setembro 01, 2011

Jupitus, o feiticeiro


Esta sou eu despida de medos. Esta sou eu a brava. Esta sou eu aquela que atravessa o porto com a certeza que estará do outro lado pouca maré, pouca raiva, pouca solidão.
Hoje senti o cheiro do meu perfume na écharpe e sorri. Sorri porque tive a certeza que a minha pele tem cheiro. Já consigo detectar-me e existir neste mundo de loucos e sábios. Este mundo de perdidos onde alguns se encontram e outros tropeçam num abismo de cobalto e safira. É engraçado que o amor se destrói a si próprio até nós lhe darmos um pequeno abanão e iluminarmos o escuro do músculo.
Quando não dizemos nada é porque a presença chega. Não te disse nada porque fiquei comovida com a tua presença. A minha cabeça bloqueou no momento em que percebi que estavas mesmo ali e eras real e estavas junto de mim. Não és um vislumbre. És uma presença. Metade da minha presença embriagada. Já julguei não pertencer a ninguém nem a nenhum sítio mas agora sei que desafiei a gravidade do amor e que sou alguém. Agora sei que existe mesmo uma porta vermelha em Nova Iorque por onde entrei e me apaixonei pelos livros engraxados pelos olhos sedentos das crianças. Não sou nenhuma criança mas sou-o. Sou uma criança que já não espera. O tempo de espera acabou. Vamos ser honestos. Não tenho que te prometer nada. Não tenho de te provar nada. Tenho apenas que me provar a mim mesma e admitir que existi. Que nasci de costas para o sol mas que agora tenho-o na palma da minha mão.

Sem comentários:

Enviar um comentário