agosto 31, 2012

39.

Crescer muitas vezes é um inequívoco. É uma palmada cheia com mão forte e quando damos por nós já vestimos calças de ganga e usamos sutien de mulher. E dentro desse crescimento, faz parte perceber que não somos feitos de fibra forte a todo o momento e somos frágeis, partimos facilmente e não precisamos de mais palmadas para nos endireitarmos em frente ao espelho. Essa é a dura realidade do crescimento, o percebermos que somos mais importantes que muitas palavras e muitas acções e que muitas pessoas que achámos que nos amaram, depois de termos sido alvejados no coração.
Para quem vive como eu, essa é uma lição difícil, porque quando se dá com toda a real entrega, o receber de volta é um acto de olhos fechados.


agosto 28, 2012

38.

eu cheguei a pensar que nunca me curaria de nada. mas a cura está nessa entrega invisível, nessa queda lenta no abismo e na subida que não chegamos a ver. Quando damos por nós, voltamos à superfície e já somos mais capazes. Já somos mais fortes. Mais vivos.

ligar/desligar

Às vezes temos idades onde não somos nada. Julgamo-nos tão grandes e julgam-nos tão gigantes que chegamos a ser vazio. Queremos ser muitas nações, queremos pisar muitos chões e depois ficamos sem ar para respirar.
No amor é assim às vezes, nem chegamos a acordar desse sonho que nos roubou a consciência. Viajamos por tantos sítios de mãos dadas, perdemo-nos em tantos desertos com o coração cheio e queremos ser tão únicos e quando nos roubam essa maravilhosa realidade, dói muito viver de uma memória. Sabemos que o tivémos, temos a certeza de que pelo menos esse passado existiu mas ficamos fracos de saber que amanhã já não vamos ser os mesmos. Já não nos vamos ter da mesma forma. E enquanto isso acontece, vamos ficando com mais idade. Quando julgamos que encontramos a fronteira do amor, só queremos que esse amor perdure. Queremos ficar encostados ao peito e ouvir a respiração. Não pedimos sexo, não pedimos física nem química. Pedimos amor e alguém para ver televisão ao nosso lado durante a noite. Alguém para ouvirmos a respiração quando acordamos a meio da madrugada. Alguém para olhar quando não temos sono. Alguém que nos ajude a respirar a sentirmo-nos grandes num corpo pequeno. Só pedimos isso, um pouco de amor.
Queremos sempre mais. O nosso mal é esse é querermos sempre mais. Mas eu já tinha muito. Contigo já havia muito e dou por mim agora a tentar entender como fui ficar sem nada.
Enquanto penso nisso lembro-me que te quero dizer que não te odeio mas que ando triste por não te ter. Ando com a televisão desligada e sem companhía para segurar o comando.
Penso na tarefa difícil que é agora esquecer-te porque atrás no tempo foi muito fácil gostar de ti. É muito fácil gostar de ti. É fácil apaixonarmo-nos por ti. É fácil amar-te. É fácil cair por ti e ficar caídinho por ti. É tão fácil. É muito fácil até. E por isso é que é impossível esquecer o teu sorriso. Esquecer os teus olhos. A tua boca e a tua voz.
Isto é terrível e tarefa para gigantes e eu nunca fui gigante nem quis ser gigante.
Tenho mais idades que tu, mas pareço uma criança ao teu lado. Porque o amor é assim. Faz-nos pequenos a sentirmo-nos tão grandes.

E agora pergunto-te "não queres ver televisão comigo esta noite?"

agosto 25, 2012

37.




- vamos ser nós outra vez?~

agosto 20, 2012

36.

Tive um sonho. Uma visão. Esperava-te nas escadas e eu era uma nova. Devolveste-me um sorriso e fomos de regresso ao nosso canto onde tudo era recanto e conforto. Fomos um de novo e não quero perder isso. Ainda não estou preparada para acordar do sonho, nem acho que vá alguma vez acordar.

agosto 10, 2012

35.

- O mar que nos leva, é o mesmo mar que nos traz.~

agosto 05, 2012

explosions in the sky



Quando me queres, quando me dizes que me queres não sei o que te dizer senão deslizar o meu corpo no teu e acenar com a cabeça. Queremos-nos há muito tempo. Temo-nos há pouco mas em cada encontro eu vejo-te novo na distância. Nós somos diferentes dos outros porque dizemos coisas diferentes dos outros e amamos-nos com outras almas, outras palavras e outros gestos.
Quando sonho contigo sei que vou acordar e poder ter-te do outro lado da rua. Sei que posso dizer que és meu, que és a única pessoa no mundo que me sabe fazer feliz e voar até às estrelas. As nossas estrelas são de outro céu e têm mais luz que as dos outros. E é por isso que te amo. Porque desde o dia que te conheci que me iluminas e me fazes ser melhor e querer ser melhor. Porque cresço e vivo dentro desse teu sorriso enorme e desse castanho infinito que me percorre a vista e o corpo de cada vez que te digo olá e despejas a imensidão da tua felicidade na minha e nos beijamos com emoção. Somos muito nós quando não está ninguém e gozamos desse privilégio na presença dos outros porque gostamos de andar de mãos dadas e de dar beijinhos no pescoço em plena  rua. Não temos medo do mundo e varremos todas as falésias à procura do pôr-do-sol mais bonito que Portugal tem. Esses somos nós, viajantes e amantes. E eu não queria outra realidade senão esta.

Eu amo-te e "que todos os passeios o gritem".

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