janeiro 27, 2010

Castelo de vidro




As pessoas têm olhos azuis, castanhos ou verdes, e depois há aquelas que estão no meio e não se decidem por mais lentes de contacto que ponham durante a sua vida inteira. Eu tenho olhos azuis e nasci com os maiores caracóis do mundo, mas há medida que o tempo foi passando foram ficando lisos e fiquei com cabelo ondulado quase liso.
As pessoas têm cabelos e formas que nunca mais acabam, fazem plásticas e manicures e pintam o cabelo de ano para ano.
As pessoas têm manias, de tempos em tempos –e gostam. Relacionam-se por dinheiro e fazem uns negócios por aí! Chamam a atenção a umas quantas e arranjam casamentos por conveniência. Até que um dia se fartam de satisfazer sempre, em primeiro lugar, os seus tão abençoados luxos e divorciam-se.
Quando estão na escola e pensam no que vão fazer da sua vida apenas consciencializam que a estrada dali para a frente vai estar sempre aberta e apenas cortada para os pobres de espírito que não pertencem ao seu senso comum, que nem se apercebem que têm.
Eu aprendi nos livros e nas palavras que me diziam, quando estava na secretária de 2 no 4º ano que existem paredes de vidro que nos impedem por vezes de agir.
Quando brincava ao ula e ao pião, não me apercebia disso, nem quando achava os sorrisos dos rapazes as coisas mais adoráveis à face da terra. Achava-os bestiais e as raparigas eram autênticas bonecas.
Eu cresci. Estou aqui. Cresci para não bater contra a parede de vidro, que me impediu de ir ter com a minha melhor muitas vezes, de dizer as palavras certas e de chorar no momento certo. De trazer as memórias para as pessoas e os sítios certos. Não é por mim, é por ela. Pela intensidade da vela que derrete em todos os topos das nossas conquistas. Pela força do amor incondicional que eu tinha pelos rapazes que se transformou em amor a sério, em desilusão e alegrias. Em descobertas fantásticas e pelos dedos cruzados em todas as figas numa promessa de amizade.
As pessoas têm olhos azuis, castanhos ou verdes, e depois há aquelas que estão no meio e não se decidem por mais lentes de contacto que ponham durante a sua vida inteira. As pessoas têm cabelos e formas que nunca mais acabam e bem lá no fundo guardam um castelo de vidro.




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