fevereiro 05, 2011

a força dos afectos


Talvez houvesse outras formas de agir, de fazer as coisas e até de observar as pessoas. Mas não, temos de nos aceitar assim e fazer os possíveis para que o mundo nos acolha como somos e veja a beleza dentro de nós.

Hoje ao final da tarde li um discurso de Emmeline Pankhurst, grande sufragista e defensora dos direitos das mulheres. Um discurso claro, simples e apaixonante.

Um discurso que me fez perceber algumas coisas importantes na vida. Importante talvez não seja a melhor palavra para o descrever, mas considerável.

Ás vezes comovo-me com momentos que se fixam nas partículas do ar. Param de repente como se em âmbar estivessem fechados. Dentro do pequeno invólucro cor de laranja reside um momento mágico que sorri para fora como se de um pendente se tratasse. E são esses pendentes que trazemos ao pescoço.

Posso não ser muito inteligente mas choro quando preciso, escrevo com uma caneta de tinta permanente preta, sorrio para os estranhos e sou apaixonada pelo lunático do Pessoa e dos seus Pessoas

Sou feliz como sou e ainda me comovo com discursos do século IX. Ainda me incomodam os barulhos que me cortam a calma e a respiração. Ainda choro com a dor aguniante dos outros e guardo quantos-queres numa caixa pequenina debaixo da cama.

Tenho um diadema que irei usar no dia do meu casamento e em cima da cama tenho pendurado um saquinho com ervas aromáticas.

Durmo ás escuras porque gosto do silêncio da escuridão e sou apaixonada por estranhos.

Guardo as vozes dos desconhecidos no meu coração e assisto a um bailado sempre que posso. Com a minha mãe. A minha.


Gosto de cozinhar e receber família no nosso lar. Sim porque não se chama a minha casa, mas sim o meu lar. Gosto de arrumação e tenho alergia a lava-louças com vestígios de pingas de água.

Sou paranóica e amo demais tudo o que me pertençe na vida.

Tive um desgosto quando o meu gato morreu e não ponho um pé no cemitério. Gosto de rosas e orquídeas e dos homens que mas oferecem.


E gosto da vida. De saber que a posso gozar com toda a liberdade que ela engloba. E gosto de amar.

Amar tudo ao pormenor e amar o tempo que se dispõe aos meus pés para fazer o que quiser da minha vida.


Gosto do que sou.

Sem comentários:

Enviar um comentário