Quando desisti das aulas de ballet, nunca pensei que fosse ser uma perda tão sentida como o foi anos mais tarde. Apercebi-me que a tradição e o invulgar fazem muito mais sentido do que pensamos têm letra grande e fazem parte da tinta velha já partida e encrustada das paredes do estúdio de dança.
Não choro por isso, não me arrependo, apenas lamento o que perdi. Vejo as fotografias e agora sorrio para o mundo como outra pessoa. Afinal já não sou criança nenhuma. Sou uma mulher, que ainda se apaixona por tudo e que dá tanto do seu coração como pode dar. Sou uma mulher de hábitos, e que ama cada ínfimo pormenor do que é quente na alma. Sou uma mulher crescida que pensa como uma criança. Que gosta de cozinhar pelo prazer que isso dá. Que repara na textura e nas cores da fruta e que sonha com uma dispensa com uma porta vermelha. Não tenho vergonha disso. Não tenho vergonha do nervoso miudinho que me aparece no estômago quando falo com alguém especial . Não tenho vergonha de escrever cartas e de admirar o batom vermelho. Não sou complexada, aprecio o sol de todas as manhãs e o cheiro a panquecas quentes pela manhã. Aprecio uma mesa cheia de comida e pessoas belas para conversar e rir.
A vida faz-se disso. De belos e curtos momentos. Eternos.
Brandy Montana-A Thousand Faces
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