fevereiro 25, 2012

mes emmerdes

Quando te passeias a ti e ao livro e reparas no abstracto delicioso da nostalgia que te acompanha no lado direito da rua. A sombra que a luz provoca nos teus passos e que insiste em andar contigo de um lado para o outro como se entre ti e esse ego existisse uma relação, e que dorme contigo adormecida no tempo. Este é o meu lado francês que insiste em dançar músicas de 1976 e que no canto silencioso no meio da multidão que é o quotidiano dos outros cheira as páginas dos livros velhos. Esta é a minha dimensão ridículo que mora na ausência dos outros e no desaparecer dos bocados das outras gerações. Eu leio coisas de todos os tempos, vejo coisas de tempos nenhuns e vivo coisas de coisas incertas. Sou um círculo que se fecha e abre com as estações. E cresço mais na escuridão que na luz. Vejo a esperança em folhas caídas de árvores e em receitas que devoram a paciência de uma mulher. Quando fechas os olhos em pleno sol de inverno e te lembras de citar Rousseau e ouves Fernando Pessoa nos pássaros é quando és mais feliz. E vais-te surpreender quando olhares para trás e te lembrares exactamente como tudo foi e olhares para os teus lados e as tuas frentes e versos e perceberes que tudo aquilo fez parte de ti e é parte de ti. Quando escreves as palavras na tua ordem estás a criar a tua lógica e ninguém compreende isso mais que tu. És um privilégio por saberes mais de ti que o resto do mundo inteiro. E se saber de ti é saber de algo especial então o mundo tem sorte por poder tomar café contigo e trocar duas ou três palavras cont-igo. Bonsoir :)

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