setembro 09, 2010
a história dos pinhões
se pensares bem, tudo à nossa volta nestes dias perdeu a essência que tinha antes. já não vês diferentes modos de agir simples. sim, antes podias reclamar pela tua liberdade , terias que pagar um praço muito mais alto mas a terra era mais bonita, as pessoas eram mais bonitas, mais simples. Isso era o que as tornava genuínas, o facto de não se preocuparem com coisas desnecessárias. as mulheres eram diferentes e os homens também.
Hoje toda a gente quer ser diferente e acabam por ser todos iguais. esqueçem-se que a diferença entre si é sua especificidade singular. eles perderam isso algures nos anos que têm vindo a passar.
Não me interpretes mal quando te digo que já não acredito na magia que acreditava antes. ainga vejo alguma mas pouca, já me canso de olhar os estranhos na rua e não me reconhecer em nenhum deles. perderam a cor por dentro. e o que é isso da cor? sim, todos nós trazemos cores dentro de nós, umas mais alegres que outras. outras mais brilhantes que outras. cores que nos definem, e neste momento só vejo cinzento e preto. não distinguo nenhuma luz brilhante na multidão. queria vê-la. senti-la.tocá-la como se fosse só minha mas ela teima em não aparecer como o beijo tão ansiado que nunca nos toca nos lábios fragéis. nos lábios secos que se molham na felicidade dos lábios de um homem que existiu antigamente e que parece fugir apressado com medo do que as mulheres lhe possam fazer.é o medo.
o medo toma-lhes conta. já não existem casas simples que cheiram a pãu quente e têm pó nos móveis antigos que contam histórias. os pais já não contam histórias aos filhos e não lhes mostram o quão bonito e maldoso o mundo pode ser. não lhes mostram a monstruosidade necessária para criarem heróis que não chegam a ser heróis na verdade. esses nunca são reconhecidos, ficam apenas no coração das pessoas genuinamente verdadeiras.
tu és verdadeiro. ela é verdadeira. somos poucos.
é pouco o que se anda a fazer. faz sentido eu dizer que já não é suficiente uma história de amor que poderia realmente acontecer sem a força do planeado, apenas o destino e o improviso actuariam nesse cenário. por isso é que essa parte passou para os filmes. eles são a realidade genuina mais próxima de nós. não eles são uma mentira. mas uma mentira mágica que nos apetece guardar no coração para sempre.
chora sim,grita caramba. não tenhas medo de gritar. és pessoa. tens direito a gritar. a apaixonares-te e teres filhos maravilhosos que sabem distinguir o bom do mau.
eu preferia apanhar pinhões e era feliz. era mais feliz do que vejo agora. já não há felicidade nos pinhões. as crianças acham ridiculo. já não gostam de brincar à escondidas na natureza. no único sítio que nos faz bem. num sítio longe. com objectivos, sem preconceito, com a verdade escancarada nos nossos rostos e com a esperança que um desses tempos há-de voltar, apenas por um instante para te provar que a magia ainda existe.
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