Nunca tive mestres, tive estalinhos nas orelhas. Na depressão católica do 5º ano percebi que queria a escrita devido a um estalinho numa orelha. Compreendi uma viagem dentro de quatro paredes que se desfaziam. Repeti palavras. Ainda hoje repito palavras, e lembro-me do estalinho na orelha.
Da facilidade com que se julga a realidade com dez anos, e um professor que nos dá estalinhos nas orelhas. Quedei-me pelos estalos, tal como as palavras. Ele era grande, enorme, gordo, com um sorriso obeso e maravilhoso.
Só mulheres em casa, até no papel. Ele era a fuga da depressão e uma viagem desculpada. Já disse que não tive mestres, apenas estalinhos nas orelhas. A Línguas Portuguesa como compreensão parodiada da minha existência.
e cada vez mais me delicio com a tua escrita!
ResponderEliminarEu também tive estalinhos nas orelhas, mas em vez de um professor obeso era uma professora com coração de ouro. Uma professora que olhou para uma menina de 9 anos e lhe leu o futuro como mais ninguém soube fazer.
ResponderEliminarTu superas as tuas próprias palavras. como é que é possível?
ResponderEliminarfoi mestre porque te confrontou com a tua mestria
ResponderEliminarvoltar à infância era das coisas que eu mais gostava.
ResponderEliminarUma maneira engraçada de descrever o teu gosto pela escrita ;)
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