junho 26, 2014

Bani-me de pensamentos. Louis Armstrong abria a garganta lá ao fundo enquanto eu pedia um café simples. Em todas as cidades se pedem cafés simples quando chove. Hoje chovera ruidosamente e as irmãs de sangue esperavam-me no hotel. Conseguíramos finalmente passar um Natal em Londres sem a presença de quem já nos tinha definido a infância. 
Esperei com alguma relutância enquanto vigiava a gabardina vermelha no banco do lado. Tinha um medo terrível de ser roubada, mas ao mesmo tempo ansiava pequena por uma acção.
O café veio rápido, quente, justo. 
Se soubesse que iria contra tal nunca teria entrado no estabelecimento. Há sempre imensas desculpas quando nos estragam algum pedaço de roupa.
Esta era a primeira camisa que comprava com o meu dinheiro, e fincaram-me a compra.
Acho que era inglês. Tinha um sotaque carregado e vestia o típico fato ou vestimenta algo conservadora que distinguimos nos países mais antigos e bem educados da Europa.
Depois de me prometer que me compraria uma camisa nova, levou-me pelo parque, Regent's Park recordo, enquanto eu andava alheada a observar as árvores.
Era tarde e eu tinha que regressar.
A viagem só terminou no Natal e no minuto doloroso do aeroporto. Beijou-me sem reprimendas.


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