julho 16, 2013

a Isabel vê-me de longe

Querida Isabel,

Vês-me de longe. Sempre ouvi dizer que Viseu era o Rossio de Lisboa, e tenho provas no teu sorriso que tens a junção dos nossos melhores semblantes.
Hoje programei uma camisa rosada e uma ganga simples para vestir quando acordei. Provavelmente não programarás nada. O céu hoje não tem as cores que devia, talvez tenhas emagrecido um pouco e encolhido um pouco. É natural. Há uns meses, quando esperava visitá-la com um sorriso irritante dos meus, perdi-a para sempre,  e depois já não soube sorrir.
Talvez não quis acreditar nessa ideia. Na ausência do bocado. É triste. Mingo sempre por essas ideias tão humanas e fracas de doermos com a ausência dos outros, mas é tão próprio de nós.
Só conheço uma pessoa no mundo que não o faz, está bem perto de nós.
Mas hoje Isabel, mesmo que não programes uma camisa e umas calças, mesmo que escolhas a cama, a almofada, uma janela entreaberta e poucos feixes de luz no quarto, lembra-te que também estou no escuro por ti.
O céu está escuro para ti, mas todos já vimos ou iremos ver a noite.

Com todo o meu carinho de longe,

Mariana.

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