março 31, 2010

eu imagino


Ás vezes imagino-te estendido ao fundo do corredor, como uma estátua grega antiga, com os olhos amparados na janela à espera que eu chegasse. Imagino-te quieto, calado, sem palavras que te preencham a boca. Eu avanço e perco a noção das horas. Há muito tempo que quero que as paredes caiam e tudo se transforme num lugar bem melhor. Algo melhor. Tal e qual á nossa medida. Á medida dos nossos sonhos.

Queria-te junto à entrada à minha espera, queria que me contasses tudo, sem escapar todas as emoções que deviam ser nossas. Sinto arrepios no corpo, como quando ouvimos mil e uma vozes em unísseno dentro de uma Igreja em silêncio. Com os nossos corações em silêncio, apenas os gestos.

Queria-te presente, vivo, como se nos conhecêssemos há anos, como o rasgar da luz do Sol pelas arestas do corredor.

Queria-te e espero-te ainda num destes dias que poderá vir. Não me quebres a esperança. Alimenta-me apenas esta hipótese e serei filha da nossa verdade para sempre. Não te custa nada, já reparaste? Apenas moves os olhos na minha direcção e percebes que tudo o resto fugiu com o vento. Sabe bem saber que um dia vou conhecer o teu abraço. Como o calafrio que vem com a tempestade de chuva que se aproxima, à qual nós escaparemos para dentro de um sítio quente, onde me contarás mil e uma histórias dos tempos antigos, dos teus preferidos e do futuro que nunca virá.



Eu imagino-te e espero que me encontres e me digas que afinal nos encontramos num sítio fresco onde os nossos lábios se movem ao sabor da brisa que amolece as pétalas das flores que dançam ao som do piar dos pássaros.



Eu ainda imagino.

março 29, 2010

Sonnet XVII


I do not love as if you were salt-rose, or topaz,
or the arrow of carnations the fire shoots off.
I love you as certain dark things are to be loved,
in secret, between the shadow and the soul.


I love you as the plant that never blooms
but carries in itself the light of hidden flowers;
thanks to your love a certain solid fragrance,
risen from the earth, lives darkly in my body.


I love you without knowing how, or when, or from where.
I love you straightfowardly, without complexities or pride;
so I love you because I know no other way


than this: where I does not exist, nor you,
so close that your hand on my chest is my hand,
so close that your eyes close as I fall asleep.




Pablo Neruda

março 28, 2010

diz-me que não é tudo


O mundo abastado como é parece ter saido de uma raíz de cacto, algures no deserto de um planeta longínquo. Pelo menos é assim que o gosto de chamar. Não gosto de admirar as coisas porque tem de ser; aliás, existem momentos em que gosto de fazê-lo porque gosto de contradizer o resto dos indivíduos. Gosto. Mas a verdadeira razão vem de dentro. Sim, essa vem por causa do Amor. É muito dificil de explicar como se fosse uma coisa natural de se ver e ouvir, e sussurrar em momentos de segredos envolvidos numa panóplia de emoções ardentes que destroem a fragilidade do mundo.

Essa paixão que comove os pequenos, e as coisas pequenas que se comovem com o mundo já deixou o rasto há muito tempo atrás. É assim que definimos as estratégias para avançar no futuro. Esqueçer tudo o que ficou para trás; e eu não sei bem como fico no meio deste enredo em que me puxam os cabelos e me arranham a face e me gritam a todo o instante que tenho de fazer algo por toda a gente. Hei-de fazê-lo com o tempo. Mas já não estamos na era de surpreender como se fazia antigamente. Como faziam os gregos, os romanos e os portugueses, no tempo de serem gente gloriosa. Mais tarde vieram mais heróis que se perderam nos livros. Já não estamos no tempo de surpreender para chocar o país. Não da mesma forma como o faziam os demais aventureiros, que tinham sonhos durante a noite e preconizavam feitiçarias na imaginação do povo.

Sim. É triste. Sim. É dificil imaginar-me e dói cá dentro. Dói de pensar que fugir era importante, e que quebrar o padrão original fazia gosto aos arrependidos. A chama arde quase sem fôlego e nós continuamos parados, à espera que o Sol desça e se incorpore no cérebro, e diga que é preciso acreditar em Deus, e em futuro.

Imagino-me realizada, naqueles sonhos de pequena, mas nessa altura imaginava um mundo a verde, onde as casas caidas de sujo velho e que cheiravam a alegria, borrifavam as ruas de simplicidade e valores tradicionais. Não sei mais o que fazer. Às vezes dá-me um aperto no coração de pensar que é difícil fazer o que gostaria de fazer, ao ritmo que eu quiser, com quem eu quiser e no espaço que eu quiser. O mundo não me deixa. Não me traz o que é preciso para viver como eu gostava. Eu gosto de tantas coisas ao mesmo tempo que chego a rasgar o chão e o tecto de esperança infantil.

Talvez mais tarde, quando tudo desparecer. Quando o tempo das histórias desaparecer e quando os monstros e as fantasias deixarem de existir, eu estarei à espera de um passo à frente. Quando não houver tinta e papel. Quando as bailarinas perderem o fôlego e os teatros fecharem para férias, eu estarei livre, Porque aí saberei que estou morta e estarei realizada ao lado de quem me ama. Deus.

março 27, 2010

Não És tu


Era assim, tinha esse olhar,

A mesma graça, o mesmo ar,

Corava da mesma cor,

Aquela visão que eu vi

quando eu sonhava de amor,

Quando em sonhos me perdi.


Toda ssim; o porte altivo,

O semblante pensativo,

E uma suave tristeza

Que por toda ela descia

Como um véu que lhe envolvia,

Que lhe adoçava a beleza.


Era assim; o seu falar,

Ingénuo e quase vulgar,

Tinha o poder da razão

Que penetra, não seduz;

Não era fogo, era luz

que mandava ao coração.


Nos olhos tinha esse lume,

No seio o mesmo perfume,

Um cheiro a rosas celestes,

Rosas brancas, puras, finas,

Viçosas como boninas,

Singelas sem ser agrestes.


Mas não és tu...ai!, não és:

Toda a ilusão se desfez.

Não és aquela que eu vi,

Não és a mesma visão,

Que essa tinha coração,

Tinha, que eu bem lho senti.


Almeida Garrett, in 'Folhas caídas'.




março 23, 2010

Tive um sonho


Tive um sonho. Um sonho moribundo de que andava na floresta.

março 19, 2010

dia do Pai

Pequenos sacrificios e teimosias em pedir beijinhos diários chegam para seres o melhor Pai do Mundo.
Obrigada por seres tudo.

março 17, 2010

raiva e amor


Há dias em que espetar uma faca no abdómen já fazia falta ao mesmo tempo que queremos comer estrelitas até ficar com o estômago do tamanho de uma praça de Touros. Este foi um deles.

março 14, 2010

as minhas sinceras desculpas


Desculpem-me mas não dá para resistir

março 13, 2010

changes


É incrível como as coisas podem mudar tão rapidamente.

março 11, 2010

18

Acho que fazer 18 anos não é nada de especial. É igual. Alguns dizem que é a idade da emancipação. Eu não o sinto. Já me perguntaram se tenho namorado.Já me disseram que estava a ficar crescida. Mas eu não o sinto. Queria ter 8 ou 10, mas fiz 18 e parece que a opinião geral é que é uma idade de verdadeira responsabilidade. Parece que não me vou consciencializar disso nos próximos tempos. Só quero estar.
Mas obrigada à best (melhor amiga do mundo), ao João (melhor amigo do mundo), à Joana Silva, à Ana Rita Santos, à Rita Matos, à Sara Moreira, à Marta Lobo, à Sara Seabra, à Mãe, ao Pai, ao Mano, à Mana, ao sobrinho e ao cunhado. À gémea. Obrigada a todos.


Foram os 18 mais saborosos destes últimos anos.
Obrigada pelo maravilhoso Sol que se pôs por cima da minha cabeça. Obrigada às senhoras da cantina por fazerem frango com batatas fritas. Obrigada ao autocarro que se atrasou, tal como eu, para que eu pudesse entrar nele a horas. Obrigada à senhora que fez o bolo (infelizmente, não é o bolo da best -.-), e obrigada à Alzira pela caixinha de bombons.

Obrigada por me fazerem feliz. Acho que amanhã já vou escrever o capítulo dois. Alguns percebem. O livro vai ser grande.

E obrigada a TI, Deus, que me deste vida e não me deixas desistir dela por mais aniversários que passem.


Obrigada.

março 10, 2010

sinceramente, chantilly é muito melhor que brigadeiro

Quando fazemos 18 anos nunca pensamos nos bolos, nas ementas nem nas cadeiras dos restaurantes. Ficamos obcecados com os presentes e o poder de votar, ah e sim the freedom!
Mas digam-me sinceramente, que não gostavam de receber o melhor bolo de chocolate do mundo? Sinceramente entre cobertura de chantilly e bolo de brigadeiro, qual preferem?



Quando se faz dezoito anos é definitivamente um bolo de chocolate com cobertura de chantilly que nos faz sentir muito mais FREE.


Acordem para a vida." Não é apenas um bolo. É o bolo."(best)

março 08, 2010

escolhas


Acho que ter 18 anos vai ser assustador.

A única coisa que me agrada neste momento é poder votar e tentar mudar a m**** de país que temos.



É a vida.

março 05, 2010

março 04, 2010

discussões


estou farta de tudo estar a chegar a um fim.

março 01, 2010

manias


Acho que agora estou numa de comprar roupa da secção de mulher da Zara, olhar durante dez minutos para a montra da Sacoor Brothers, ler um bom livro, escrever até fazer calos nos dedos, ir ao Starbucks Coffe e estender-me num dos divãs a beber café ou chá numa tarde fria de Inverno, convidar a ju para um café na esplanada, e de Gilmore Girls todas as noites ás 21:15 ( é por ai, agora não me lembro do horário).



Só porque me apetece (: