Quando olhas na noite e não vês as estrelas eu sei que não fazes por mal. Eu não vejo estrelas. Vejo vultos que dançam, músicas francesas e o som de um bandolim. Não faz mal. Não te culpes.
Nessa parte de terra onde estás o sol também nasce para ti. Sei que acreditando ou não, sabes que foste abençoado pelo cardume imenso de situações imprevisíveis que a vida te traz. Em forma de balões no ar, em forma de homens e mulheres que te querem bem e em forma de esperança.
Vou-te contar uma história. Não te prometo que seja verdadeira, mas ela vai-te trazer à memória vários cheiros e vais sorrir com vontade de beijar alguma coisa no escuro.
Vou-te contar uma história. Não te prometo que seja verdadeira, mas ela vai-te trazer à memória vários cheiros e vais sorrir com vontade de beijar alguma coisa no escuro.
Algures noutra existência eu passeei desenfreadamente por Nova Iorque e encontrei uma porta vermelha numa pequena ruela que recebia o calor do sol em Domingos de Agosto e em sextas-feiras de Maios.
Olhei para a porta durante alguns segundos e cedi à tentação de entrar e descobrir de onde vinha o cheiro maldito que quase me matava.
Passei com os dedos pela maçaneta e um velho homem quase escondido no meio dos livros, respirava as palavras doentes e ansiosas e olhou para mim.
Passei com os dedos pela maçaneta e um velho homem quase escondido no meio dos livros, respirava as palavras doentes e ansiosas e olhou para mim.
Era um cenário idílico aquele. Parecia vidro lilás com flores apaixonadas a boiar lá dentro. Durante várias tardes o rádio tocava incessantemente as músicas dos anos 40. Aquele jazz perturbador e as melodias francesas que rasgavam o ar com a velhice e o esquecimento.
Estendi-me no chão várias vezes e encostei-me às almofadas dos livros. As estantes não tinham fim e a luz. A luz que em nada se assemelhava àquela luz pastosa e artificial dos centros comerciais. A luz acolhedora de um lar italiano ou do sul de França.
Quando esses dias acabaram, trouxe comigo uma caixa com livros antigos e o rasto do cheiro dos crisântemos que eram colocados todas as manhãs junto à estante principal. Durante as noites eu apontava para as estrelas e a ursa maior era o único anjo que me conhecia e cumprimentava lá de cima.
Não sei como acaba a história. É muito cedo. Muito cedo para me aperceber do fim.
Prefiro esquecer. Sei que nessa terra onde vives o mundo não é perfeito mas é o único que tens. É a vida que foi feita para ti. Pode não te saber a marcas profundas de felicidade mas é nela que o teu olhar repousa.
Não sei como acaba a história. É muito cedo. Muito cedo para me aperceber do fim.
Prefiro esquecer. Sei que nessa terra onde vives o mundo não é perfeito mas é o único que tens. É a vida que foi feita para ti. Pode não te saber a marcas profundas de felicidade mas é nela que o teu olhar repousa.
Se vires esta mensagem não te vires. O mar que está à tua frente está aí para o observares,
Fecha os olhos. Mergulha os dedos na areia e lembra-te da vontade própria.
Não te cheira a crisântemos e a ursas maiores?
Não te cheira a crisântemos e a ursas maiores?
Sem comentários:
Enviar um comentário