setembro 11, 2011

Olha como eles brilham para ti

E então virei a esquina ou pelo menos o que me pareceu ser ela. Desprendi-me da bagagem e apertei a lã do cachecol. Era um frio cortante. Era um frio que gelava o corpo e lacrimava os olhos de emoção. As luzes petrificavam. As luzes pairavam no ar e embebedavam o silêncio. Chamei-as. Chamei-as de luzes curativas e entrei dentro do café. Sentei-me comigo deixando espaço para o casaco e a indumentária restante. Reparei nas bonecas de neve que brincavam na porta a cada entrada e saida do estabelecimento. Esperei até que os sinos começassem a tocar na minha cabeça. Fiz muita força. Muita força interior até que fiz o pedido e despedi-me do mundo. Abri o caderno de capa antiga e peguei na caneta. O outono chegou com as palavras até àquela terra refastelada de sol e brisas. Virei numa esquina que me pareceu chorar as expressões faciais. Todos choravam a morte paciente e inquieta do mundo. A morte brutal dos sentimentos de todas as pessoas que giravam à minha volta. Uma gigante onda veio em direcção a mim e fui empurrada de novo. Jurei chocar contra a cadeira de madeira que me apoiava. Afastei o dorso das páginas tristes e abri os olhos. Levei a chávena de café quente à boca e suspirei de alívio. Foi mais uma história.

1 comentário: