janeiro 29, 2011

I'm into...


Não sei se muita gente ouve Beethoven ou aprecia qualquer tipo de música clássica. Compreendo. Mas ás vezes se fecharmos bem os olhos, nem que seja no meio da rua, sem medos e sem vergonhas, ou no meio de centro comercial e escutarmos com atenção lá está ele. Um zumbido pequenino que se transforma em magia e nos entra pela audição em forma de violinos e flautas transversais. Eu acho bonito. Aliás admiro muitas coisas. Já gostei mais de coisas estúpidas e imbecis, e ainda continuo a gostar um pouco. Persisto em conservar a parte de mim que sei que toda a gente vai reconhecer daqui a muitos anos. É isso que nos define. O nosso sorriso, o nosso choro, o nosso jeito de andar e até o modo como pousamos delicadamente ou não um copo em cima da mesa. A maneira como observamos os outros pelo canto dos nossos olhos e até mesmo a cor deles. Azul, verde e os castanhos. Os castanhos que eu tanto adoro e não tenho. Sou filha de Carneiro mas sou peixe. Sou peixe que nada em águas azuis mas que às vezes tem medo de enfrentar os tubarões.

Já fui menos capaz de enfrentar os males do mundo. Hoje aceito-os ,repelo-os de todas as maneiras mas de vez em quando até os ignoro. Continuo a preferir o outro lado do mundo. O lado que atravessa a parede transparente e se desfaz em coisas bonitas.

Gostava de perceber porque raio não consigo dar o salto de lá que muitas vezes precisava, gostava tanto de saber. Eu gostava de fazer e ter muitas coisas. Não gostava de ter muito dinheiro, não porque não precisasse mas porque sei que iria ser mais sozinha com ele e a minha vida seria mais vazia de compaixão e amor. E eu sempre precisei e sempre vou precisar do amor para sobreviver a este caos da minha vida.

Eu gostava de conseguir andar de saltos altos pelo menos durante uma noite. Gostava de dançar com um vestido preto bonito e gostava que me levassem a jantar num sítio calmo e agradável. Gostava de ver os golfinhos de perto e poder tocar-lhes. Gostava de ver os esquilos em Londres e de provar o vinho do Sul de França.

Gostava de gostar menos dos outros e infligir menos dor a mim própria. Gostava que muitas crianças do mundo pudessem adormecer descansadas numa cama decente. Gostava de poder dar uma cama a todos os meninos e meninas que precisassem até que o IKEA ficasse sem stock de camas e lençóis.


Se ganhasse o euro milhões não contava a ninguém. Fazia tudo às escondidas surrateiramente e fazia pequenos milgares para aqueles que mais amo. Gastava o dinheiro em realizar os sonhos da minha família, da minha melhor amiga, do meu cão e aí depois partia para aquelas que saberiam tomar bem conta dele. The children.



Gostava de fazer essas coisas todas, porque sem desejos não conseguimos viver. Sem isso e sem objectivos morreríamos de tédio num instante .


Gostava de receber a melhor surpresa da minha vida no meu aniversário. Não precisava se prendas nenhumas, e que Deus o diga, que gostava tanto de puder dar um beijo a cada uma das pessoas que me fazem falta nesse dia. Seria o melhor aniversário que eu poderia ter.



Eu gostava.

2 comentários:

  1. : ) Obrigada!
    Não tenho tido tempo nem vontade de escrever, mas um dia destes escrevo qualquer coisa.

    *

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