janeiro 27, 2012

give your heart a break

O amor anda um pouco aos solavancos. Os sons que se parecem com desejos eternos de felicidade agora já são capas de revista e passeiam-se sozinhos sem um cunho de mãos dadas. Com a crise, já deixámos o esforço de lado e conjugamos o verbo amar no pretérito perfeito. Levamos nas mãos as luvas da certeza de que tudo dará certo e não saímos de casa sem as vestirmos. Temos medos e temos idade avançada no que toca ao amor. Nada nos surpreende porque o amor agora é catalogado. Todas as mulheres e todos os homens escondem-se atrás de manequins e amor chama-os do outro lado da vitrina e quem passeia do lado fresco da rua não pensa em entrar na loja. O amor anda desaparecido. Anda malvado e anda sem forças para se mexer. Deixá-los aborrece mas também dá trabalho dizer-lhes que os amamos uma vez por outra ou dar um beijo na testa. O amor antes dava um pombo, cem escudos e um livro, agora um bilhete postal já se chama de exagero. E mata-nos saber que o amor pode brincar connosco, mas a verdade é que quando se brinca com o fogo podemos acabar por queimar as mãos, ou neste caso, a alma.

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