outubro 31, 2012

58.

Hoje ficas deste lado.


outubro 30, 2012

Don't waste your time on me you're already the voice inside my head (I miss you, miss you)

Acho que fomos sempre brilhantes em todos os sítios por onde passámos. Seja nas escadas à entrada da mercearia a cantar uns Da Weasel, no banco da estação de comboio a comer um McDonald, na cama quente de verão a negociar beijos, numa falésia a olhar o mar ou no assento do carro a ouvir música e a dançar. Acho que de todas essas vezes não pensámos nos outros. Não satisfizemos os outros nem demos colo aos outros. Tratámos de nos amar como duas pessoas normais. Fizemos questão de dar carinho um ao outro e em conjunto fazer amor nas estrelas.
Durante o tempo que estivemos juntos, nenhum cometa colidiu com a terra nem nenhum desastre de avião aconteceu nos céus.
Durante o tempo em que fomos nós havia cura para tudo. Resumindo e concluindo: éramos felizes.




outubro 28, 2012

There you go again making me love you

Ainda te uso. Sim ainda te uso. Aperto as calças com o teu cinto. Beijo os pulsos com a tua pulseira. Exponho na parede o bilhete e postal do paraíso. Ainda visto roupas desse verão. Sim ainda te visto. Ainda mostro os sorrisos que mostrava e a vergonha à porta da casa de banho enquanto namorávamos de manhã com óculos de sol postos na cara.
Ainda me lembro das nossas tentações. Ainda me lembro como te vestias todos os dias, como te estendias na cama a dormir e me agarravas como um homem.
Sim ainda te uso. Ainda te levo. Ainda te vivo. Ainda te bebo. Ainda te desejo.

Mas sabes que mais? Tudo isso cansa porque de mim só te lembras dos dígitos de emergência.


outubro 27, 2012

57.

I'm done trying. If you want me in your life, let me know. Bye. 


56.

Vou-te contar um segredo. Foste o amor da minha vida. Eu não sabia nada de nada. Sabia as estações do ano, sabia de cor a cor dos táxis e sabia de cor como se faziam gorros para o Inverno. Mas quando chegaste abriu-se uma porta pequenina e entraste. Deste-me isso. Deste-me a vontade, deste-me a coragem e deste-me o tempo.
Agora, és um miúdo que vive sem mim. Um chavalo com mania pelas ruas e garganta seca. Agora és outra pessoa sem mim. Já não és quem me dava amor. Já não és quem me pedia para ficar. Não és e seu eu te perguntar não vais saber responder porquê. Se eu te perguntar não me vais saber dizer porque foste embora   e ainda assim sentindo saudade. Eu também tenho saudades. Tenho saudades de estar com alguém. De abraçar alguém. De brincar com alguém. De amar alguém. De ser alguém. Tenho saudades de estar contigo e de ser Verão contigo. Tenho raiva do presente e saudades do passado. Tenho raiva de ti, porque és um chavalo e já não te vejo como via antes. Agora andas de maneira diferente e falas de maneira diferente. Sem desejo, sem interesse, sem alegria. Com mania.
E o pior de tudo é que ainda te desejo. Ainda te quero e ainda peço que me queiras também, porque afinal de contas foste o amor (pequenino) da minha vida.~

outubro 26, 2012

bonequinho de trapo

dás-me vontades sem eu as poder ter. Dás-me desejos mirabolantes. Dás-me passeios no escuro e com a água a molhar-nos as calças- Dás-me vontade de te bater à porta, raptar-te e levar-te para fora. Para dentro. Para onde quisermos ser sem o resto do mundo. Provocas-me.
A maior parte de nós acorda e leva a vida despercebida para a rua, mas eu, eu levo-te a ti. Arranco-te de casa ás escondidas e levo-te para os jardins da Gulbenkian, para as salas de aula, para o café, para a cama, para os sonhos.

Eu levo-te porque não suporto o facto de não estares aqui.


outubro 25, 2012

o fruto proibido é o mais apetecido

vou-te dar um figo sem o poderes comer para perceberes o que sinto em relação a ti.~


outubro 24, 2012

54.

Hoje éramos duas rolas enfiadas na cama. Dois passos em direcção à cozinha e um regresso agudo do tabuleiro com leite e bolacha maria. Hoje vendíamos o esforço de ser o dia-a-dia e conquistávamos a eternidade a voar. Hoje éramos tu e eu, sem chocar.
Porque não hoje?


outubro 23, 2012

então se é assim tão simples, porque é que não estás feliz?

Gostava de te odiar mais. De te irritar até ficares pelos cabelos. De te deixar para trás num dia onde a chuva te molhe a ti, aos parvos. Gostava de te desprezar mais, de ignorar as tuas chamadas e as tuas mensagens. Fingir que o mundo anda sem ti, e fingir que o mundo respira sem ti, porque tu não és oxigénio, és dióxido de carbono.
Gostava de te abandonar durante a noite e dizer aos teus amigos que é impossível aturar-te. Gostava de te perguntar o porquê e do quê. Gostava de saber porque é que ainda continuas aqui e ainda pedes favores para me fazeres acreditar que ainda podes ser meu e eu coitada vou na maré. Gostava de te largar no mar e te afogar. Esquecer-te o corpo, os jeitos de cabelo, os movimentos de lábio e a maneira mágica como sabes fazer amor. Gostava de te odiar terrivelmente. Não suportar a tua voz. Não saber onde estás e com quem estás. Se estiveres, desaparece.
Gostava de acordar e ter-te na lista negra e andar na rua e pensar noutro rosto e desejar outro corpo. Querer beijar outros lábios. Gostava de te tirar da minha vida rapidamente e chamar-te de um outro qualquer. Gostava de te rebaixar em frente aos outros e humilhar-te perante os outros. Gostava de deixar-te louco, louco e louco outra vez. Até perceberes que não destruímos as pessoas que amamos.


outubro 22, 2012

53.

Hoje os namorados estavam outra vez no metro. Hoje quero um daqueles beijos que me davas.~


eras uma utopia

Estou-me sempre a lembrar do truque de magia que eras tu, o teu sorriso e a tua casa. Sim- tu rapaz- eras um joguinho limpo, um rosto giro e tinhas graça.
Faltava-te o tino, mas era isso que me deixava sem jeito.
Já reparaste nisso ou não? Já te deste conta disso ou não? Já te lembraste de ir atrás no tempo e veres essa sacanice de miúdo que te ficava bem e não te aleijava o ego?
Eu já. Agora mesmo. E apetece-me entrar de novo pela primeira vez na tua casa. Saber-te apenas o nome e achar-te giro e querer-te aí quieto de sorriso a enfeitar-te a boca. Apetece-me entrar outra primeira vez na tua porta, olhar-te pela primeira vez e ter a oportunidade de me apaixonar de novo por ti, porque isso, meu querido, era o que me deixava uma e outra vez esganada de fome de alegria. E quando se tem fome, há que alimentar a fera.

outubro 21, 2012

cabeça no sofá

durante esta noite e enquanto a manhã não chegava lembrei-me ,ou melhor, apercebi-me de que contigo vi e aprendi as melhores coisas do mundo. contigo não houve uma noite que não fosse espectacular, e por isso é que me lembrei de ti esta noite. Contigo não houve uma manhã que não tivesse sol a bater-nos nos cantos dos olhos e por isso é que me lembrei das nossas manhãs esta noite. Contigo não havia falta de emoção, e por isso é que me lembrei do nosso êxtase esta noite. Contigo havia prazer. Contigo havia carinho. Contigo havia filmes no sofá e havia beijos roubados junto à parede, e por isso me lembrei das nossas expressões de amor esta noite.
Era sempre contigo que havia mais sol, mais Primavera, mais Verão. E por isso é que me lembrei da nossa estação esta noite. Contigo não havia chuva, e por isso me lembrei do paraíso esta noite.
Porque esta noite, houve frio, houve chuva e falta da marca do teu corpo do outro lado da cama. E por isso é que te quero esta noite.
Gelado e manta no sofá?

outubro 19, 2012

tectos

Já não te procuro. Não preciso. Estás aqui a acalmar a chuva e o vento, e por isso é que por cima das nossas cabeças há sempre sol e há sempre Primaveras em nós. Oh não imaginas as saudades que tinha de te sentir o quente das pernas, de te provar o sorriso por mais de dois minutos. De te ver andar à minha frente e ao meu lado e a brincares como se fôssemos crianças. E eu sou a maior criança delas todas, porque não consigo parar quieta. Não sei estar quieta. E sempre fomos putos no parque.
Oh como já não te procuro. Estás aqui. É como um beijo de chegada.

outubro 18, 2012

chove muito disso aqui para estes lados

não te falta nada, e o que te falta ofereces-te nessa tua postura de homenzinho. Foi por essa pessoa que me apaixonei. Nem me dei conta de que estava apaixonada. Já só te queria para mim. Já só te queria assim dessa maneira tão sacaninha, tão sedutora.
Bato-te palmas. Tinhas jeito para calar-me o mau génio. Tens jeito para todas.
E agora chove muito disso cá por estes lados. Chove desejo de te ter, de te ver a seduzir-me, de te ver a sorrir-me e a representares esse homenzinho outra vez.
Chove.


outubro 17, 2012

gosto das sextas porque a seguir vêm os sábados

Estava a gostar das nossas pequenas existências aos nossos fins-de-semana. Estava a gostar do que achava que tinha, mas agora não há azul para ninguém. Decidiste andar sem mim, respirar sem mim, fazer amor sem mim. Decidiste ser-te sem mim. E não te posso tirar o veneno do cérebro. Deixaste o melhor pelo pior. Quem sabe se um dia não quererás de volta quem te dava massagens nas costas. Quem te beijava o pescoço e quem te passava a mão pelas costas porque te arrepiava e aleijava de prazer. Quem sabe um dia quererás de volta quem te encostava à parede e te dava beijos, quem brincava na rua ao teu lado e quem comia McDonalds na estação de comboio contigo. Podes vir a precisar de mim outra vez. Podes até sentir saudades. Podes vir a pedir mais sábados e vestidos azuis. Quem te fazia a cama e se deitava nela contigo. Quem te não negava amor mas to dava todo, todinho até se esgotar o dia. Quem te arrastava até casa na madrugada depois da festa. Quem ia para o trabalho com o beijo teu na testa. Quem descansava no teu colo no chão do teu quarto em pleno verão. Quem te seduzia numa tenda no paraíso. Quem te orgulhava porque eras rei. E quem é que te evaporou? Tu. Talvez sintas falta desse conforto. Desse calor na pele e da paixão nos lábios. Desse frio na barriga. Desse estado de felicidade permanente. Dessa vontade louca de te ver. De quem te esperava todas as noites e corria para ti todas as tardes. Talvez sintas falta de quem, mais que toda a físico-química, te dava amor e te ainda dá amor, apesar de já não saberes o que é bem o amor.
Talvez sim. Talvez não.

52.

Hoje tudo o que tenho a dizer é que tenho saudades tuas. Tenho saudades tuas. Tenho saudades tuas pronto. E bem que podias voltar.

outubro 16, 2012

51.

Hoje vi dois namorados no metro e lembrei-me de nós.

outubro 15, 2012

50.

Dá-nos para isto. Para estes laivos de loucura e simpatia de vez em quando. Levamo-nos na mala de viagem  um do outro e fazemos negócios com o tempo para nos voltarmos a ver. É como tudo. Encaixamo-nos. Ultimamente passo-lhe cheques e batom nos lábios. Sem ti aprendi a oferecer mais coisas a mim mesma, mais amor mas também mais corpo. Não sou mulher apenas para o espelho, mas também  para ti e para todos os que se parecem contigo. E tu que és sacana, vestes-te de azul como se não entendesses esta minha provocação. Para ti vou usar saltos e maquilhagem para mim e para impressionar o meu mundo, mas no fundo ando de perna trabalhada e postura elegante para ti, por ti. Porque te quero desalmadamente a arrancar um elogio da boca, a levar-me contigo para o sítio certo-que tu sabes de cor- e a pedir por mim outra vez. Porque somos melhores um colado ao outro. A sacana com o sacana. Não percebeste? Então retomo: somos impressionantes do mesmo lado da fotografia, apesar de não aparecermos muito nela. Estamos quase sempre do outro lado a dançar. A seduzir. Porque temos química, porque vestimos azul e existimos aos sábados. Volto a repetir. Vai haver sempre um dia em que despimos a roupa e baixamos a guarda e percebemos que tu és o homem e eu sou a mulher. E mulher que anda de salto e vestido curto tem que andar com homem de ténis bonitos e t-shirt espampanante. Então agora, já podemos voltar ao sábado?


outubro 14, 2012

49.

a comichão do cérebro desapareceu. Tiraste-ma. Levaste-a daqui para fora. A comichão do meu cérebro desapareceu. E agora acredita que foi de vez, com força, porque te prefiro à comichão no cérebro. À falta de jeito. Prefiro-te à realidade dolorosa dos outros. Aos sermões dos outros de que não és para mim. À falta de cuidado de mim. Prefiro-te ao descuido, à estupidez e à ingenuidade. Prefiro-te porque não gosto da comichão do cérebro. Não gosto. Pronto. Gosto é de ti. Do estares aqui. Ao fundo da rua. No meio da pista. À distância de um sorriso e de um elogio. Gosto disso. Prefiro-te à falta de amor. De sexo. Prefiro-te a ti. Ao teu jeito de mão a agarrar-me na cintura. Aos teus braços fortes. Ao teu andar para o Norte. Prefiro-te. E agora que a comichão do cérebro desapareceu não me faças mais dizer que te prefiro. Não visto azul por acaso.


outubro 12, 2012

somos sábados e seremos sempre os sábados

já expulsei todos os pretéritos perfeitos e imperfeitos que tinha na mala contigo. Agora és o meu presente porque te quero no presente e vivemos no presente um do outro. Nas escadas de cada prédio, nas nossas chuvas, pistas de dança e cozinhas cheias de louça. Já expulsei todos os medos e inseguranças. Já expulsei todas as merdas que não se encaixam na nossa vida para dar lugar a coisas novas que nos fazem a medida perfeita do corpo. Já só nos falta o mundo todo pela frente, e eu quero-o contigo.
portanto não te esqueças de me pedir para dançar.



dança de ventre

hoje apercebi-me de que sim, ainda te desejo de várias formas parecidas àquela que te amei há uns tempos. Mas agora, arranha-me mais o cérebro, aperta-me mais as paredes do coração e deixa-me muito mais de rastos todos os dias, mas por isso- essa loucura de ti- eu treino-me todos os dias. Solto mais a voz, balanço-me na noite e procuro surpreender-te para continuar a ter-te.Não de essa forma, colado a mim a dançar agarrados numa estação de serviço no verão, mas assim lembrando-nos um do outro e querendo aos lentos e escassos segundos um pouco mais a presença um do outro. Ai esse sorriso sim. Dá cabo de mim. É isso que ganho. O gesto de contraíres os lábios, de simplesmente andares do meu lado, de me falares ao telefone com voz de miúdo perdido e de seres tão superior ao mundo sem saberes.
Ninguém te ama mais que isto. Desta forma tresloucada e impossível e infantil que eu amo. Desta forma engraçada, sedutora e brincalhona como eu. Desta forma imprevisível, ardente e abundante que eu amo.
Ninguém. E quando digo ninguém, nem as estrelas e cometas que nos voam por cima das cabeças amam. Miúdas de esquina, falsas bonecas de luxo ou crianças com batom de mulher. Sereias encantadas, donzelas endireitadas com espartilhos e dondocas enrabadas. Ninguém. Só eu. Miúda constipada, que dança à chuva no meio da rua e que pede aos anjinhos mais uma noite para te ver, porque é a noite que te assenta que nem uma luva.



outubro 09, 2012

sumo de laranja natural

Querida Raquel, eu sempre pensei que com esta revolução me tornasse mais fraca, menos capaz, mas tenho-me vindo a aperceber que crescer ao Sol não é ter a vida facilitada, é sorrir no esforço, é aguentar, lutar e superar. E é isso que tenho tentado fazer desde que a guerra começou.
Bem ou mal sucedida eu vou tentando, por mim, por ti e pelos outros, pelos que me dão força e pelos que amo.
E não penses que não lutei para superar o A, para seguir sempre em frente na rua e chegar a casa nesse dia e dormir.
Mas no sábado não quis fechar os olhos. Isso é para quem não tem sonhos. E o meu sonho é ele pequenina. Eu sei que provavelmente já viveste mais coisas que eu, mas eu com o que já vivi aprendi que há várias formas de amar, e há várias coisas para se amar. O António é aquele quadro adocicado que apetece olhar e comprar na galeria. É aquela pessoa com quem queres passar a noite e dançar no meio da rua. O amor e a atracção são mesmo assim. É sádico, magoa mas é tão magico meu amor. E eu sempre preferia ter alguém do que ninguém. Estou presa a ele e ele de certa forma, vais estar sempre preso a mim.
Vivemos dentro da lei da atracção e descansamos na presença um do outro. Prefiro tê-lo assim, perto de mim, sem defesas e sem receios e com o rosto apaixonado de sempre, do que tentar viver de uma imagem dele. As memórias podem ser traiçoeiras.
Portanto tenta não viver de memórias e parte para a acção.
És muito nova e tens muita vida para encher-te de beijos e alegrias.
E amo-te demasiado para te ver sofrer.

Mariana

outubro 05, 2012

48.



São estúpidos. São maravilhosos. Encantadores. Sedutores. Sorriem na nossa direcção, e colocam o braço à volta do nosso ombro. Sentam ao nosso lado, respiram ao nosso lado, adormecem ao nosso lado. Fazem directa ao pé de nós, riem junto de nós e caminham rumo à praia junto a nós. São irresistíveis. Sussurram ao nosso ouvido. Falam baixo no escuro a partir da meia noite. Encostam-se a nós quando está frio, puxam-nos as mãos e entrelaçam os dedos deitados na praia. Escolhem o espaço do nosso ombro para encaixar o queixo e nos falar ao ouvido. Ouvem o vento connosco. Sorriem connosco e vêem o põr-do-sol connosco. Levam-nos a casa e despedem-se com beijos. São inacreditáveis. Roubam-nos beijos no meio da rua. Encostam-nos à parede e pousam a mão no nosso rosto. Olham-nos nos olhos e sem vergonha puxam-nos para o quarto.
Nós escondemos a cara, aninhamo-nos no chão e mordemos o lábios.
São desejáveis. Vestem roupa simples que lhes cai bem. Trabalham o corpo e olham para a multidão descontraidamente. Tomam banho e saem com a toalha à cintura. Vêem desenhos animados. Têm vários talentos.
Adormecem de manhã junto a nós. Adormecem à noite connosco. Chegam a casa de madrugada connosco e riem às gargalhadas na rua connosco. Andam de mãos dadas connosco. Fazem promessas. Eles são sedutores.
São simpáticos quando estão connosco. Dançam na cozinha connosco. Vêem televisão connosco. Brincam connosco. Atiram-se para a cama connosco e passam férias connosco.
São estúpidos. Deixam-nos para trás. Gostamos deles inexplicavelmente. São irritantes. Têm lábios saborosos. São idiotas. Fazem-nos gostar durante tanto, tanto, mas tanto e tantos tempos.

Eles, são homens.


outubro 03, 2012

47.

Ontem lembrei-me do terraço. Hoje lembrei-de do terraço ao acordar.
Há algum tempo que me lembro do Terraço Raquel. Da altura do prédio e da distância da praia. Lembro-me tão bem de sorrir para o ar enquanto o calor nos suava os dedos.
Lembro-me dele assim, como uma visão. Leite-creme e rosas perfumadas era a nossa combinação dessa tarde.
Lembro-me do intervalo do meu ombro e do pescoço preenchido pelo queixo dele e da voz suave no meu ouvido.
A cintura pressionada pelo corpo dele, e este a ferver de paixão de mim enquanto me abraçava.
Não estávamos ali Raquel. Nunca estávamos ao pé de ninguém quando existíamos nós os dois no mesmo espaço. Alheávamo-nos do mundo e éramos apenas duas pessoas que se amavam.
Amávamo-nos loucamente e hoje não me consigo esquecer do terraço. Do meu vestido preto e do arco-íris no sorriso dele.
Dos lábios cheios e da boca dele que mais tarde vim a saber que sabia a morangos e especiarias. Sabia a fogo e a conforto.
Dos olhos cor de café, do esgar desajeitado dos olhos dele quando vinha na minha direcção e sorria para mim. Chegava-me. Era ali que nos encontrávamos, nos meus movimentos atrapalhados de braços e nos pulos e saltos nas escadas do prédio dele.
Era assim que conseguíamos ser. Duas pessoas a engolir o mundo e a respirar esperança. Duas pessoas que se encontravam no cimo das escadas e se abraçavam e beijavam como crianças com um chupa chupa.
Dois ou três minutos de paixão e depois vinha o amor no sofá. O ver televisão aconchegados e o dançar espontâneo na cozinha.
Hoje lembro-me do terraço e lembro-me que dava tudo para o ter de volta. De o ter ali, sem pressa, sem pressão, no coração. Tê-lo para mim e em mim.

Hoje não tenho pressa.

outubro 02, 2012

visão de outono triste

- Não há muito a dizer de mim e de ti. Somos um nós tão indeterminado como preciso. Não somos definidos nem no mar nem nas estrelas mas sim nas luzes néon. Essas são as nossas cores. Abraçamo-nos no escuro de uma noite onde as luzes batem palmas para nos voltarmos a ver. Sim. É na noite que nós sorrimos um para o outro.  Esperamos durante a semana para subirmos o rosto do chão e nos encontrarmos no olhar um do outro. E não é preciso dizer nada. Eu mordo o lábio. Quando o faço
é sinal de que estou feliz.