A noite não é leiga, e caio sempre na tentação de me refugiar nela. Por conseguinte, talvez por fraqueza do coração, nunca te adivinhei as surpresas António.
Nunca consegui calcular com precisão esse momento onde olharias à tua volta, não visses ninguém, a janela do teu quarto, o teu altar e o vento a passar-te nos pensamentos até perceberes que a solução está em mim.
Não me quero regozijar com esse facto, mas deixa-me um sabor especial na boca quando o teu corpo cede, quando ele se vinga nas tentações animais de me procurar sempre na noite e de registar mais um sorriso na minha presença. E, admito sim, que essa tua candura me enlouquece. Que essa digestão bem feita dos dias me contagia e me tiras as náuseas provocadas pelas tuas ausências inesperadas.
É mais outro tempo que te ajuda a conquistar a luz e a conclusão de que eu seria a única pessoa por quem voltarias atrás. Porque é a mim a quem falas dos outros banais, e essa é tua excepção. Sou a excepção que veste o teu casaco no frio da noite e te testa o hálito. Sou a bebedeira que te põe a mexer desenfreadamente no jardim de t-shirt e barba arranjada. Sou a excepção que te deixa ser homem antes de regressar ao dia enfadonho. Olha como és fraco na luz e precisas tanto do escuro! O refúgio onde desenvolvo os pensamentos e me dedico às questões fenomenais.
Penso sempre que mais ninguém deixa de dormir nesse intervalo onde as corujas falam e o relógio sua da velocidade estonteante.
E tu és as horas que não passam, que se demoram e entrecruzam no negrume.
E não, não escondo o desejo pelo púlpito dos teus olhos. Olhar castanho florestal. A tensão nos teus lábios molhados que provariam os meus se eu to pedisse. A fractura da coragem do meu semblante na nossa proximidade, nos teus abraços virolentos.
Na tua estrutura beata relatas a imensidão de ternura e excitação que tens por mim, e na noite as horas passam mais devagar.
A sapiência dos dias é que te enjoa e enlouquece, e a próxima vez que escrever sobre ti, será a fim de o dizer mais uma vez. Que quando a tua existência deixar de pesar e for vazio, também ela vai deixar de estar. A magia da contradição do nosso estado de amor.
Somos azul, ainda te lembras?
abril 30, 2013
abril 29, 2013
a estudar o que se gosta
January 27, 2009
Perfection Wasted by John Updike
And another regrettable thing about death
is the ceasing of your own brand of magic,
which took a whole life to develop and market —
the quips, the witticisms, the slant
adjusted to a few, those loved ones nearest
the lip of the stage, their soft faces blanched
in the footlight glow, their laughter close to tears,
their tears confused with their diamond earrings,
their warm pooled breath in and out with your heartbeat,
their response and your performance twinned.
The jokes over the phone. The memories packed
in the rapid-access file. The whole act.
Who will do it again? That's it: no one;
imitators and descendants aren't the same.
is the ceasing of your own brand of magic,
which took a whole life to develop and market —
the quips, the witticisms, the slant
adjusted to a few, those loved ones nearest
the lip of the stage, their soft faces blanched
in the footlight glow, their laughter close to tears,
their tears confused with their diamond earrings,
their warm pooled breath in and out with your heartbeat,
their response and your performance twinned.
The jokes over the phone. The memories packed
in the rapid-access file. The whole act.
Who will do it again? That's it: no one;
imitators and descendants aren't the same.
Bach, bebendo Bach
os violinos rangem nas paredes e apercebo-me da ironia que te embebeda a vida. Por vezes deixam soltar tão facilmente as fagulhas da tua necessidade em relação a mim que parece brincadeira. A vida é um circo António, e o bobo és tu.
Hoje sorri ao som dos violinos.
Hoje sorri ao som dos violinos.
abril 28, 2013
ele, a questão
és o escuro por baixo da luz, a minha. E hás-de ser sempre sombra que insiste em tombar a luz sobre a árvore, a nossa.
não há quartos separados às 4h da manhã
tenho um carinho especial pelos acordes sádicos da música clássica, porque quando eles surgem invadem a casa com pouca velocidade ora pela manhã, ora durante a tarde e quando a noite me penetra no âmago.
Chopin em particular amolece tão tacitamente os móveis e deixa um resto de luz sobre o pó da casa. A recordação de que o tempo passa.
Lembra-me o sonho eterno da casa de campo em França e as folhas inundadas de literatura desconhecida.
Dentro do poder alcoólico do passado eu posso escrever. Eu escrevo.
Chopin em particular amolece tão tacitamente os móveis e deixa um resto de luz sobre o pó da casa. A recordação de que o tempo passa.
Lembra-me o sonho eterno da casa de campo em França e as folhas inundadas de literatura desconhecida.
Dentro do poder alcoólico do passado eu posso escrever. Eu escrevo.
abril 27, 2013
abril 26, 2013
Chopin em Abril
Karen mantinha-se firme sobre o escadote enquanto colhia os frutos para dentro de um cesto. Os limões sentiam esse carinho do sol a cobrir-lhes a casca, e também ela com a camisola de franjas se sentia abençoada com os cabelos impecavelmente ondulados de um tom castanho claro. Alheava-se no jardim até ouvir a voz dele a regressar ao seu encontro, e vê-la de sorriso colado nos lábios, porque a Primavera fazia-lhe bem. E entre as colheitas e a escrita o sorriso dele era a sua actividade preferida.
abril 25, 2013
abril 24, 2013
07h43
Compreendo que Adrienne Rich quisesse encontrar-se em "Diving into the wreck", mas hoje ultrapasso isso tudo. Quando abri as janelas da cozinha para receber a manhã foi como se tivesse mergulhado no mar, para depois desse fundo gelado desembarcar na Grécia. Hoje sou azul-céu de Santorini.
abril 23, 2013
08h00
Às sete saímos de casa. Embarcámos na poeira nítida da estrada que dava para o mar e o sol cobria-nos os sentidos.
Andar de carro cedo numa manhã de Primavera e saber que estás no meio da peça da tua vida faz-te a personagem principal de todo esse drama, e hoje sou pontos de exclamação e didascálias. Sou Isolda com truques de magia.
Andar de carro cedo numa manhã de Primavera e saber que estás no meio da peça da tua vida faz-te a personagem principal de todo esse drama, e hoje sou pontos de exclamação e didascálias. Sou Isolda com truques de magia.
abril 22, 2013
a antropóloga
Neste momento contentar-me-ia em ser Helen. Com roupas delicadas e trejeitos profundamente embriagados. Um cigarro cuidadosamente empregue na mão direita cuspindo fumo para a mesa do lado e acordes de piano nos lábios nus, sem qualquer vestígio de batom. É que a sua cor natural já era vermelho escarlate.
14h51
às vezes dá-me gozo que caias nas garras do amor. Só para te ver cair agora que eu já estou de pé.
abril 21, 2013
azul marinho
aquela bolsa que eu sempre andei à procura, de cores cintilantes e porte pequeno? Esteve no mesmo lugar de sempre. Esta manhã desenterrei-a.
abril 20, 2013
10h00
Pintei as unhas de bordeaux encantado para me lembrar das noites em Itália com pão de alho e vinho tinto.
Vesti-me nos tons de Roma.
abril 19, 2013
na corda bamba
Hoje acordei num vermelho carmesim a rebentar de um cesto de frutas. Com o vento a passar devagar entre as arestas do corpo jovem que reconheço ser o meu.
Isto é o órgão da estação a bombear. Os ruídos da mudança do tempo.
Isto é o órgão da estação a bombear. Os ruídos da mudança do tempo.
abril 18, 2013
devolver a liberdade
queria recolher-me debaixo das árvores e guardar a luz daquele instante, do tempo em que estive lá, onde os pássaros elegiam as flores. Onde o pacto que fiz com a natureza confiava em mim para permanecer eterno, para que a Primavera nunca tivesse fim.
Eu quis que a Primavera nunca acabasse.
a definição de amor
o amor é uma paixão natural que nasce da visão da beleza do outro sexo e do pensamento obcecado dessa mesma beleza.
abril 17, 2013
Cira e Raul às 17h46
Havia uma melancia no chão quando eu cheguei. Um lenço atado ao suporte do microfone, uma pandeireta, um saxofone, um violoncelo, um xilofone, uma viola e uma guitarra portuguesa.
Ela tinha os lábios vermelhos e brincos compridos, ele um desenho na barba.
Era o projecto Olivenza.
Oh Ibéria, és daquele ouro enterrado. Um verão desesperado.
Ela tinha os lábios vermelhos e brincos compridos, ele um desenho na barba.
Era o projecto Olivenza.
Oh Ibéria, és daquele ouro enterrado. Um verão desesperado.
abril 16, 2013
hoje sou prata
"que sejas humilde e brando,
porque talvez estejas sonhando,
embora vejas que estás acordado"
JORNADA II versos 455-562
porque talvez estejas sonhando,
embora vejas que estás acordado"
JORNADA II versos 455-562
abril 15, 2013
00h00 junto a um candeeiro
A Praça estava quase vazia, o sol ainda cobria as seis colunas históricas da Universidade, e haviam crianças ao longe, ou talvez perto, que fugiam dos pais e tingiam o chão com o eco das gargalhadas primaveris.
Ela também chilreava. O vestido branco pelos joelhos que deixavam os ombros a descoberto. Num laço o tecido de algodão fechava-se no pescoço. Os pés espreitavam fora das sandálias clássicas, e junto à linha óssea do colarinho ela carregava uma pedra no colar com cores orientais.
Talvez estivesse há já alguns minutos a observar a torre que deixava o sol desfiar-se em linhas contínuas por entre os intervalos de pedra.
E no entanto, o calor não incomodava. A brisa fresca teimava em abanar as ranhuras do vestido e em deslocar-lhe as ondas dos cabelos morenos libertando a fragrância a frutos vermelhos do shampoo.
Ele reparou. Chegou-se mais perto depois de a ter perscrutado de longe junto à Porta Férrea. Imitou-a no gesto, e quedou-se em frente à torre.
- Nem todos podem subir, disse ele.
Ela soltou uma leve gargalhada.
- Nem todos os sítios têm coisas como estas. Lisboa não tem Universidade assim...
Ela interrompeu a fala, escutou o olhar dele, que agora parecia retesado e continuou.
- A minha não é assim.
- É por isso que vem tanta gente a Coimbra, concluiu ele.
A lógica parecia bastante simples.
- Eu sei, anuiu ela.
Durante alguns segundos não falaram. O sol estava quase a despedir-se do céu. Ela queria permanecer naquele instante, atrever-se a descobrir os mistérios da noite sobre os edifícios, mas já era tarde.
- Tenho de ir. Adeus.
Nesse momento ele travou-a. Com a fala. Também era simples.
- Queres subir?
Foi uma brincadeira de minutos até a noite tomar definitivamente conta de tudo e manchar o negrume de estrelas. Quando desceram e se viram outra vez no pátio, a rapariga insistiu mais uma vez contrariada na despedida sem antes que ele lhe perguntasse:
- Como é que te chamas? A rapariga de Lisboa... - o olhar inebriado sobre a tez dela.
- Mariana. O meu nome é Mariana, terminou ela.
Ela também chilreava. O vestido branco pelos joelhos que deixavam os ombros a descoberto. Num laço o tecido de algodão fechava-se no pescoço. Os pés espreitavam fora das sandálias clássicas, e junto à linha óssea do colarinho ela carregava uma pedra no colar com cores orientais.
Talvez estivesse há já alguns minutos a observar a torre que deixava o sol desfiar-se em linhas contínuas por entre os intervalos de pedra.
E no entanto, o calor não incomodava. A brisa fresca teimava em abanar as ranhuras do vestido e em deslocar-lhe as ondas dos cabelos morenos libertando a fragrância a frutos vermelhos do shampoo.
Ele reparou. Chegou-se mais perto depois de a ter perscrutado de longe junto à Porta Férrea. Imitou-a no gesto, e quedou-se em frente à torre.
- Nem todos podem subir, disse ele.
Ela soltou uma leve gargalhada.
- Nem todos os sítios têm coisas como estas. Lisboa não tem Universidade assim...
Ela interrompeu a fala, escutou o olhar dele, que agora parecia retesado e continuou.
- A minha não é assim.
- É por isso que vem tanta gente a Coimbra, concluiu ele.
A lógica parecia bastante simples.
- Eu sei, anuiu ela.
Durante alguns segundos não falaram. O sol estava quase a despedir-se do céu. Ela queria permanecer naquele instante, atrever-se a descobrir os mistérios da noite sobre os edifícios, mas já era tarde.
- Tenho de ir. Adeus.
Nesse momento ele travou-a. Com a fala. Também era simples.
- Queres subir?
Foi uma brincadeira de minutos até a noite tomar definitivamente conta de tudo e manchar o negrume de estrelas. Quando desceram e se viram outra vez no pátio, a rapariga insistiu mais uma vez contrariada na despedida sem antes que ele lhe perguntasse:
- Como é que te chamas? A rapariga de Lisboa... - o olhar inebriado sobre a tez dela.
- Mariana. O meu nome é Mariana, terminou ela.
abril 13, 2013
abril 12, 2013
às 17h00 de Istambul
comprar pão é uma manhã de verão onde nada de mal pode acontecer. saúde espiritual. vento. sol. é semear a alma e deixá-la crescer. e foram apenas uns minutos de casa à padaria.
08h40
Às vezes tento entender porque é que ao fim de um tempo apareces sem avisar. Actuas sem constrangimentos, como se para substituir todo o buraco deixado pela ausência pesada dos teus passos.
É porque na verdade andava a sentir-te a falta, admito certos pensamentos, mas andei mais atenta em mim, e não me causou estranhamento por dentro, porque no fundo, amor, és uma miragem.
E quem muito acredita em miragens muito depressa se esquece delas.
É porque na verdade andava a sentir-te a falta, admito certos pensamentos, mas andei mais atenta em mim, e não me causou estranhamento por dentro, porque no fundo, amor, és uma miragem.
E quem muito acredita em miragens muito depressa se esquece delas.
abril 11, 2013
22h18
Comecei por te escrever com acordes de uma canção intitulada "freedom". Nem sequer a procurei, mas hoje tive que explicar porque é que és o pão de sementes aquecido com manteiga.
Sempre te achei a minha versão menos recatada, a que menos se lembrava de ser triste.
Nunca te falei dos poetas, mas não o preciso visto que sabes o que é o belo.
Compreendes as minhas viagens de comboio, a catarse dos meus dias, a abnegação do tempo, as dores no ombro, os corações azuis no passeio de Lisboa, que hoje contei oito, e aquele apartamento no 1º andar com vista para as andorinhas onde faço amor quando não estou com as palavras.
Tu também és um desses momentos quando não estou em fase gramatical, quando descanso de mim e lembro-me que a liberdade existe. És iluminuras de Barcelos e és todos esses beijos de longe. Nunca te contei o meu segredo. Nunca te disse que desejo intensamente a música que entra em mim energicamente, a literatura que é escrita fora de mim e que do mesmo modo me incomoda, me envolve as entranhas.
Nunca te contei que queria ser excêntrica como a Salomé e que agora mo atrevi a ser.
E posso contar-te estas coisas todas porque as adivinhas sem revolta, com calor.
Já te disse que eras a versão menos recatada de mim? O pão de sementes aquecido com manteiga?
Sê-lo-ás sempre porque és parte de mim. Porque és a Mariana.
Sempre te achei a minha versão menos recatada, a que menos se lembrava de ser triste.
Nunca te falei dos poetas, mas não o preciso visto que sabes o que é o belo.
Compreendes as minhas viagens de comboio, a catarse dos meus dias, a abnegação do tempo, as dores no ombro, os corações azuis no passeio de Lisboa, que hoje contei oito, e aquele apartamento no 1º andar com vista para as andorinhas onde faço amor quando não estou com as palavras.
Tu também és um desses momentos quando não estou em fase gramatical, quando descanso de mim e lembro-me que a liberdade existe. És iluminuras de Barcelos e és todos esses beijos de longe. Nunca te contei o meu segredo. Nunca te disse que desejo intensamente a música que entra em mim energicamente, a literatura que é escrita fora de mim e que do mesmo modo me incomoda, me envolve as entranhas.
Nunca te contei que queria ser excêntrica como a Salomé e que agora mo atrevi a ser.
E posso contar-te estas coisas todas porque as adivinhas sem revolta, com calor.
Já te disse que eras a versão menos recatada de mim? O pão de sementes aquecido com manteiga?
Sê-lo-ás sempre porque és parte de mim. Porque és a Mariana.
abril 10, 2013
as razões de Abril
sinal no peito
uma taça de morangos e um iogurte natural
o concerto falhado do tocador de realejo
Eça de Queiroz rubrica na parede dos lavabos
os mundos do séc. XIX na tinta estalada do quarto
Lisboa e corações azuis
leituras secretas à noite na biblioteca
prémios literários
Marcelo Camelo no Tivoli
dor no ombro
estudos imbecis na rádio
uma taça de morangos e um iogurte natural
o concerto falhado do tocador de realejo
Eça de Queiroz rubrica na parede dos lavabos
os mundos do séc. XIX na tinta estalada do quarto
Lisboa e corações azuis
leituras secretas à noite na biblioteca
prémios literários
Marcelo Camelo no Tivoli
dor no ombro
estudos imbecis na rádio
08h00
As manhãs com Ed Sheeran são melancólicas. São um jogo de escondidas. Nem sequer tenho tempo para pensar em ti.
Não me preocupo.
Não me preocupo.
abril 09, 2013
abril 08, 2013
09h24
Nessa manhã já era verão. A praia já era cal derretida até formar areia branca. As Dunas arrastavam-se no movimento dos cabelos rebeldes castanho amêndoa. A avenida decorada de árvores carregava-a no passeio com aquele vestido branco de Atenas, a pedra com misturas de cores do oriente ao pescoço e os pés descalços.
O instante em que ela sorriu para ele, ficou-lhe gravado na memória como uma curta-metragem a passar em câmara lenta.
Ela era intemporal.
O instante em que ela sorriu para ele, ficou-lhe gravado na memória como uma curta-metragem a passar em câmara lenta.
Ela era intemporal.
abril 07, 2013
15h16
Hoje ouvi o canto dos pássaros. Senti Itália nos pêlos eriçados dos braços. A gastronomia de um grupo de padres do sul num prato de um ilustre inglês.
Hoje a Primavera é vermelha arterial.
Hoje a Primavera é vermelha arterial.
abril 06, 2013
o velho das 15h18
no Domingo passado apaixonei-me por um velho de barbas brancas. Vestia uma gabardine verde tropa. Colocou o jornal em cima da mesa. Retirou a caneta do compartimento secreto do casaco, e destilou a realidade evaporando para as palavras cruzadas do jornal.
Quis desistir de ir ver o filme. Aquele cenário era o mais atraente de todos.
Queria dizer-lho.
Quis desistir de ir ver o filme. Aquele cenário era o mais atraente de todos.
Queria dizer-lho.
abril 05, 2013
08h38
sempre que o tempo adoece inclino-me para as convulsões mentais. Coisas saudáveis claro. Por vezes o frio aperta-nos tanto a pele que desejamos espevitadamente a certeza do verão. A segurança dos dias vazios mas ainda assim aproveitados. Todas as viagens que imagino no frio gelado acontecem no verão.
A rapariga russa que estava no comboio esta manhã é cozido à portuguesa e a banca de frutas em Istambul. O saco de laranjas , a história de amor que todos adivinham perversa, mas que seria salva pelo flagelo de um homem inteligente, que falasse noutra língua. A minha felicidade baseia-se nos pequenos sinais diários que me relembram as histórias dos livros,e, que aos poucos me dão oportunidade para construir a minha.
As pequenas vitórias que me lembram das palavras do Amadeu. Que me lembram a Estefânia. Dessa cruzada pelo comboio português até Salamanca. Detesto banalidades. Pode-se falar da condição humana de uma forma tão brilhante, e no entanto, ninguém se lembra dessa esfinge. Cingem-se todos a literaturas baratas, que alimentam a falta de ânimo.
Quando morrer só desejo ter o espírito aberto, para que me chorem apenas o corpo, e a alma? Essa, guardem-na em fotografias.
16h00
havia uma senhora que podia ter vivido numa casa com jardim interior e uma fonte. ela tinha cabelos loiros e olhos verdes como os peixes bravos do mar.
abril 04, 2013
abril 03, 2013
19h51
hoje choveu. reconheci o cheiro fresco da chuva. o incómodo da humidade a espalhar-se nas pernas, o cabelo a rebelar-se. a maturidade que me atingiu o pensamento. e a realidade consoladora de que serei sempre jovem enquanto for amada. a chuva amou-me hoje.
abril 02, 2013
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