Ontem a minha melhor amiga disse-me que no Barreiro e na Baixa da Banheira só vivem "mitras", ao contrário do Pinhal Novo e do Montijo. Ora hoje, depois de sair do Hospital Egaz Moniz (que parecia o mundo dos aleijados, cheio de gente com braços ao pescoço, abcessos na boca e pés partidos), e de tomar o pequeno almoço num café que tinha uma casa de banho mais pequena que a de um avião, dirigi-me ao Barreiro para visitar os tios do meu pai.
Quando estava a passar a ponte 25 de Abril apercebi-me que de lá de cima as coisas parecem significativamente muito mais pequenas, como uma vista aérea ou parecido. Como quando compramos aquelas bolas com neve e água lá dentro, em gesto de recordação de uma viagem a uma cidade memorável. Neste caso Lisboa não seria uma viagem, seria o meu lar.
Passado 4 horas de lá estar , apercebi-me que não pus a vista em cima a nenhum dos mitras falados pela Joana. Porque será? Talvez porque Alhos Vedros seja apenas habitado por gente com mais de 5o anos e esteja lá no fundo das terras conhecidas. Mas por tudo isso, gostei. Conheci a minha prima e gostei. Brinquei com a Pitucha e o gatinho dela, que tem uns olhos azuis de meter inveja e gostei. Não percebo porque não encontrei nenhum mitra. Nem a percorrer aqueles caminhos que ninguém conhece.
Talvez porque nao seja o meu lar, gostei e gostava de repetir a experiência. Porque enquanto falámos das peças do La Féria, do mundo do trabalho, do que eu gostava de ser quando fosse grande e enquanto visitei o apartamento novo da minha prima e pela primeira vez experimentei um café Nespresso, me apercebi que existem coisas simples que moram nos lugares pequenos da nossa existência. Mas que fazem sentido.E quando me perguntarem a única certeza que a gente tem, é a de que a família estará lá sempre. Seja no Montijo, no Pinhal Novo, na Baixa da Banheira ou no Barreiro, não será best?
Casa da Mariquinhas- Amália*
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