agosto 16, 2013

Tenho as paredes cheias, não de ti

Tenho as paredes cheias dos recortes de jornal do "Ouro sobre azul", de "Uma ponte no Bósforo", da "Caza das Vellas Loreto", e mapas da Roménia. Imagens de Wagner. Vestígios de postais da Gulbenkian, e artigos de Drácula. Tenho a secretária antiga a magoar-me os joelhos, e o Sting a soprar "Russians" em Berlim. Tenho a caneta na mão que vomita, a sangrar de tinta, e nenhum vestígio de ti. Prefiro-te assim. No vazio da menstruação.
Na preguiça que me atravessa o corpo. Prefiro-te, pois, assim, como a camisa turva e amarelada que precisa de ir para a lixívia. Preciso de ti assim, como os sons de aviso da guerra. A poeira que me fecha o coração. A fome que mantém a distância pela estrada, que existe. Preciso de ti assim. Frio e cruel. Real, então no chão.



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