agosto 25, 2010
em tua casa
E ela encheu-lhe o coração e ele vestido sem preocupações fê-la feliz. O cheiro dele. O odor da sua pele. Eram mágicos e por razão alguma ela deixou-o à espera no pontão. Os barcos deixaram de dançar ao sabor da água do mar e a casa ficou vazia. Em silêncio. Anos mais tarde na dúvida ela questionou e batalhou para esqueçer uma dor forte que tinha no peito. Não parava de a matar por dentro até que viajou até ele e avistou-o na casa que um dia foi abandonada. Quando entrou as cores do ar mudaram e a brisa do mar correu até ás suas bocas começando uma discussão acessa. Gritaram palavras de mágoa relembrando o passado e o meio que foi perfeito e lúcido. Agora os barcos conversaram levantando no ar um burburinho de satisfação. Largaram um olhar suave. Pararam no tempo e no meio de tantas palavras acessas de fúria os seus lábios encontraram-se na raiva de se tocarem e pertenceram um ao outro nesse momento. Os barcos exaltados de felicidade deixavam-se navegar nas águas agora calmas do mar e a praia estava deserta. Um beijo demorado e subtil. Quente e espontâneo enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto da jovem. Regressaram ao porto seguro e desta vez o destino colocou-os na mesma sala. No mesmo pedaço de mundo que um dia foi tirado de uma vida infeliz e colocado numa casa de bonecas numa pequena ilha de alegria. Encontraram-se e nem o mar pôde recusar a oferta de um regresso inesperado. O porto estava seguro.
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