julho 03, 2013

.

Eu ouvia-a gesticular em romeno com Sophie nos braços, a comer bolachas de água e sal, de olhos verde rio e cabelos finos louros. Via-a entretida na epopeia de amor com a filha e sentia inveja. Cólera, tristeza e vontade de escrever sobre ela. Escrever sobre a sala de leitores refastelada na sombra da luz ao fundo fora do janelão. Com os armários velhos de madeira gasta e clara forrados a rede de galinha. E dentro deles, a respirar, os livros antigos, provavelmente intocados há muito tempo. Aquela sala teria atravessado décadas sem um pouco de amor pelas paredes. E eu quis escrever sobre ela. Sobre uma hora dentro dela.


1 comentário: