Hoje à noite será o princípio de uma coisa nova. Acho que acabamos todos por sentir nervoso na barriga e fechar os olhos com força durante uns segundos. Hoje apetece-me explicar-vos o que me passa na cabeça nesses cinco segundos de todos os fins de ano.
Há muita gente que se esquece de olhar para o lado e de fechar os olhos também. Às vezes nesse compasso de tempo minúsculo vemos acontecer todas as coisas nos nossos olhos. Lembro-me de corrigir erros, de pegar em espadas e lutar por terras que ninguém conhece. Lembro-me de chorar por quem já gastou as lágrimas e precisa de palavras, e lembro-me de pedir muito. Pedir vidas. Pedir rostos. Pedir mais e mais histórias. Pedir que essas vidas não se acabem, porque se acabarem eu deixo de fazer sentido.
Por isso, hoje quando esses cinco segundos chegarem lembrem-se de fechar os olhos. Lembrem-se de pedir perdão e de pedir vidas. Lembrem-se de ser bons. Sejam bons.
Obrigada :)
Feliz 2013!
dezembro 31, 2012
dezembro 29, 2012
ficaste na praia
Lembro-me de andar na praia cheia de vazio. O horizonte afirmava-se ao longe enquanto a areia nos engolia os pés.
Estávamos calados. Tudo o que conseguíamos fazer era calar as palavras porque não tínhamos nada para dizer um ao outro. Há muito tempo que tínhamos deixado as palavras para segundo plano e talvez fosse isso a matar a nossa relação.
E enquanto olhava à minha volta e nos via a andar no areal espanhol pensava no quanto tinhas deixado por dizer. Pensava em ti, que já não conseguias olhar para mim. Tinhas ficado cego há muito tempo. Durante essa ausência tinhas deixado de me amar, pelo menos a parte que achavas que ainda amavas em mim.
Toda a viagem era uma mentira, e ao invés de ser perfeita, deixou-nos aos tombos sem palavras para dizer um ao outro.
Lembrei-me tantas vezes dessa praia. Lembrei-me tantas vezes que não queria perder o que me passava pelo olhos, mas hoje foi a última vez que me lembrei, porque quando olhei em redor, era o jardim que estava perfeito. A luz que batia nas árvores e desenhava sombras nos prédios. Não era a praia vazia com palavras por dizer, era o jardim que eu tantas vezes me esquecia de olhar, e que no fundo tinha tanto por dizer.
E hoje não te vi por lá. Foste embora com as palavras.
Estávamos calados. Tudo o que conseguíamos fazer era calar as palavras porque não tínhamos nada para dizer um ao outro. Há muito tempo que tínhamos deixado as palavras para segundo plano e talvez fosse isso a matar a nossa relação.
E enquanto olhava à minha volta e nos via a andar no areal espanhol pensava no quanto tinhas deixado por dizer. Pensava em ti, que já não conseguias olhar para mim. Tinhas ficado cego há muito tempo. Durante essa ausência tinhas deixado de me amar, pelo menos a parte que achavas que ainda amavas em mim.
Toda a viagem era uma mentira, e ao invés de ser perfeita, deixou-nos aos tombos sem palavras para dizer um ao outro.
Lembrei-me tantas vezes dessa praia. Lembrei-me tantas vezes que não queria perder o que me passava pelo olhos, mas hoje foi a última vez que me lembrei, porque quando olhei em redor, era o jardim que estava perfeito. A luz que batia nas árvores e desenhava sombras nos prédios. Não era a praia vazia com palavras por dizer, era o jardim que eu tantas vezes me esquecia de olhar, e que no fundo tinha tanto por dizer.
E hoje não te vi por lá. Foste embora com as palavras.
dezembro 28, 2012
com dez metros de altura
Eu sei que somos coisas muito pequenas na vida dos outros, mas é talvez nos silêncios deles que nos tornamos mais sóbrios. É nos Invernos deles que nos nascem Primaveras no ego. Não nos apercebemos disso na maior parte do tempo, porque nos ocupamos a errar e às vezes quando mais erramos mais nos amam.
As pessoas não amam coisas grandes nem grandes personalidades. Nós gostamos de acordar no Verão porque corre uma brisa no ar. Gostamos de beber café quando está frio porque quando levamos a chávena à boca existe paz. E o amor é isso. é sermos fracos, simples e invisíveis até.
Não acredito que sejamos muito grandes na vida dos outros, na verdade somos apenas aqueles que os amam e isso torna-nos gigantes.
As pessoas não amam coisas grandes nem grandes personalidades. Nós gostamos de acordar no Verão porque corre uma brisa no ar. Gostamos de beber café quando está frio porque quando levamos a chávena à boca existe paz. E o amor é isso. é sermos fracos, simples e invisíveis até.
Não acredito que sejamos muito grandes na vida dos outros, na verdade somos apenas aqueles que os amam e isso torna-nos gigantes.
dezembro 27, 2012
as janelas da casa estão entreabertas
Às vezes não sei se doa ou não. É tão fácil sentir o peso do mundo. E para nós escritores há sempre algo que incomoda, para termos a certeza que estamos vivos dentro das palavas.
dezembro 26, 2012
boa noite
Às vezes esqueço-me de ti e, outras, as coisas arrastam-me até ti simplesmente. Parece que para não esquecer que a tua carne sobrevive. É teimosa. Quer ficar.
Às vezes esqueço-me de ti, outras, ajudam-me a lembrar.
Às vezes esqueço-me de ti, outras, ajudam-me a lembrar.
dezembro 24, 2012
Merry Merry Merry Christmas
Sempre que o fim se aproxima penso nos outros. Sim, penso em mim também mas já nem evito esta pontada aguda no coração que me estraga os planos de começar a levar as coisas a sério e parar de brincar ao reis.
Mas se essa sou eu não vou mudar. E agora que os dias do fim se aproximam de nós, não quero que tenham medo. É verdade. Vem aí medo e muitas batalhas. Vêm aí dias maus e pensamentos maus. Mas a história fez-se também de vitórias.
E agora que penso em mim e em vocês lembro-me de que a nossa vitória é encharcar-mo-nos de dores agudas no coração e sermos nós. Embebedar-mo-nos de loucura e coragem e sermos nós.
Um Feliz Natal a todos.
E poucos livros descreveriam o amor que tenho por vocês por amarem tanto a escrita como eu.
Somos todos Reis*~
Mas se essa sou eu não vou mudar. E agora que os dias do fim se aproximam de nós, não quero que tenham medo. É verdade. Vem aí medo e muitas batalhas. Vêm aí dias maus e pensamentos maus. Mas a história fez-se também de vitórias.
E agora que penso em mim e em vocês lembro-me de que a nossa vitória é encharcar-mo-nos de dores agudas no coração e sermos nós. Embebedar-mo-nos de loucura e coragem e sermos nós.
Um Feliz Natal a todos.
E poucos livros descreveriam o amor que tenho por vocês por amarem tanto a escrita como eu.
Somos todos Reis*~
dezembro 23, 2012
apetece-me filosofar
Somos todos hipócritas. Andamos todos de chinelos e dizemos que o guarda-roupa se repete de saltos altos. Colocamos batom, pomos o vestido e chutamos palavras bonitas porque nos fica bem. Cora-nos o rosto.
Somos todos hipócritas. Consumimos a vergonha e não temos coragem para a humildade. Falta-nos isso. A coragem. A bravura. A lata para sermos nós.
No fundo falta-nos isso. A pieguice de sermos verdadeiros e não nos importarmos com o que dizem nas bocas do mundo. Falta-nos. Já nos anda a faltar. E qualquer dia morremos à fome de sermos nós.E é por isso que morremos invisíveis.
Morremos antes de nascer.
Somos todos hipócritas. Consumimos a vergonha e não temos coragem para a humildade. Falta-nos isso. A coragem. A bravura. A lata para sermos nós.
No fundo falta-nos isso. A pieguice de sermos verdadeiros e não nos importarmos com o que dizem nas bocas do mundo. Falta-nos. Já nos anda a faltar. E qualquer dia morremos à fome de sermos nós.E é por isso que morremos invisíveis.
Morremos antes de nascer.
dezembro 22, 2012
isto é o Prólogo do livro que andava a pedir para nascer
Talvez se escreva sobre esse tempo. Sobre essa ilusão que andávamos a construir enquanto nos esquecíamos do presente.
Mesmo escrevendo sobre o presente, ele já é um passado, e nós sonhávamos em escrever sobre esse tempo, para nos curarmos.
Vivíamos desapaixonados da nossa realidade, porque ali já não havia luta nem loucura. Vivíamos com o medo e do medo constante de que a felicidade nos chegasse aos escombros.
Evitávamos a felicidade porque no fundo ela não existia e encarávamos a vida como uma piada de mau gosto. Chegava a ser ridículo o esforço que fazíamos para matar e acabar com os gritos e a dor.
E continuávamos a desejar incessantemente beber essas palavras e manchar todos os papéis da cidade e do país, mas no fundo o que realmente não sabíamos é que a guerra já tinha começado.
Mesmo escrevendo sobre o presente, ele já é um passado, e nós sonhávamos em escrever sobre esse tempo, para nos curarmos.
Vivíamos desapaixonados da nossa realidade, porque ali já não havia luta nem loucura. Vivíamos com o medo e do medo constante de que a felicidade nos chegasse aos escombros.
Evitávamos a felicidade porque no fundo ela não existia e encarávamos a vida como uma piada de mau gosto. Chegava a ser ridículo o esforço que fazíamos para matar e acabar com os gritos e a dor.
E continuávamos a desejar incessantemente beber essas palavras e manchar todos os papéis da cidade e do país, mas no fundo o que realmente não sabíamos é que a guerra já tinha começado.
dezembro 19, 2012
quando a mente nos traz de volta
Tenho a certeza de que o mundo é o melhor sítio onde podíamos estar.
Tenho a certeza de que tudo pode ser bonito, incluindo as árvores.
Tenho a certeza de que amo tudo cada vez mais. Porque há tanto mais lá fora, e não sabemos que o podemos amar.
Tenho essa certeza..e chega-me.
Tenho a certeza de que tudo pode ser bonito, incluindo as árvores.
Tenho a certeza de que amo tudo cada vez mais. Porque há tanto mais lá fora, e não sabemos que o podemos amar.
Tenho essa certeza..e chega-me.
dezembro 17, 2012
Vista maior
Há quem viva com muito. Há quem viva com pouco. Há quem se aguente sem um pouco de amor, e quem não viva sem ele.
Há excepções para tudo. Para o modo como vivemos. Para a forma como bebemos o café de manhã. Pela forma como os nossos lábios se contorcem e esboçam alguns sorrisos. Como andamos. Como falamos. Alto ou baixinho. Sempre gostei das excepções, daquela coisa nervosa quando nos enterramos dentro da música e com os auscultadores nos ouvidos o mundo é outro. Fazemo-nos outros.
Gosto das excepções dos peões na rua. Das senhoras que atendem ao balcão e de pessoas que vão no metro. Homens a tocar acordeão. Crianças vestidas como pequenas senhoras e que baloiçam com os casacos.
Excepções disto e daquilo. De pouco, de tudo.
Excepções.
Coisas de pelas quais eu vivo.
Há excepções para tudo. Para o modo como vivemos. Para a forma como bebemos o café de manhã. Pela forma como os nossos lábios se contorcem e esboçam alguns sorrisos. Como andamos. Como falamos. Alto ou baixinho. Sempre gostei das excepções, daquela coisa nervosa quando nos enterramos dentro da música e com os auscultadores nos ouvidos o mundo é outro. Fazemo-nos outros.
Gosto das excepções dos peões na rua. Das senhoras que atendem ao balcão e de pessoas que vão no metro. Homens a tocar acordeão. Crianças vestidas como pequenas senhoras e que baloiçam com os casacos.
Excepções disto e daquilo. De pouco, de tudo.
Excepções.
Coisas de pelas quais eu vivo.
dezembro 15, 2012
sinestesia
Às vezes cheira-me a coisas impossíveis. Cheira-me a coisas perdidas. De repente cheira-me a vilas ao Sul de Portugal. De repente cheira-me a isso, a Verão.
dezembro 14, 2012
sim, sei que mudei
Sim, sei que larguei as roupas de miúda e o medo barulhento de tudo à minha volta. A nossa casa não está nos medos mas sim na forma como decides fazer a cama, no momento onde decides dizer um não e abandonar o amor.
Eu sei que mudei. Sei que desapontei e fugi do porto seguro. Tinha que o fazer, tinha de sair de dentro dos sítios que nos traziam calor e enfrentar o frio, andar à chuva para perceber que sou de ferro.
Tinha que ser. E o que tem que ser tem muita força.
Eu sei que mudei. Sei que desapontei e fugi do porto seguro. Tinha que o fazer, tinha de sair de dentro dos sítios que nos traziam calor e enfrentar o frio, andar à chuva para perceber que sou de ferro.
Tinha que ser. E o que tem que ser tem muita força.
dezembro 12, 2012
pequeno para mim
Who knows if one day you're gonna be an honest man?
Who knows if one day you're gonna stay along the way?
Who knows if one day you're gonna stay along the way?
dezembro 11, 2012
dezembro 10, 2012
propriedades
Ainda continuo com o hábito de me espartilhar por essas existências que andam por aí. Uns dias sento-me no banco de comboio e avisto o século dezanove do lado de fora da janela, noutros a minha varanda de casa transforma-se e aparecem palacetes e desertos à minha volta e até visto saias e saltos altos. Sempre fui assim um pouco desiquilibrada, e por isso é que o amor às vezes me bate de forma tão forte. Uns dias sonho chás noutros peço álcool para brindar. Nuns dias o sol cerra-me a testa e enfraquece-me noutros ponho um batom e sinto-me mulher.
Sou assim. Mil e uma existências. Todas elas dentro de mim.
dezembro 09, 2012
não há título para isto
eu não sei se haverá por aí algum homem que deseje uma mulher mais que as outras e que não seja levado pelo cansaço. Não sei se no amor há cansaço. Já não o sei. Já não sei nada.
dezembro 07, 2012
é outra coisa qualquer
Portas fechadas e janelas abertas. E o ar corre fraco mas frio. Não chega a queimar a pele. Não chega a causar frio, do tipo que trazias quando a casa cheirava a verão. Quando me atirava da varanda no pensamento da sede de agarrar o resto de felicidade que era pouca que a que me davas chegava para os dois.
Nesse tempo quente e febril achávamos que nos amávamos e não era preciso implorar por carinho, que estavas logo ali e arrancavas de um canto do quarto para o outro preparado para deixares a imagem calma que eu te roubava do espelho e te levares para outros sítios, para nos navegares para outros mares. E dentro de ti havia umas mil tempestades por descobrir e eu sempre cega no nosso amor, preferia desvendar-te o corpo enquanto o calor dos dias embaciava os vidros da casa. Tínhamos que abrir as janelas e deixar as roupas de lado para suportar o atrevimento do Verão.
Existimos dentro de um verão desesperado e cheio de sonhos, encharcado em riscos. Atrevido. Irresistível. Traiçoeiro. Vivemos uns dois em três minutos que agora já esqueceste e que dentro de mim vivem atrapalhados, porque quando te soletram o nome não é em vão e eu fico triste. Vivemos uns dois ou três minutos e cá dentro foram umas décadas apaixonadas e cheias de sede de ti.
Agora são portas fechadas e janelas abertas. E há frio que não corta a respiração mas já não há vestígios de ti. Antes, inundavas os espaços de ti. Deixavas o teu cheiro em qualquer lado e não te esqueciam o nome. Eu lembrava-te o olhar perdido, escolhia-te a roupa, avaliava-te o penteado e provava-te o sabor dos lábios. Lembro-me desses dias que nunca chegaram a utopias porque aconteceram lá, cá e noutro sítio qualquer. Não andei a decorar os nomes das ruas, porque me distraía contigo. E agora tenho cada vez mais a certeza que não te amava. Estava completamente apaixonada por ti como tu julgaste estar por mim. Eu só amava a ideia que tinha de ti. Essa existência fingida que não chegaste a carregar nos bolsos, porque eras muito novo para saberes o que era o amor e todas as suas implicações.
Meu querido agora são portas fechadas e janelas abertas. E o teu cheiro já não passa em ar nenhum, nem nas frestas que restam nos estores durante a noite e que trazem o sol de manhã. Agora o que passa já não és tu, é o teu silêncio.
existencialismos
é preciso viver ou contar, como dizia o Sartre. E eu não sei se viva as maravilhas do mundo ou se as conte e as torne eternas.
dezembro 06, 2012
versos sós
As pessoas perguntam-me por mim e eu não estou. Porque tu não estás, porque já não existes aqui, e eu desta forma não posso existir também, ou pelo menos não o tenho feito.
E por isso, para continuar sem ti tenho que te apagar da memória e procurar uma forma de respirar sem ti, porque já não és o ar que respiro.
Vais passar a ser um passado que foi e que já não teima em ficar.
E por isso, para continuar sem ti tenho que te apagar da memória e procurar uma forma de respirar sem ti, porque já não és o ar que respiro.
Vais passar a ser um passado que foi e que já não teima em ficar.
dezembro 05, 2012
acontece
Hoje não sei onde estou. Estou algures entre um deserto perdido e uma multidão de gritos. Hoje não estou dentro de mim.
dezembro 04, 2012
dezembro 03, 2012
corre
Não, a sério. Existem oportunidades na tua vida. Vão haver fases em que vais sentir o sabor amargo da chuva e com ela a tristeza, mas depois ouves uma música, olhas para alguém, chega alguém, sentes alguém e tudo muda. Sim, esse todo muda. Ou não estaria eu fora de ti de uma vez por todas, e a seguir o caminho que já devia estar a percorrer há muito tempo.
Agora já não te sinto.
Agora já não te sinto.
dezembro 02, 2012
dezembro 01, 2012
tarefas difíceis
Eu sei que não devia estar triste por te esquecer. Era essa a minha missão. Mas tudo me lembra de ti. À minha volta tudo me lembra que te amo, e que é impossível prometer-te nunca mais pensar em ti.
Eu sei que não deveria estar triste, mas a parte de ti que existia em mim teima em reclamar-te, e em querer dizer-te que,apesar de tudo, já não te amo como antes e o quão lamento isso.
Eu sei que não deveria estar triste, mas a parte de ti que existia em mim teima em reclamar-te, e em querer dizer-te que,apesar de tudo, já não te amo como antes e o quão lamento isso.
Subscrever:
Mensagens (Atom)