abril 08, 2010

mergulhada nos livros


Ando definitivamente mergulhada nos livros.

Parece que pareço recordar-me por breves instantes do minuto em que peguei no meu primeiro livro. Era estranho. A palavra mais correcta: desperdício. Quando somos pequenos não temos a noção da dimensão de um livro. Não o vemos. Não o sentimos. Apenas gostamos porque nos conta algo divertido. E por mais que os escritores tentem ensinar algo . não são sucedidos. Hoje eles não são sucedidos. Não te quero dar a entender que não defendo a ideia de que as crianças não devem ser incentivadas. Devem. Sempre tiveram que ser. Porque é assim que descobrimos o mundo. É dessa forma que aprendemos a falar, a descobrir segredos que antes não pensávamos existir. Comigo foi assim. Eu aprendi a ver para lá das palavras. A fazer muito mais do que ligações simples entre elas e formar frases declarativas. Eu conheci a expressão das palavras. Eu conheci as interrogações e as exclamações. Conheci os pontos e os travessões que contavam histórias de que nunca me queria largar.

E agora parece que ando mergulhada nos livros como os ursos fazem com a hibernação. Eles fazem-no para sobreviverem tal como eu. Não é hiperbólico. Acreditas em mim? Acredita por favor. Ultimamente pareço uma enciclopédia ambulante e não me consigo desprender dos livros. É vital. Sem eles não conseguia viver. Acreditas?

Ainda no início da semana começei com a história da Emma e já hoje estou a acabar com a do Kevin. Pareçe incrível, mas é verdade. Nem sabes a falta que eles me fazem quando me deito todas as noites. Até me assusto só de pensar que não vou ter tempo para lhes fazer companhia.

Hoje em dia não há tempo para nada. Nem para comer como deve de ser. E agora te confesso que tenho uma terrível inveja da Emma. Ao menos ela tinha vestidos bonitos e tinha algum mistério na história dela , e fazia tudo com muito mais calma (coitada, não fazia ideia dos automóveis e dos fast-food!). Não há tempo para te conhecer nem para simplesmente te dar um abraço. Não há tempo, nem há dinheiro. Sim, porque essa é a maior preocupação deles.

Mas a vergonha não me assalta sabes? Hoje conversei com a Sara. Ela ao menos compreende-me. Hoje disse-me que às vezes se perguntava se realmente pertencia a esta geração e eu disse-lhe que não me questionava. Simplesmente tinha a certeza que o era. Disse-lhe que tinha a certeza que odiava locais frequentados por meio mundo à espera de comprarem nem que seja uma bojiganga para oferecer ao neto ou ao amigo da esquina. Parece que têm medo que o mundo acabe e leve o encanto que as lojas têm e as suas montras altivas e brilhantes para quem passa no meio daqueles corredores ínfimos que cheiram a gente suada com pressa para comprar coragem.

Devias conhecer-me melhor. Agora ando um bocado ausente por causa dos livros, mas devias conhecer-me melhor. Verias que não sou assim tão passiva, e que existem alturas de pura histeria em mim. Às vezes revolto-me por não me deixarem ser como sou. Irrita-me a maneira dos outros não compreenderem que me fiz assim e não o poderei mudar. Calem-se durante um pouco. Às vezes o silêncio faz falta. Faz tanta falta que me apetece fugir daqui e enfiar-me num sítio bem longe da imaginação dos mais espertos. Levava o meu cão e desapareceria daqui. Agrada-te a ideia? Pois bem, tens de me conhecer melhor para poderes saber o que sinto. Eu gostava de saber como é sentir tanto medo. O medo do Kevin. Tal como a Torey eu gostava de saber como é ter o medo arrebatador que nos faz ficar mudos voluntariamente ao ponto de nos tornarmos 'enjaulados' como ele. Tenho de acabar a história e logo de contarei como foi. Sei que terá um final feliz como sempre nos promete a autora. Ela sabe como nos fazer felizes apesar de chorarmos um pouco. Faz parte sabes.

Por enquanto vou voltar e quando sentir que estou pronto eu aviso. Tu saberás quando tiveres que levar luz à tua pequena mente e saberás que é preciso tempo para as coisas acontecerem como devem acontecer. É assim que Deus nos fez. Mas parece que ninguém o quer ouvir. Taparam os ouvidos com gesso ou com grandes fita-colas castanhas para não ouvirem a verdade.




A verdade que eu te digo que sabe bem acompanhada de um sorriso e de um chocolate quente na mão ,quando sabemos que o mundo corre à exacta velocidade que devia correr.



Sem comentários:

Enviar um comentário