. Desapareces-te. E então responde-me: se eu plantei as sementes, por que não posso colher eu os frutos? Responde-me. Eu venho sempre a horas como me pediste. Nunca falho um horário. Trago-te a minha alma e a sensatez do meu corpo e mesmo assim deixas-me sem palavras. Venho como pediste aos homens para virem. Eu nunca atiro a primeira pedra. Sei os erros que cometo. Sou tua filha e irmã dos outros e nunca me vês diferente. Sou a tua carne e nunca me tocas no escuro e no abismo.


Deixa-me viver. Só um bocadinho. Deixa-me ver as coisas que me prometeste em pequena e que agora se escondem por detrás da tua cortina. Deixa-me só espreitar. Deixa-me espreitar através dos óculos cor-de-rosa. Ela já me disse para o fazer. E eu quero. Eu escondo esta vontade que me arranha as paredes do músculo do coração. Mas tenho tanto medo de falhar. De perder o que conquistei. Dá-me só um dia para tudo ficar bem. Dá-me um pouco de ti só por um instante de vida para que eu possa abrir os braços de novo. Só te peço aquilo que os outros não querem. É dificil?


Não entro no cemitério por isso mesmo. Tu sabes onde é o meu lugar. Sabes onde pertenço e sabes as vezes que rezo por ti e te peço por todos aqueles que me curam e descuram o coração. Preciso de um pouco de carinho. Não quero partir sem Ver o mundo. Não quero partir sem Te ver.




Não quero partir sem achar que foste criado em vão. Nada acontece por acaso e se vieste para nos salvar, agarra-me os braços enquanto caio neste momento. Agarra-me. Eu espero por ti no salto.








agosto 05, 2011

roses for me



A Sophie Dahl ensinou-me que ser egoísta não tem necessariamente a ver com a falta de partilha. Simplesmente termos um dia permissivo e de pura alegria. Um dia onde a auto-indulgência não existe e onde o resto do mundo é calado.



Hoje foste tu esse meu dia. Hoje foi o meu dia egoísta :)




Merci*

agosto 03, 2011

uma brisa de verão




És os meus 38 graus. Vejo-te como uma pequena chama que atravessa a ponte e vem ter comigo nos sítios mais mirabulantes do planeta. Lembro-me de ti em qualquer lugar. Recordo-me do teu rosto em qualquer esquina e em qualquer bar. Estás nas capas das revistas e nos quadros das galerias. E todas as músicas que oiço tocar na rádio são tua autoria.


Sinto-me tão feliz por te ver em breve. Só espero que o mundo nos continue a trazer estes dias de sol que nos têm aconchegado as costas. O nosso dorso descansa em paz no coração um do outro.


Digam lá que o mundo não está cheio de esperança?

julho 31, 2011

An end has a start




"Someone hit the light

' Cause there's more here to be seen

When you caught my eye

I saw everywhere I'd been and wanna go to"



Como agradeço a Deus teres aparecido na minha vida rapaz :)

Iluminas-me*
















julho 29, 2011

eu podia oferecer-te um abraço quente



Eu pertenço a muitos sítios. Pertenço ao meu corpo e a esta cabeça. Pertenço a muitas coisas que me apareceram pelo caminho. E percebo que o mundo fique chateado por acreditar demais nas coisas e defender o possível. Não quero que ele me leve a mal. Eu não fingo ser assim. Não fui educada assim. Mas no meio de tantas bebidas entornadas eu aprendi a ver as coisas que ninguém vê. Eu gosto de acreditar e por isso faço-o todos os dias. Eu gosto de saber que existe hipóteses e gosto muito de cumprir promessas. Por isso tantas vezes me desiludo porque o mundo não está habituado a isso.



Não me preocupo muito. Sei que os corações se vão curar como tu me curas o meu. Estou a aprender a ver tantas coisas contigo que julgo ser impossivel. És humano. És carne e és um corpo que eu desejo muito ver e tocar com os meus braços. Queria oferecer-te a minha esperança toda e as minhas fantasias todas para que pudesses sorrir como eu sorrio durante grande parte da minha vida. És tu que me levantas o ego e és tu que me fazes ver que o mundo é muito bonito. Eu já o via como um lugar fantástico mas contigo ele é mais sóbrio e mais fervoroso. Contigo ele explode e deixa faíscas onde quer que passes.






É assim que te aprendi a ver e todos os dias são um desafio ao tempo.









O tempo que está a nosso favor :)

julho 28, 2011

"pulseiras"



Sabes o que é isto? É a realidade em formato doce ;)

julho 26, 2011

o músico



Estás-me a dar cabo da cabeça e esta música que não me sai do ouvido :$






Fazes-me coisas maravilhosas :)






You keep doing that

julho 25, 2011

Danças e Contradanças



Ok vou-te contar uma história até porque estou a ler um livro de contos e sempre achei engraçada a maneira como se podem juntar colunas de palavras e se criam companhias nas pessoas mais solitárias.



É isso que conseguimos fazer juntos. Muitas vezes parei de ser quem sou e agora estou a abrandar o passo. Há dias disseram-me junto ao coração que há três tipos de amor. O amor, o amorzinho e o amorzão. Disseram-me para ter cuidado com a pessoa a quem pertencesse o amorzão. Tenho consciência que ainda não chegaste a esse patamar mas dá-me alegria de viver e esboço um sorriso tão grande quando imagino as possibilidade moribundas e extraordinárias dos nossos passeios e dos nossos encontros.



E sabes o que é mais doce? É o facto de isso poder ser real. Existe mesmo uma coluna de palavras entre nós e a cada dia que passa ela vai ganhando forma. A forma de uma estrela, de uma clave ou simplesmente as formas de que ela se quiser apoderar. O amor é assim. Não se cinge por regras. Apenas a que me contaram. E tenho a certeza que se realmente te tornares no amorzão foste a pessoa ideal. Foste e és a pessoa que me cura o coração.












Lee DeWyze-Sweet Serendipity



julho 20, 2011

o meu livro



Acho que te acabei. Só tenho que esperar que o mundo te aceite e revoluciones alguns corações. Podes voar meu querido.

julho 19, 2011

college

É suposto fazermos o que gostamos ou o que esperam que façamos?

julho 10, 2011

a nossa história

Se estivesse ao teu lado agora, enchia-te de abraços e beijinhos e ficava a olhar-te durante horas. Aproveitava cada segundo do teu rosto e bebia a felicidade que exalava de ti. Deus fez-nos melhores amigas porque sabia que a nossa mãe não nos suportaria como irmãs.

E todas as amigas contam a verdade. Todas as amigas são honestas e cumprem promessas.

Vou contar-te uma história. Não é uma história bonita nem se pode dizer que é uma história triste. Ninguém a escreveu, senão estava abençoada com o poder das palavras e a feitiçaria da música, se esta fosse tocada.

Esta história aconteceu no meu coração. Este pedaço de carne que mal sobrevive sem bombear o amor para todas as válvulas. Não sei bem como começar.

Sei que vais perceber cada pedaço desta história porque me percebes e porque és metade de mim. A parte do meu coração que é Primavera e Verão. É assim que eu começo.

Quando entro na livraria subo ao andar de cima e aproximo-me da zona das crianças. Passeio pelos corredores da zona de leitura e não vejo ninguém sentado a ler. Então faço as vezes deles e sento-me num canto. Depois de ler as últimas linhas da última página, agradeço ao autor e cheiro a capa e as folhas do livro. Olho à volta e percebo que ninguém vagueia entre as prateleiras passando com o dedo pelos livros. Fico triste.

Desço ao andar de baixo e escolho um livro. Durante cinco minutos sento-me no sofá junto ao café da livraria e olho dentro das pessoas. Uma senhora que pega na chavena do café, um rapaz que procura incessantemente um livro de que gosta e uma menina pequenina junto à caixa registadora. E é aí que eu paro. Olho de novo. A senhora que estava sentada na mesa do café segura nas mãos uma carta da filha. Sorri como se não houvesse amanhã. Um gato branco rossa-lhe as pernas e mia pedindo atenção. Junto à secção dos romances o rapaz já não procura o livro. Apenas escolhe o mais bonito para guardar a carta da jovem que a vai ler quando o empregado lhe disser que um rapaz deixou algo para si.

A menina junto à caixa registadora olha para o tecto e por cima, lá bem por cima das luzes, ela estica o braço e pega no conjunto de balões que voam pelo imenso azul sem fim. Um coelho, uma raposa e um cachorro chamam-na e ela vai. Ela corre sem parar pela floresta e suja o vestido com o suco das cerejas que arrancou das árvores.

A última vez que pisquei os olhos já todos tinham saído. Acho que nunca estiveram lá. Não me importei muito. Acreditas que eles estiveram lá? Diz-me que sim. É que foi mesmo bonito e durante toda essa realidade que eu assisti, eu ouvi música sevelhana e vi mulheres bronzeadas a dançar. Era música sim." A expressão de um sentimento ou emoção." Simplesmente essa emoção era só minha. Se tivesse um pouco mais de força eles tinham estado mesmo lá e todos poderiam ver o que eu vi.

Nesta história é giro ter segredos. Quando saí da livraria fui conversar com Deus. Entrei na Igreja e não encontrei ninguém. Os bancos não estavam lá nem se ouvia o eco habitual do portal. Ele estava lá ao fundo. Ouvi-o muito baixinho mas consegui perceber tudo. Queres saber?

Ele disse-me que não faz mal ser diferente. Ele disse-me que os filhos nascem das mães e que quando um homem e uma mulher se amam, um filho nasce dos dois. Eu acho que nasci dos dois. Nasci num dia de Inverno e é por isso que gosto do frio. Gosto de ouvir as fagulhas na lareira.

Na minha história eu sento-me no café junto à estação do comboio e peço um café quentinho. Aqueles cafés que se chamam cappucinos. Na minha história, o rapaz que me serviu ao balcão guarda um caderno junto à máquina do cafe e faz retratos das pessoas que ele atende. Pedi-lhe para me mostrar. Ele hesitou. Eu não disse nada. Olhei à minha volta e apertei os lábios. Sorri-lhe e ele estendeu-me o caderno. Estava um pouco gasto do tempo mas ele disse-me que foi o pai dele que lho deu. Ele ja cá não está. Foi para junto dos Grandes. Ele desenha bem. Muito bem desenha ele a linha que cruza o labio superior do inferior e ali no canto do lábio. O beijo escondido.

Ele não me beijou nessa noite nem na noite seguinte. Quando o vento não bateu nas nossas caras eu perguntei-lhe se iria ser nesse momento que que nos beijávamos. Ele delicado fechou-me os olhos como se eu fosse uma criança à espera de um surpresa e beijou-me durante alguns segundos.

Mais tarde na minha história ele tinha nome. Tinha muitos nomes bonitos. Simples. Nomes saídos da terra. Ele nunca me desenhou.

A minha história não tem bem um fim. Dentro dela existem filhos. Os filhos que eu quis ter com o homem que eu amei. Fizémos amor e brincámos muito um com o outro e desse amor nasceram os nossos filhos.

Na minha história eu deixo-os correr e deixo-os apanharem vento nos pés. Achas que a brisa nos faz mal no inverno? Eu gosto de ouvir os grilos na noite e nunca me importei com o frio cortante da estação fria. É mais bonito quando temos alguém que nos aquece o corpo. Alguém que conhece o nosso corpo, as nossas marés e as nossas tempestades.

Quero contar-te muito esta história porque não sei bem como a contar. É uma história que anda por aí. Não tem pernas. Ela voa porque voar é muito mais divertido que andar de carro. Nesta história tu podes deitar as laranjas fora e mudar de vida. Tal como me tu ensinaste.

Quando chegar ao fim, não há fim. Porque quando leres as últimas linhas da última página vais perceber finalmente do que tudo se trata. Vais perceber que faz tudo sentido se acreditares que tudo tem mais potencial do que aquele que ninguém vê.

Nesta história eu falo com as árvores. Eu ouço os pássaros cantar e não me importo que chova. Na minha história existem almoços lá fora no jardim. Eu sou muito gulosa e ajudo a minha mãe nos cozinhados, mas ao menos nesta história ninguém se importa com o que eu como. Quando for hora de ir dormir eu vou falar com as lagartas e não tenho medo dos homens. Eu não as invejo porque não preciso de ter medo de quem nos é destinado.

Nesta história tu podes vestir o que quiseres. Nesta história nunca cresces portanto podes dizer disparates que toda a gente se vai rir e te vai dar um abraço de boas vindas. Nesta história tu podes amar tudo o que quiseres. Podes ser quem quiseres e podes ver o que mais ninguém vê. Portanto esta historia é tua.

Eu vivi-a para ti.


Não te esqueças de rebentar os balões na festa e de desmaiares de felicidade.


Um Feliz Aniversário da tua sempre e muito honesta amiga,



julho 08, 2011

ingénua que sou

Há assim tanto problema em querer ser-se o que nos nossos sonhos temos de melhor? E em desejar o melhor do mundo como se não houvesse amanhã? :$

junho 28, 2011

sonetos lilazes

Quando o pronúncio do verão chega, atinge-me uma saudade inóspita e uma tristeza atabalhoada no coração. Em pequena nunca me inspirei e confiei em diários para relatar a minha vida, que ora contém graça, ora perde-la em dias dissimulados pela chuva.
Mas algo em mim teima mudar, caminhando para juzante em direcção ao meu coração. Um pontada afiada de uma faca sentimental que me empurra para as águas bravas dos livros inquietantes e das actividades fora de moda. Fui levada pelo vento no dia em que comprei um regador azul, fazendo questão de regar uma única planta cá em casa com os devidos objectos. As canecas não me pareceram suficientes.
Este trouxe-me de volta até que me fundi nas águas profundas e rolei com as ondas espumadas e salgadas da ternura. Foi-me colocada nas mãos uma sebenta com provavelmente vinte anos e uma brisa arrepiante trouxe-me a teima das leituras no jardim ao pé de casa quando o sol fustiga a relva e dá mote e fundo ao canto dos pássaros que jazem nas árvores em plena alegria.
Agora não quero deixar o mar. Quero voar com o vento. Já cheguei a considerar tais eventos mero resultado do ridículo mas ainda acredito em lugares perfeitos e momentos carregados de Amor. Um amor que se perde pela terra húmida debaixo das árvores do pomar. Aquele amor que todos temos receio de encontrar, porque é esse que se revela em mágoa. Uma dor lacinante no peito que nos rasga os órgãos e parte os ossos de júbilo.
Na minha cabeça mil e uma histórias são trauteadas como se tivesse nove anos outra vez. Agora quando provo o vinho quente e doce que me incendeia a boca sou transportada para esse lugar remoto de novo, em que era a minha infância. Quando por magia, os sons dos blues ou do jazz me percorrem as veias do corpo e me enchem de nostalgia. São sonetos com cor esses momentos. Este verão decidi compor sonetos. Sonetos antigos, verossímeis e que cheiram a almíscar e a lilazes.
Vou colocá-los junto ao frasco de água de colónia de lavanda francesa e da caneta de tinta permanente. Quando o carteiro passar possa ser que os veja e os envie a quem já viveu este tipo de amor. O amor que encontramos no coração de alguém que ora amámos e perdemos ora, nos apaixonámos e amamos para o resto dos dias gloriosos da nossa vida.




Os sonetos são da cor do lilás.


















Rachel Portman-Grey gardens (suite)

junho 19, 2011

how to build a home



Um clarão azul trespassou pela janela e relembrou-me que a vida é dura demais para perdemos o amor da carne e da alma. Por todos os rasgões que a pele sofreu o corpo parou e o coração estagnou no tempo. Eu queria fugir e correr incessantemente até atingir a sofridão máxima de uma vida repleta de desilusões. As paredes estalavam ao som dos canhões e labaredas de fogo que engoliam as casas e os sorrisos traquinas que ainda voavam nos escombros das cinzas. Pessoas gritavam e gemiam de um medo tenebroso que as consumia a toda a hora. Sentiam-se invadidas de um sentimento leproso e pouco risonho. A alegria tinha emigrado para um sul bem distante. Bem longínquo da terra calorosa com casas junto ao mar. Eu vivia numa dessas casas. Uma casa que tinha sido construída sem saberem bem como a construir. Fora elaborada através de braços fracos, mentes fechadas e famílias separadas. Nessa casa, reinava a escuridão e as paredes tingidas de tristeza gozavam de vida causta e estéril. Ninguém falava. Os corpos petrificados retiam as lágrimas que gelavam com o frio de inverno.



Quando a luz do sol trespassou umas das janelas da sala principal, um sentimento novo tornou-os iguais e algumas flores brotaram do lado de fora da casa. As paredes despiram o castanho e do chão foram varridas todas as dores.
Um aceno leve trouxe-lhes de novo a esperança e um som calmo do piano deu à luz a harmonia. Duas mãos ligadas, dois sorrisos mostrados, dois abraços partilhados e uma vida nova que nasceu.

Foi assim que essa casa se contruiu. É assim que se constrói um lar.





maio 06, 2011

lirios

É um sinal de esperança

abril 29, 2011

névoa de ti



Nós nascemos e fomos criados debaixo da neblina de Verão. Fizémos promessas de que encontraríamos alguém melhor que o outro para não magoarmos os nossos corações. E agora sentimos tanto a falta da proximidade que nos unia. No amor e na amizade. O que nos unia era muito maior que os outros. Era selvagem e forte.



Habituámo-nos à presença um do outro e agora as estradas estão todas vazias porque lhes tiraste a sombra dos nossos vultos e as pegadas dos nossos sapatos. Tiraste tudo. Sem olhares para trás e sem atrapalhares o passo partiste rapidamente e todos os músculos do meu corpo ficaram petrificados. Por tua causa deixei de amar muitas coisas, deixei de ser gente e de viver como me fizeste em todos os dias que estivémos juntos. Em todos os passeios que demos, em todos os beijos que trocámos debaixo das árvores em todos os dias de tempestade que me agarravas carinhosamente nos braços e me embrulhavas dentro de ti. Lias-me cartas e poemas de estranhos e eu imaginava que eras tu que os escrevias. Entravas dentro de mim e eu imaginava seres uma criatura angelical que me amava a carne e o espírito. Ainda definho por ti. Ainda sofro pela tua partida. Mas tenho que te deixar partir, senão irei tornar-me numa estranha ainda maior e irei deixar de acreditar no potencial de todos os dias. De serem belos e de conterem a magia que tu me ensinaste a fazer. Mesmo sem uma varinha mágica no bolso.






abril 27, 2011

kaleidoscope heart



All the colors of the rainbow Hidden' neath my skin. Hearts have colors don't we all know? Red runs through our veins. Feel the fire burning up Inspire me with blood of blue and green. I have hope Inside is not a heart but a kaleidoscope.

abril 21, 2011

pêssegos e pérolas


Deus é o nome que as pessoas dão à razão de estarmos aqui, disse um famoso físico e cosmólogo.
Enquanto os rios correm e a terre treme milhões de vida são perdidas nas catástrofes dos dias 11. Uns rezam e outros pedem a Deus o imprevisível e quando chega a "passagem" todos se esqueçem que todos esses pedidos foram atendidos sem hesitações. Não chega mostrar um sorriso gelado e fingido. Não chega aproximarem-se os corpos e deixarem as almas em casa a descansar.
Quando Jesus voltou deixou claro que o seu destino não era deixar o homem apeado à berma da estrada. E o que todos fazemos é chorar e derramar tinta pelo chão enquanto o inevitável acontece.
Quando eu era pequenina não sabia o que era a Páscoa. Não sabia porque pintavam ovos e porque os padrinhos ofereciam amêndoas aos afilhados. Gostava e não dizia nada.
Hoje gosto ainda mais. Não gosto das amêndoas feitas de embrulho de papel e etiqueta cara. Não gosto e parte-me o coração ver crianças abandonadas ao fundo do quarto com uma multidão de brinquedos calados sem significado.
Enquanto as asas deles estão enferrujadas, o amor vai chegando em cartas a algumas casas. Faz-nos mudar de opinião e nem precisarei de dizer quem. Basta montar uma mesa com uma toalha comprida e decorá-la com amor. Amor em forma de gente e em formas de amêndoas doces. Amêndoas em forma de folar, de abraços e muito carinho espalhado pelas paredes da sala.
Um pouco de humildade e assim Deus já se torna a razão de estarmos vivos.
É só preciso reunir forças e levantarmo-nos.


Let him go Bluebird. Ready to fly here WE go :)



Uma Boa e Santa Páscoa para todos*

abril 13, 2011

pintassilgos


Passando por altos e baixos ou não a vida traz-nos sempre aquelas surpresas que nos deixam de queixo no fundo.

É a bela e maravilhosa vida humana

abril 08, 2011

flores em casa


Existem pessoas que sonham com soberbas vidas e sonhos pouco lúcidos. Outras vagueiam no tempo, quebrando paredes e solos inférteis da terra onde vivem. Enquanto a música toca, ouvidos cutículas de sentimentos a voar pelo ar e tomamos consciência de que a vida são mais que três dedos de pura consciência, de terapias mensais para quebrar o gelo das relações, terras inóspitas de pessoas perdidas. É mais que tudo isso. São grandes momentos que se tornam pequeninos à medida que somos esbofeteados pelo caminhar dos ponteiros do relógio e nos tornamos gente com real sentido. As nossas terras, as nossas vilas não são feitas de pessoas perdidas. Existe a senhora da mercearia que faz fiado aos clientes porque para ela são família. Do outro lado da rua moro eu, que nos verões tórridos da cidade me cubro com uma capa branco de renda antiga e carrego uma mochila castanha clara que transportas as tralhas de uma vida com sentido. Um caderno sujo com histórias carregadas de tinta permanente, um porta moedas de cabedal velho já gasto pelo uso, uma carteira com uma identidade desconhecida e tantas outros pertences que se juntam numa vida. Mais à frente encontro a florista que faz arranjos maravilhosos saídos de um campo com flores deslumbrantes. O senhor augusto que vende as melhores bolas de Berlim do mundo. A senhora do supermercado que tem sempre um sorriso rasgado sem desconfiar.

Sem demoras vêm de visita os restantes moradores da vila que aos domingos se enche de crianças a correr pelo parque antes de um almoço em família.

Existem vidas que têm sentido. Que partiram de um barriga desejada de uma mãe fora do comum. E quando for mãe vou colocar frascos de vidro para as especiarias na minha cozinha, vou pintar os armários com arame de galinha de branco e vou regar as plantas na janela.

Existem vidas que têm sentido e outras que simplesmente perdem o rumo porque a vida não teve tempo de lhes oferecer outra oportunidade.