Anna andava de um lado para o outro sem saber o que pensar. O carreiro
de jacintos que se atravessava à sua frente festejava na colina até às
intercalações de pinheiros mais próxima. Naquele mar de vida, naquele sossego
triste só conseguia distinguir restos de nuvens que sobravam do dia anterior. É
que às vezes custava acreditar que naquele bocado de mundo inteiro restava
apenas um pedaço pequeno, uma porção de terra que lhe cabia nas mãos e com a
qual ela não sabia brincar.
Outrora fazia-o tantas vezes. Todas as horas livres, ela mergulhava na
imensidão que crescia no campo e que lhe roubava a atenção do mundo.
Era apenas uma pergunta, o tipo de pergunta que lhe consumia o dia e
lhe roubava as noites. Agora todos os minutos eram delinquentes e todas as
horas eram desperdiçadas porque havia tempo para gastar. Havia tempo para não
haver tempo.
“Who the hell are we?”. Sem estar à espera Maggie apareceu por detrás
de um dos arbustos e puxou-lhe o braço.
“ You’ve been walking
around here a lot lately”. Aquele sorriso delicado e rasgado como as
estrelas que roubavam o céu dizia ela.
“ It’s better here don’t
you think?”. O sol descia pela
colina. Era tarde.
“ Anna…”
“Don’t. It’s ok. You
don’t have to worry about it”.
“But everyone’s been
asking for you”.
“I know. But I need to
be here”.
“I believe you. When
you’re ready come back for us. There’s still a place in the house. We
love you”.
“Okay”.
Maggie afastou-se no trilho indeciso e correu até desaparecer a sombra
do seu corpo pequeno. Anna voltou a observar o mar. As ondas de raiva que
espumavam contra o rochedo.
Respirava-se melhor ali. Era-se melhor ali.
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