agosto 11, 2013

mortes que não deviam ter lugar no verão

A Eduarda morreu. Não a conhecia. Dava aulas de piano. A mulher morta no caixão, rodeada de velas, e os outros a chorar lá fora na noite de verão. A morte mostra-nos que somos insignificantes. Mostrou-me que já sou indiferente, até fria.
Só o caminho do passeio se destacou. O smoking do seu sobrinho. O andar cambaleante de 50 anos só com uma tia. O primeiro passeio até ao portão da casa. O pequeno cruzeiro de pedras iluminado pela lâmpada do quintal, e pela sombra dos arbustos no princípio da casa. Aquela casa que já não era sua. Não era de ninguém. Era agora da morte.


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