já comia umas cerejas *.*
abril 30, 2010
parece-me bem
Vou pegar na minha túnica branca, no chapéu de verga e numas sandálias e correr até à porta de tua casa porque me apetece dar-te um abraço daqueles. És linda.
Parece-te bem?
Cada Lugar Teu-Mafalda Veiga
foi como mergulhar no oceano
Lembram-se das fitas do quarto ano que os pais e os amigos assinavam no final da primária? As fitas verdes e rosas? O cor-de-rosa era o que eu gostava mais. Sempre gostei de cor-de-rosa e sempre vou gostar. Não é por ser menina. Eu gosto do cor-de-rosa e não acho que isso tenha mal algum. Quando tinha 8 anos e a minha irmã se casou eu não sabia o que era casar. Achava engraçado mas não percebi porque é que se casavam como os adultos entendem. Mas lembro-me, no meio da correria do jantar no salão grande, cheio de mesas que pareciam não nos pertencer, de ver ao longe um vestido cor-de-rosa. Aquele vestido cor-de-rosa que me ficou na memória e não me consigo largar dele. É como o meu gosto pelos livros. Nunca vai mudar. Acontece a mesma coisa com o cor-de-rosa. É rosa e diz tudo. Lembro-me de me distinguirem porque eu 'era a que gostava do rosa' e ainda assim é. De todas as cores que existem no mundo acho que rosa diz tudo e transmite tudo o que para mim é possivel. O rosa sabe a rosas , a perfume, ao casaco da Adidas da best, e ao fio da minha madrinha. Sabe ao gel de banho e ao creme para o corpo. À caixinha das recordações e à mala do desporto. O rosa lembra a Primavera e lembra-me a minha infância. E deixar de gostar dele é deixar tudo para trás e esqueçer-me de quem fui. O rosa é a cor que me define e não vale a pena mudar isso.
abril 29, 2010
"E, claro, um pouco de magia"
Enquanto ela corre no prado fresco dos campos rabugentos, o sol aproxima-se e faz companhía às flores. A rapariga vai como se nada temesse enquanto o vestido branco baloiça, e os cabelos castanhos se arrastam pelo caminho. Ela está quase a chegar. Só lhe falta um pouco mais de avanço. Porque em cima da mesa da cozinha espera-a a compota acabada de fazer. O pão dentro do cesto, a toalha laranja estendida e a janela aberta que deixa correr o ar. A porta escancarada que deixa ver os canteiros com os lírios e as tulipas e as heras a proteger a casa, deixavam o olhar tomar conta do rosto da miuda. Ela corria desenfreada como se não houvesse amanhã. Como se não bastasse ela já ter passado o dia inteiro no rio e a ler histórias aos sete ventos. A mãe ainda a espera para lhe cortar o cabelo à sombra de uma árvore e depois o jantar de despedida. Porque vidas assim não existem nem acontecem. Vidas assim nunca vão acontecer enquanto não houver um pouco mais de açucar ou chantilly nos morangos. Um pouco mais de terra para cavar as sementes da flores que ai vão crescer. Nunca irá acontecer enquanto não houver um pouco mais de sal na comida e um gesto como o do rapaz que observa enevoado a miuda enquanto ela se delicia com a ternura do campo a sós. Ele fá-la feliz e ela deixa-se ser feliz.
Disto não vai acontecer mais enquanto não acontecerem mais coisas bonitas e espontâneas. Enquanto não se der uma oportunidade ao coelho de entrar dentro da casa e espreitar a vida que corre dentro dela.
Isto nunca vai existir enquanto o amor não passar a ser mais espontâneo.
E, claro, um pouco de magia.
abril 28, 2010
abril 27, 2010
"And we hold on to dreams and live like kings Like the days will never end"
Estou cansada. Morta de cansaço literalmente. As minha pernas tremem e tenho o estômago a dar voltas de tanta correria. Tenho a sensação de desmaiar a qualquer momento. Há horas que ando assim. Meus Deus, porque é que tantos dias têm de custar tanto. Será por realmente termos de provar alguma coisa? Algum dia te deixei insatisfeito? Algum dia deixei de ser uma comum dos mortais que veio porque me deixaste? Algum dia serei um dos Teus?
Eu acho que sim. A Joana muitas vezes diz isso. Gostava de poder ter essa honra sabes? São poucos os que algum dia te fazem companhía como prova da sua honra. Ainda hoje me senti assim. Por todos os dias em que mal me consigo levantar cá dentro eu faço-te a vontade e mexos pés para caminhar todos os quilómetros que são precisos. Os que eu preciso, nalgum sítio bem longe daqui. Tenho saudades sabes? Eu sei que estás farto de ouvir lamentos mas tenho saudades tuas. Tenho saudades de alguém que não existe. Mas gosto de sentir saudade. Porque enquanto a sentir significa que tenho motivo para cá estar. Tenho razões para continuar a escrever, para ajudar o Gonçalo nos trabalhos da escola e ver os videos do lego batman no magalhães. É sinal que mantenho forças para te saber mais e melhor. É prova que continua a amar-te a ti, a melhor amiga que sempre tive, à mãe , ao pai e aos meus irmãos que sempre foram tudo. Enquanto me fazes falta dás-me motivos para continuar a ler e a sonhar com uma casa de pedra ideal. Com um lugar secreto que mais ninguém conheçe. Apenas os pássaros. Sim, eles sabem. Eles ouvem tudo e mesmo assim guardam todos os segredos que lhes conto. Eles permanecem fièis. Tal como eu espero que te mantenhas.
Porque se não fores fiel, eu vou ser obrigada a ter de desistir de tudo e aí, vai ser o fim.
abril 25, 2010
life it's funny that way
É engraçado como de um momento para o outro és transportado para um sítio tão longe da realidade. Parece que adormeces enquanto te mexes e sabes perfeitamente que estás a sonhar. Parece que essa era a melhor maneira de viveres. Longe daqui.
A vida é engraçada de vez em quando :)
abril 24, 2010
Sentença
Num velho livre topei com uma palavra escrita,
Que como um choque me marcou e ilumina toda a minha vida:
E quando me entrego ao prazer embotante,
E à essência prefiro a aparência, a mentira e o falso semblante,
Quando, de ânimo leve, a mim mesmo me engano com pequenos nadas,
Como se fosse clara a escuridão, como se a vida não tivesse mil portas brutalmente fechadas,
E repito palavras cuja vastidão nunca senti,
E agarro coisas cujo sentido profundo não vivi,
Quando, com mãos aveludadas, o sonho bem-vindo me acaricia
E de trabalhos e dias me alivia,
Alienado do mundo, estranho à minha própria consciência,
Então ergue-se em mim essa palavra: Homem, torna à tua essência!
Ernst Stadler (1883-1914)
abril 22, 2010
I still do everyhting with all my heart
Like Stacy said there are a few people that have a purpose in life. A really good one. Those people have goals.They are all methodic. I don’t. I don’t even know the meaning of the truth. I spend all my time imagining and criating this little spaces between my brain and my mind. Places where I can run everywhere. I can sleep in the floor and join the sunset without worring about the rest of the world. Places where the wind blows in a rush and carries the smell of cherries. Places where we can write a thousand books and read them to the nowhere.
I wish that kind of world could be as real as the existence of war. It is irrational the way people think about they own lives. I can’t think about mine. It is not so obvious that I can find this one life goal and put it in practise. It is not so simple. ” Maybe some secrets should just stay secret” right? Right.
I don’t have to know everything. Intelligence and talent don’t have their own simple answers. We are born to do something which some people know since the beggining. I don’t know it since then. I think I just found it now. Not too late, not too soon.
Sometimes it hurts so much that I still do everything with all my heart. It hurts and I just can’t find the answers that I need.
Maybe God could give me a hand.
Maybe not.
” I believe we write our own stories and each time we think we know the end… we don’t.”
abril 20, 2010
pum
e não é maravilhoso quando vemos um HOMEM a ler em plena sala de espera das Finanças?
É. Desculpem :)
É. Desculpem :)
abril 19, 2010
did you say it?
Já alguma vez disseste que algo te surpreendeu? Algo maravilhoso e inesperado? Não um beijo de uma rapaz, ou uma suspresa de aniversário. Aquelas coisas que pensávamos nunca mais existir e existem afinal. Aquelas coisas que perdemos a esperança de algum dia regressarem na sua força como alguma vez tiveram. Já alguma vez disseste?
Eu digo.
Eu não tenho medo de te dizer que há muito que não esperava encontrar alguém sentado num banco de jardim a ler um livro por puro divertimento. Alguém capaz de fazer companhía às árvores por uma hora ou duas e se dedicar a grandes histórias. Sim, grandes histórias. Eu digo. Não tenho vergonha de te dizer que me emocionei com o rosto e o significado daquele momento. Pois algum dia não poderei ter oportunidade de o fazer e mais vale agora, enquanto a guerra ainda se aguenta nos escombros das pessoas.
Ela consome-nos a toda a hora sem deixar sombra de vergonha. Ela diverte-se a tirar vidas e a tirar o pão da boca dos que sofrem em silêncio. Faltou-lhes a voz. Eu digo. Eu Digo. Eu digo o grito de revolta que há muito tempo esperava dar. E digo que me senti feliz. Feliz percebes? Há quanto tempo não te sentes feliz, verdadeiramente feliz, como uma alegria constante dentro do teu coração durante 20 minutos? Diz-me! Há quanto tempo não te dói a mandíbula de tanto rir? Há quanto tempo não dizes aos teus pais que os amas? E...há quanto tempo não simplesmente dizes?
Eu digo. Eu sorrio para o transparente porque sei que ninguém me vê. Tu vês mas não dizes nada. Não és capaz de fazer nada. Já nos deste o mundo e agora somos nós os encarregados de o mudar, porque fizemos porcaria suficiente para o deteriorizar ao ponto de não haver solução possível. Já não existem bilhetes de comboio, passagens de avião e gasolina para a viagem de carro. NÃO existe a força nas pernas, a persistência da mente e os olhos bem abertos para chegar ao fim.
Já não existem palavras. Não existem :" Eu digo".
Mas não tenhas medo, porque sabes que mais? O mundo pode acabar e ainda existe quem tenha esperança. Ainda existem pessoas que se sentam num banco de jardim a ler um bom livro. Ainda existe gente que faz companhía às árvores. Ainda existe gente que ama e não tem medo de falar.
Ainda Existe gente que Diz.
Disseste-o?
abril 18, 2010
um lugar diferente
Queres saber o que me apeteceu hoje? Hoje apeteceu-me um lugar dentro do calor que circula no ar. Apeteceu-me aquela sensação de tocar no chão com os dedos e não ter medo de os sujar. Não existe lixo. A voz do silêncio enquanto vês as folhas a voarem e abanarem com a leve força do vento que não lhes quer mal. Calma. Apeteceu-me calma. Porque na minha cabeça só consigo pensar em coisas que desejo intensamente e que ninguém insiste em me dar. Dou por mim a detestar o que faço e o que digo. Dou por mim a viver mais o mundo que está dentro de mim do que o Mundo verdadeiro que me rodeia. Será isso mau sinal? Sinceramente não sei. Não sei as respostas, mas o que me satisfaz é o facto de um dia mais tarde encontrar-me com elas. Essa é a verdade. As coisas que nos são destinadas acabam por vir ter até nós, e mesmo sem o tempo que nos devia fazer companhía, nós continuamos na esperança. Eu espero na esperança, enquanto a história avança e o mundo pula para o bem e para o mal.
Vejo o vento a soprar com força e a levar tudo consigo. Vejo uma criança com um sorriso timido à espera de uma oportunidade. Deviam haver mais oportunidades para quem precisa e não tem. Existem tantas coisas e tão poucas que se oferecem. Como as que eu queria que me oferecessem hoje. Aquele lugar estendida no meio do prado, ao sabor da brisa com a certeza de que esse momento não iria acabar.
Porque acabar significaria que essa possiblidade nunca existiu, e isso é mentira.
abril 16, 2010
tenho de me habituar
Gostava de saber muitas coisas. Gostava de saber porque é que vou tantas vezes à casa de banho. De saber se realmente nos aparece alguém por quem nos vamos apaixonar verdadeiramente. Gostava de saber a cor do amor. Gostava de saber como é que se tem coragem para ter filhos. Gostava de saber mais acerca da História do mundo. Gostava de saber de que maneira se vivia antigamente e se era melhor essa vida. Uma vida diferente. Gostava de saber a sensação de se estar dentro de um caixão. Gostava de saber muitas coisas. O que é ter um bom sentido de orientação?Como é ser corajoso? Qual a sensação de ser surpreendido por alguém que gostamos?Porque razão rejeitei uma chamada tão importante? e porque DIABO o mundo está cheio de "merda" até aos cotovelos!
Ás vezes chegava um pouco mais de compreenção, uma bexiga mais contida, uma pessoa na minha vida realmente verdadeira e que gostasse de mim pelo que eu sou. Chegava saber o que é o amor nem que fosse apenas por um dia. Bastava-me uma semana na Grécia, em Roma ou em Londres para conhecer os reis, os vitoriosos e as guerreiras da história. Ficava satisfeita por uma escapadela no campo, onde a brisa soa a um canto suave no amor. Adorava ter a tua companhía, e chegava-me não haver mortes desnecessárias. Chegava um pouco de felicidade. De olá's saborosos, de livros a arrastarem-se nas mesas de cabeceira.
Chegava um abraço apertado e espontâneo, a minha melhor amiga bemmmm pertinho de mim. Chegava-me ver os filhos da Terra darem elogios sem pedir em troca através das armas. Bastava um pouco menos de dor nos pés das bailarinas e mais sorrisos nos "velhos" que antes governaram as nossas terras.
Bastava respeito pela palavra e pelo maldito silêncio que tantas vezes diz muito e diz o suficiente.
Era o suficiente um café bem quente sem perguntas. Um jantar a sós. Uma troca de olhares que não leva a mais que uma relação a dois. Seria igualmente grandioso poder voar e desaparecer no invisível que tocamos com as mãos todos os dias, e aparecer de surpresa nos locais mais recônditos da terra. Os esconderijos dos que sofrem em silêncio pela incompreensão.
Chegava não chegava?
Chegava-te?
É que se te chegasse eu ía já a correr direitinha a ti.
Pena que só te amo por este mundo e o outro e agora preciso tempo para te dizer 'I love you'.
What the world needs now is Love, sweet love.
abril 13, 2010
vou-me apaixonar num lago
As melhores amigas servem para muitas coisas. Para coisas que nunca sonhamos. Quando era pequenina não sabia o que era exactamente uma melhor amiga. Achava que era alguém que nós gostávamos muito mais que as outras amigas.
Mas enganei-me. Todos os dias aparecem nem que seja embrulhada em perfume, dentro de uma caixinha com a tua foto de sempre a apitar no meu telemóvel. Já trocamos tantas más palavras e mesmo assim aturamo-nos há três anos. Não interessa o tempo, porque se quiseres saber a verdade, já deixei de o contar. Não te vou dizer que nunca o fiz, porque sim. Quando era ingénua. Quando os dias sabiam a pouco porque eu não sabia esperar.
Porra, o que me ensinaste! A esperar sim, a esperar. Há coisas que sabem a muitas coisas, a muitos sabores e a muitas músicas ao mesmo tempo. Que é o teu caso. Quando me lembro de ti não consigo pensar numa coisa só. Era impossível. És tanto e tudo ao mesmo tempo, que eu precisava de te explicar o significado do verdadeiro amor.
Aprendi como aprendi nos livros, que não existe amor à primeira vista que dura para sempre (querias mariana!). Parte de mim caminhou por esses trilhos incertos e aprendeu a distinguir os sabores, a criar os Especiais do Joe que nos dão sorte nos momentos mais importantes da nossa vida.
Todos os dias me lembro de ti, nem que seja para te dizer olá, quando passo na rua ou veja um cão a fazer xixi no jardim. O ren parece-se com todos xD
Esta catrefada de palavras só serve para te dizer que és fantástica ao ponto de me fazeres treinar de saltos em casa para o baile de finalistas. Com o que eu sofro pelos meus pés, só por ti e pela suposta beleza das fotografias que dizes ficar, é que eu o vou fazer. E se não fosses tu, uma designer escondida a sorrir pelos cantos a chutar palpites bem acertados eu era capaz de aparecer naquela quinta que nem um cigana abandonada com o cabelo a cheirar mal e toda a gente a dizer mal da minha combinação de roupa.
Aprendi a saber o significado de ser finalistas e o que é ser adulta. E espero que um dia a maria inês não se arrpenda de ter a tia que tem, porque eu vou fazer os possiveis por lhe contar as histórias diabólicas entre a mãe dela e a melhor amiga.
Nunca me esqueço de ti,
a tua melhor@
p.s faço uma cruz no coração e espero morrer se algum dia me esqueçer de ti*
abril 08, 2010
mergulhada nos livros
Ando definitivamente mergulhada nos livros.
Parece que pareço recordar-me por breves instantes do minuto em que peguei no meu primeiro livro. Era estranho. A palavra mais correcta: desperdício. Quando somos pequenos não temos a noção da dimensão de um livro. Não o vemos. Não o sentimos. Apenas gostamos porque nos conta algo divertido. E por mais que os escritores tentem ensinar algo . não são sucedidos. Hoje eles não são sucedidos. Não te quero dar a entender que não defendo a ideia de que as crianças não devem ser incentivadas. Devem. Sempre tiveram que ser. Porque é assim que descobrimos o mundo. É dessa forma que aprendemos a falar, a descobrir segredos que antes não pensávamos existir. Comigo foi assim. Eu aprendi a ver para lá das palavras. A fazer muito mais do que ligações simples entre elas e formar frases declarativas. Eu conheci a expressão das palavras. Eu conheci as interrogações e as exclamações. Conheci os pontos e os travessões que contavam histórias de que nunca me queria largar.
E agora parece que ando mergulhada nos livros como os ursos fazem com a hibernação. Eles fazem-no para sobreviverem tal como eu. Não é hiperbólico. Acreditas em mim? Acredita por favor. Ultimamente pareço uma enciclopédia ambulante e não me consigo desprender dos livros. É vital. Sem eles não conseguia viver. Acreditas?
Ainda no início da semana começei com a história da Emma e já hoje estou a acabar com a do Kevin. Pareçe incrível, mas é verdade. Nem sabes a falta que eles me fazem quando me deito todas as noites. Até me assusto só de pensar que não vou ter tempo para lhes fazer companhia.
Hoje em dia não há tempo para nada. Nem para comer como deve de ser. E agora te confesso que tenho uma terrível inveja da Emma. Ao menos ela tinha vestidos bonitos e tinha algum mistério na história dela , e fazia tudo com muito mais calma (coitada, não fazia ideia dos automóveis e dos fast-food!). Não há tempo para te conhecer nem para simplesmente te dar um abraço. Não há tempo, nem há dinheiro. Sim, porque essa é a maior preocupação deles.
Mas a vergonha não me assalta sabes? Hoje conversei com a Sara. Ela ao menos compreende-me. Hoje disse-me que às vezes se perguntava se realmente pertencia a esta geração e eu disse-lhe que não me questionava. Simplesmente tinha a certeza que o era. Disse-lhe que tinha a certeza que odiava locais frequentados por meio mundo à espera de comprarem nem que seja uma bojiganga para oferecer ao neto ou ao amigo da esquina. Parece que têm medo que o mundo acabe e leve o encanto que as lojas têm e as suas montras altivas e brilhantes para quem passa no meio daqueles corredores ínfimos que cheiram a gente suada com pressa para comprar coragem.
Devias conhecer-me melhor. Agora ando um bocado ausente por causa dos livros, mas devias conhecer-me melhor. Verias que não sou assim tão passiva, e que existem alturas de pura histeria em mim. Às vezes revolto-me por não me deixarem ser como sou. Irrita-me a maneira dos outros não compreenderem que me fiz assim e não o poderei mudar. Calem-se durante um pouco. Às vezes o silêncio faz falta. Faz tanta falta que me apetece fugir daqui e enfiar-me num sítio bem longe da imaginação dos mais espertos. Levava o meu cão e desapareceria daqui. Agrada-te a ideia? Pois bem, tens de me conhecer melhor para poderes saber o que sinto. Eu gostava de saber como é sentir tanto medo. O medo do Kevin. Tal como a Torey eu gostava de saber como é ter o medo arrebatador que nos faz ficar mudos voluntariamente ao ponto de nos tornarmos 'enjaulados' como ele. Tenho de acabar a história e logo de contarei como foi. Sei que terá um final feliz como sempre nos promete a autora. Ela sabe como nos fazer felizes apesar de chorarmos um pouco. Faz parte sabes.
Por enquanto vou voltar e quando sentir que estou pronto eu aviso. Tu saberás quando tiveres que levar luz à tua pequena mente e saberás que é preciso tempo para as coisas acontecerem como devem acontecer. É assim que Deus nos fez. Mas parece que ninguém o quer ouvir. Taparam os ouvidos com gesso ou com grandes fita-colas castanhas para não ouvirem a verdade.
A verdade que eu te digo que sabe bem acompanhada de um sorriso e de um chocolate quente na mão ,quando sabemos que o mundo corre à exacta velocidade que devia correr.
abril 05, 2010
velhos bocados
Ontem a minha melhor amiga disse-me que no Barreiro e na Baixa da Banheira só vivem "mitras", ao contrário do Pinhal Novo e do Montijo. Ora hoje, depois de sair do Hospital Egaz Moniz (que parecia o mundo dos aleijados, cheio de gente com braços ao pescoço, abcessos na boca e pés partidos), e de tomar o pequeno almoço num café que tinha uma casa de banho mais pequena que a de um avião, dirigi-me ao Barreiro para visitar os tios do meu pai.
Quando estava a passar a ponte 25 de Abril apercebi-me que de lá de cima as coisas parecem significativamente muito mais pequenas, como uma vista aérea ou parecido. Como quando compramos aquelas bolas com neve e água lá dentro, em gesto de recordação de uma viagem a uma cidade memorável. Neste caso Lisboa não seria uma viagem, seria o meu lar.
Passado 4 horas de lá estar , apercebi-me que não pus a vista em cima a nenhum dos mitras falados pela Joana. Porque será? Talvez porque Alhos Vedros seja apenas habitado por gente com mais de 5o anos e esteja lá no fundo das terras conhecidas. Mas por tudo isso, gostei. Conheci a minha prima e gostei. Brinquei com a Pitucha e o gatinho dela, que tem uns olhos azuis de meter inveja e gostei. Não percebo porque não encontrei nenhum mitra. Nem a percorrer aqueles caminhos que ninguém conhece.
Talvez porque nao seja o meu lar, gostei e gostava de repetir a experiência. Porque enquanto falámos das peças do La Féria, do mundo do trabalho, do que eu gostava de ser quando fosse grande e enquanto visitei o apartamento novo da minha prima e pela primeira vez experimentei um café Nespresso, me apercebi que existem coisas simples que moram nos lugares pequenos da nossa existência. Mas que fazem sentido.E quando me perguntarem a única certeza que a gente tem, é a de que a família estará lá sempre. Seja no Montijo, no Pinhal Novo, na Baixa da Banheira ou no Barreiro, não será best?
Casa da Mariquinhas- Amália*
abril 02, 2010
o que sempre foi verdadeiro
Peguei no telefone que estava dentro da mala. Parecia sorrir vindo do fundo da bolsa de camurça. Tirei-o dentro da mala e encostei-o ao meu ouvido.
-Estou?- perguntei como sempre perguntava.
- Mariana? Estou...Olá! É o Tiago!- disse ele entusiasmado.
- Ah olá Tiago, tudo bem?
- Sim. Olha, achas que te podes encontrar comigo agora, na Faculdade?- interrogou ele. Nunca desconfiara que me esqueçera da agenda em cima da mesa do canto do café.
- Ahh... eu acho que sim. Exactamente onde?- Já conversávamos como se fôssemos irmãos. Era estranho.
- Na entrada. Daqui a uma hora, pode ser?
-Sim, claro. Até já.
Passado uma hora, estava à sua espera à entrada da Faculdade, com a mala ao ombro o casaco aberto, porque a brisa não chegava para fazer pele de galinha nos braços.
-Mariana?- perguntou ele com receio atrás de mim. Tocou-me e virou-se. Sorriu-me como fez da primeira vez.
- Olá.. então, o que me querias?
- Já vais ver. Anda, vem comigo.
Dirigimo-nos para um lugar onde não havia ninguém. Parecia um lugar que apenas alguns conheciam.
- Onde é que vamos?- perguntei eu curiosa.
- Já vais ver. Vais gostar.
Chegámos a uma porta grande, em tons de amêndoa. Parecia uma porta de um castelo.
- É aqui. Espera um bocado que tenho de abrir a porta.
Do bolso das suas calças saiu uma chave velha de metal que rodou na fechadura e abriu a porta com algum esforço.
Acompanhou-me ao centro da sala e eu levei as mãos à boca. Os meus olhos ficaram estáticos e não conseguiam respirar.
Olhei para o Tiago surpresa e ele sorria como se estivesse a gozar com aquela representação de suspresa.
- Tiago..isto são os arquivos da Faculdade, és doido?
- Sim e qual é o problema?
- Propriedade privada nunca ouviste falar?- ele sorria para mim entusiasmado em me mostrar todas as fantásticas histórias que estariam escondidas nos milhares de livros ali guardados.
- Sim..mas, isto é fantástico. Posso dar uma vista de olhos?- perguntei eu, mordendo o lábio como uma garota à espera de um rebuçado.
-Sim, claro. mas tem cuidado para nao estragares nada.
- Ainda não me disseste qual era o teu herói preferido.
Avançei para uma mesa gigante ao lado de uma estante que devia ter uns poucos metros. Os metros que preenchiam a parede.
Ele pareceu exitar na resposta mas lá se pronunciou.
- Hércules.
-Estás a brincar comigo.
-Eu sei que parece brincadeira. Mas algumas histórias da Disney fazem sentido.
- Não... não é isso. Esse é o meu herói preferido.
-Não fiz por mal. Desculpa. Gosto dele- ele sorriu e acomodou-se na mesa velha, onde por horas conversámos sobre mil e um assuntos.
Por entre as palavras pareciamos conhecer-nos um pouco mais e o tempo não parecia correr devagar.
Quando regressei para um próxima sessão ele não se encontrava lá. A porta estava aberta, e eu segui sem medos. Eu sabia que iria regressar.
Afastei-me da porta, que fechei com cuidado e dirigi-me para a mesa, a fim de pousar as minhas coisas e de me instalar.
Em cima da mesa estava a pequena agenda castanha que ficara na mesa do café há 2 semanas atrás. Um pequeno bilhete sobressaía na capa e nele dizia:
" Hoje os livros vão te fazer companhía. Tive de ir a um sítio.
Tiago.
p.s achas que podes deixar-me um pouca do teu sorriso para eu levar depois?"
e digo-te que é real
Continuaste ali, ao fundo do corredor ansioso como um rebento de uma planta na Primavera, e viste-me cautelosa a mover-me para a saída. A entrada do nosso primeiro encontro. Eu continuei e tu avançaste até mim como se tivesses algo para me dizer em jeito de necessidade. Não são precisas muitas palavras para se dizer o que se sente. Apenas se sente.
- Desculpa. Porque é quiseste saber todas aquelas coisas?- pronunciou-se ainda com medo e receio nos lábios.
Eu sorri timida ainda e prossegui.
- Porque quero saber as respostas. Sei lá, tirar todas estas dúvidas da minha cabeça? Enfim, não são tantos problemas como os de Fernando Pessoa. Acreditas?
Ele riu em tom de brincandeira e aproximou-se da minha presença e senti um calor no ar fresco que corria no corredor vazio. As nossas vozes suavam a soalho velho que nem os sótãos que estão cheios de segredos antigos.
- Queres ajuda? Eu posso ajudar.
Olhei para o relógio assustada, mas mesmo assim com vontade de ficar. Era a verdade.
- Eu tenho que ir... Mas estava a pensar ir tomar um café. Talvez queiras ir...ajudavas-me a aumentar as perguntas do questionário- disse eu, com a sobrancelha levantada, desafiando a vontade daquele estranho simpático.
- Sim.
- Ah, como é que te chamas?
- Tiago.
- Prazer Tiago, o meu nome é mariana.
Aproximei-me e estendi-lhe a mão e nos nossos dedos tocaram-se como se conhecessem há milhares de décadas, que sabiam a anos de experiência, de conversas e palavras de apoio.
- Vamos?- apontou a mão para a saída e moveu-se. O seu semblante era novo. A voz parecia vir de um lugar longínquo onde há verde, onde a brisa pisa os cabelos ao som da erva a correr alegre na paixão dos pequenos. A voz dele.
- Onde queres ir? -perguntou ele.
-Não sei. Tu é que estudas aqui, deves saber mais que eu. Leva-me para um sítio que gostes. Sem confusão. A dos livros já me chega.
Chegámos a um café pequeno no meio da cidade. Um sítio que eu nunca tinha visto. Era um espaço pequeno, que nem parecia pertencer a Lisboa. Parecia vir de uma pequena vila algures em Inglanterra ou na Escócia.
Sentámo-nos e pedimos dois cafés quentes. Cheirava a café. Cheirava a paz e calma ao mesmo tempo que observava os seus olhos e o movimento das suas mãos. Bastava isso para regressar à realidade daquele encontro e perceber que estava mesmo a viver o presente na terra. Suava uma pequena música no ar. Não sei que som, era mas desconfio que era uma rapariga a cantar. Uma voz triste e desconfiada.
- Então que dúvidas tens? Achas que a faculdade não é o que queres?
- Não te disses isso. Eu queria saber se é mesmo isto que quero fazer. Uma coisa é o que tu vês nos filmes e lês nos livros por pura brincadeira, outra é quando estudas e toda a ilusão que tinhas se vai e destrói a imagem que tinhas das histórias que tanto gostavas.
- Não tem que ser assim. Vais descobrir muitas coisas que vais amar. Eu até desconfio que te vais rir muito durante estes 3 anos.
Durante vários minutos conversámos, enquanto várias figuras passavam pela porta de madeira velha do café. Iam passando velhos, crianças, adolescentes e pequenas senhoras que estariam a pensar no jantar que teriam de preparar para os seus filhos.
Ao fim de um tempo, olhei de suspance para o relógio de novo e apressei-me.
- Tenho de ir. Já está a ficar tarde e há quem tenha de chegar a horas do jantar a casa.
Peguei depressa na minha mala e virando-me para trás para o observar de novo disse:
- Obrigada Tiago. Gostei muito deste bocadinho. Vemo-nos depois.
E saí. O seu olhar queria dizer mais alguma coisa. Parecia que queria dizer mais alguma coisa que lhe ficara entalado na garganta. Parecia querer dizer que para ele também era real. Que sabia às flores frescas e ao sabor da brisa fresca de verão acompanhada das cerejas que eu conduzia no meu pensamento.
Parecia querer dizer muitas coisas. menos a de que deixara a minha pequena agenda em cima da mesa.
Paramore- The only exception
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