dezembro 31, 2014

Lembrei-me da tarde calma, fim de tarde até. O quarto da casa da Ericeira inundado da luz do sol ao fundo onde eu me vestia depois do banho.
Não me lembro de ter pressa. Sei que escovei o cabelo longo, pousei as toalhas na cama e deixei-me sentada, e ignorante à velocidade da cidade que deixara. Eu só queria aquilo. O vazio. O silêncio. O barulho de um nada, muito apetecível para mim.
Apetece-me essa calma que às vezes esqueço. Apetece-me a viagem ao centro de mim.



dezembro 21, 2014

A Marta convidou-me para beber uma cerveja no Chiado. Não gosto de cevada. Sou pelo vinho do Porto. Cortei o cabelo e fiz uma permanente. Finalmente pareço-me com a jovem Marta de quem ela tanto falava nas peças de teatro. Eu era a que espreitava nos balneários, e deixava recados de amor com a empregada da limpeza.
Perguntava se sim ou não, e não tinha medo das respostas. Vivia ao saber delas.
A Marta escreveu um lindo texto para a Prima no Facebook. Eu chorei com a metáfora do cão. Também a G me conta todas as histórias da sua depressão e percebo que tudo é verdade. Todo o sofrimento é verdade. Todas as conquistas são mentira.
Negamos. O reverso é apetecível, e a ilusão deixa-nos apaixonados.



dezembro 11, 2014

Entretanto ele encontra-a mergulhada em música no apartamento. Continua encostado à porta da entrada troçando dela com um sorriso. Como não dá para perceber?
Ela não sabe que ele a deseja, ou talvez finge-se distraída. Continua alheada em Satie, e enquanto a Gnossienne se desfaz ele arranca-a das roupas invernais para depois fazerem amor. 





dezembro 10, 2014

Há o amor do tipo que ele a surpreende pela janela do carro em frente ao Banco onde trabalha, à hora do almoço. Ele olha-a e a mensagem de brincadeira que se repete nos seus lábios é um indício de que as coisas andarão bem.
Há um gesto de confiança enquanto ele distingue a janela de onde a vigia com amor durante a tarde. Ela estuda na rua diagonal. Ele ama-a durante a hora de expediente.
O amor dos beijos antes que esta entre no carro. O amor semelhante à paixão, mas que dura um bocadinho mais.


dezembro 07, 2014

dezembro 06, 2014

Cerejas

Quando almoçava lado a lado com a Graça no Espaço Edla, com os poemas a decorar o tampo da mesa de vidro não imaginava que a Isabel seria tão gentil. Tive ideias de visitar Cascais depois de regressar do frio de Sintra, e de hoje de manhã ouvir o automóvel do Riviera cantando Boas Festas pela minha vila.



dezembro 04, 2014