julho 31, 2013

"Diz-me o que se gera na tua cabeça"

O que se gera na minha cabeça são coisas que nem tu, nem eu podemos compreender. É isso que sentes quando a morte te ataca o pensamento. A doce reconciliação com o crime. O teu idioma está na forma como te vestes.
Na revolução dos teus lábios que se calam. Os olhos negros falam por si.
O que se gera na minha cabeça, Sherlock, são quebra- cabeças de prazer por ver horizontes na cor dos teus olhos. A cor da terra molhada.
São dúvidas que se desfazem.

julho 30, 2013

Deus às 02h da manhã

Compreendi o significado de Deus às 02h da manhã sob o efeito de uma ganza. Detectei o corpo de uma cidade na janela de uma sala. Percebi que o sexo nunca será sexo banal. É uma intimidade na cama. Que o vinho das mulheres é o de uma mesa onde se fala de amor. Que uma madeixa de cabelo a destoar do resto da cabeleira pode ser perfeita. Que uma relação falhada pode ser perfeita. Que uma asneira pode ser perfeita. Que uma espera de 12 meses pode ser perfeita. 
Ontem às 02h da manhã sob o efeito de uma ganza percebi que não há coincidências, e, que só conheço o amor de uma forma: animal e selvagem.

julho 29, 2013

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És a arte da cumplicidade.

Goodreds Story



Mama always looked at us as if we were suspects of some murder in those icy mornings of December. Although the stony beach was right beyond our feet she wouldn’t let us run into the sand and take a walk for a change. French beaches were different. I was the daughter of Madame Claire and still I had never seen the beach. I had never seen those cold waters that could ruffle the hottest days of summer.
We did it anyway. We broke the rules and went on in circles, with our arms wide open singing to the wind and feeling the silky sand embracing our toes.
I almost cried of happiness. It was a strange feeling that Mama Claire would never understand. She was always saying that it was unsafe, harmful and venturesome. We liked adventures. I was the only daughter, so I looked at the sky and started pointing at the creamy clouds. They were almost like a dazzling pink that was stolen from a beautiful medieval dress.
My brothers were there in the distance of a wave that dragged them to the end of the sand line. I couldn’t breathe with the strong smell. It was a zesty maritime fragrance that burned the skin with pleasure. That was freedom. That was something infinite and tasty. It came to my mind those incredibly refreshing cones of strawberry ice cream that we used to buy in the village.
As the wind would come and go, my eyes started trembling and I couldn’t help crying. I felt like a child sobbing endlessly as if it that moment could disappear forever and I would be back to the house. To the disturbing presence of my mother.
As I looked to my right side I watched them running and playing around in the rocks, dragging their fingers and writing words of wonder in the yummy land.
I waved them and got closer and closer to the fresh waters. Some music was playing in my ears. I didn’t know which one was. It was a soft sound of a piano. Some I had listened a really long time ago. I felt sad. The melancholy took hold of me and I felt a lonesome on earth. I was no longer the same person. I wasn’t a child anymore. My hair had grown up and my body was changing.
I was a fearless lady dancing in the moonlight.

29 de Julho

This must be underwater love.

homem

por detrás dos nossos silêncios e vergonhas há tanto que te quero dizer.

julho 28, 2013

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O fundo do meu telemóvel é uma imagem desfocada de pingos de chuva numa janela. A claridade é uma cor morta. É para me lembrar que a felicidade também se ajoelha.


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A humidade dos teus lábios é um consulado de águas regionais. Um travo indeciso de húmus e especiarias.
Sonho prová-los de noite onde mergulho.
Homem, tens beijos que ainda não descobri.

julho 27, 2013

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hoje percebi que te quero e há uma estrada gigante que nos separa.

Não posso adiar o coração*

Fingir que não se ama, é anular a existência, ainda que se ame o ódio, e o diabo. Ainda que se ame as pedras e só o sexo. Ainda que se pense que não se ame.





* retirado de Não posso adiar o amor para outro século
António Ramos Rosa

a avó

A avó está há seis meses debaixo de terra. Recebe visitas no exterior. Eu choro. Agora pergunto-me porque choro tantas vezes, quando ao seu lado só havia uma alegria incomensurável e uma tradição de carinho que não se esgotava.
Acho que nunca cheguei a conhecer a avó. Só me lembro da voz dela. Só me lembro das suas visitas anuais. Do esforço da deslocação. A avó tinha boa memória.
Eu choro, porque está sozinha debaixo de terra.
Agora não tenho motivos para ir ver os barcos no Terreiro do Paço.
Eu choro porque já não compreendo a diferença. Já não entendo como a alma pode ser superir ao corpo.
Porque quero ir deixar-lhe flores no exterior mas ela está lá dentro, debaixo. Ninguém pode mudar isso.


julho 26, 2013

23h21 de ontem

Sempre imaginei que os ossos das clavículas de uma mulher fossem o motivo de prazer de um homem.


Carta à Ega II



Querida Ega,

            Recordo-me agora que te escrevi anteriormente numa noite algures desequilibrada. Confessei-te que poderia estar apaixonada por um rapaz, e tu, sendo minha oblíqua, reparaste na evidência. Mas a verdade, Mariana, é que nunca poderia gostar de alguém que não pudesse chamar de casa.
            Temo que em todos os traços dele, ele não se assemelhe a uma casa, mas um precipício. Sabeis muito bem como sempre fui alterada pelo amor. Como sempre comparei as pessoas a quadros. Já te contei a história do quadro de Salomé, mas agora passado dias, escrevo-te para te descansar o coração. Escrevo-te directamente de uma noite que se encerrará na almofada, para te alertar do meu desvio amoroso.
            Tenho-te relatado as minhas peripécias amorosas que têm acontecido a alguns quilómetros daqui, e também, como não poderia deixar de ser, no meu pensamento.
            Hoje aprendi que a esperança é a melhor coisa que podemos ter. Por isso não sofro com a nossa ausência. É esse postal de Barcelos que guardo agora com carinho, apercebendo-me de que o castelo que vês é o teu forte, tal como o meu é o rio, e as nuvens.
            Escrevo-te algures anestesiada pelo carinho de alguém. Pelos textos de Aquilino Ribeiro. Sabes? Descobri esse modernista numa reportagem e agora não o consigo esquecer. Já só quero penetrar na sua aldeia e escrever sobre os pássaros.
            Mesmo que não acredite em Deus, acredito nas palavras. E essas têm mais amor que qualquer outra coisa.

Do teu sempre querido,

Carlos


julho 25, 2013

à procura de cargas para a caneta

As miúdas de pés descalços lavavam as vidraças da sapataria. Os chinelos de borracha religiosamente estacionados ao pé do vaso de flores. O pano mal lhes chegava ao térmito da parede.


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Ontem fiz o bolo. O cão a preencher o espaço entre o forno e a mesa.
Fiquei sem espaço para me mover. Enquanto o cão dormia, o bolo cozia na caixa quente.
Fico a ver a massa crescer.


Eram 3h da manhã

Eram 3h da manhã quando ouvi os carros - ou motas? - a rugir na estrada. Pensava nele. Na filosofia dele que não o deixava sequer chegar perto. Uma vez disseram-me que quem não vive o amor não é feliz.
E os outros homens que se assemelham ao barulho dos carros? Os que me deixavam à borda da cama sem respiração?
Olho uma outra vez para a janela. O terraço está inundado de sudoeste, de verão. Ele continuará a ser sempre uma cidade velha com velhos pensamentos.
Às vezes penso como seria a visão da sua nudez. A vulnerabilidade na cama. A falta de sono provocada por uma mulher ou pelas palavras. Talvez uma coruja que passe lá fora.
Às vezes sonho, outras, concluo que a realidade dos meus pensamentos é apenas uma história, e ele já se tornou desconhecido outra vez.


julho 24, 2013

redes

Sou o contrário de ser-se homem. Ouço Sting.

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Às vezes só desejo o rio e um poema.

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uma respiração pode definir a quantidade de amor que temos por alguém.

julho 23, 2013

glory box

Faço amor contigo num quarto escuro. Estou suada. Perguntas-me ao ouvido se quero que me ames, e digo-te que sim. Que as janelas estão fechadas e que não há nada entre nós a criar vazio. Agora só um calor que não termina de nos encher o corpo de transpiração. Não importa. Os teus beijos, esses beijos sôfregos que me dás são com atenção. Páro um segundo para visitar a organização do quarto uma última vez e o que vejo são as tuas camisas pelo chão. O perfume ainda a lutar contra a temperatura. E depois é a tua mão ainda ressentida do exercício físico que fazes durante as manhãs. Depois à noite, quando desistes da saturação do dia e me encontras em casa apenas com uma expressão simples no corpo, sabes que te desejo. Que andei a sonhar com os cantos da tua boca e as palavras que dizes em silêncio no meu ouvido.
A organização do quarto acabou. Agora é só confusão. Uma grande confusão. É assim que faço amor contigo.


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serei sempre escarlate. Essa calda de fogo nos olhos.

'23 de Julho

Ela acreditava que o amor dele pudesse estar escondido, mas que existia. Alimentava as esperanças de o coração dele vestido de preto ainda nutrir o carinho involuntário por uma mulher. E as provas eram a escrita. Era na escrita que estavam os olhos dele. Os lábios dele. O coração dele.


julho 22, 2013

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O amor que se tem por um monstro é mais meritório, não é verdade?

'22 de Julho

Ela entrou no bar com o sabor azedo da chuva nos lábios e o casaco de cabedal folgado.
Os cabelos negligenciados pelo aguaceiro, tal como os dedos dele, que teriam resultado de algum esforço recente, e que seguravam o copo de uisque.
Havia nele um certo ar de represália, e no entanto doce, quebrando.
Ela juntou-se-lhe no movimento pedindo um copo de vinho. Não se conheciam.
Partilhavam apenas as 02h da manhã de uma madrugada de Dezembro.


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Ele fere e cura.

julho 21, 2013

a Piedade

Não sei como vos contar a história da Piedade. Agora que me reduzo ao esforço lembro-me de vê-la falar no corredor do salão e regar as flores no quintal. Uma médica de clínica geral a palrar sobre literatura. Imagino-a com a minha doce e controversa idade a ler os livros, e agora, que, contribui para o crescimento da minha biblioteca com a entrega desses mesmos impérios literários penso nela com amor.
Sim, gosto da Piedade.

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Há um mapa do mundo na parede do quarto.
Um dia estarei lá nos mesmos sítios assinalados a giz.

voltam as noites de sábado, azuis

Não imaginas o quanto te desenhei nas luzes do concerto. Sentir os teus dedos deslizar em mim  em vez da música. Era uma soirée de vozes no meu ouvido. Bateria ou piano. Era outra coisa qualquer ao som  da Áurea, e, não tu  longe algures a curar um mal de cabeça.

julho 20, 2013

António Pinho Vargas

"O futuro não está escrito, mas será sempre mais imaginativo do que a repetição daquilo que já existe".

'20 de Julho

Consigo amar o pior. O desajeitado. O atrapalhado. Escondido. Quebrado até às últimas consequências. Consigo amar o pobre, a sátira, a ironia. Consigo amar os homens frágeis, e os desequilibrados. Consigo amá-los sem coração. Os que nunca tiveram alma. Os que não sabem o que é o amor, mas cronicam sobre o medo.
Consigo amar o pior, mesmo aquele que me dissesse que mata.



julho 19, 2013

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Às vezes não sei o que Lisboa me faz. O que descubro no Tejo e o que fica das colinas parece tão insignificante comparado com a decantação de alegria do Douro e da romaria apetecida do Norte.
Sempre fui uma Espanca. Insatisfeita. Só estarei bem onde não estou.


'19 de Julho

Perguntam-me porque cheiro os livros.
- Não tem resposta.

julho 18, 2013

escrita curta

Imagino que os meus cabelos possam ser desafios para as tuas mãos cuidadosas a desviá-los do caminho dos meus seios. É que me beijas, e cheira  a poesia.

Carta à Ega



Querida Mariana - querida Ega - às vezes chove cá dentro. Treme uma luz como a que chove sob o rodapé do chão do meu quarto em forma de luz de presença. Deitei-me no chão para te escrever, já viste isto?
Quando te digo que chove cá dentro é porque sucumbi à praga do amor, ou pelo menos da atracção. Estou em amores por um assassino, mas na verdade o ódio pelo seu mistério é tanto, que nem sei que doença é esta. Tenho que lhe parar com os elogios.
De qualquer das formas escrevo-te e aviso-te da minha condição, porque és a Ega, e ambas sabemos que as paredes dos nossos corações são revestidas de um século desanove. De uma existência anterior à nossa, que não sangra mas palpita.

Um beijo,

Mariana

A Mariana Pereira disse-me

que amar é um mal que nós gostamos.

julho 17, 2013

17 de Julho

Há dias que sou escarlate.  Primaveras não são suficientes em mim. Mesmo dançando despida como Salomé, quero tapar o corpo nu, para que depois de cobiçado mo dispas com atenção. De ti não quero violas nem poemas de Nápoles. Quero combustão atrás de combustão. Tu e eu deitados sobre o que pensamos ser as curvas um do outro. Quero a falta que tiras, sem o saber.
Contigo tudo pode acontecer, até a queda dos anjos.

julho 16, 2013

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a poesia esforça-se, mas nunca conseguirá contar o que é o amor.

ele

Quando o conheci, semelhante ao Diado, estava tudo colapsado, e, por incrível que pareça, reinou alguma paz nos dias seguintes.

a Isabel vê-me de longe

Querida Isabel,

Vês-me de longe. Sempre ouvi dizer que Viseu era o Rossio de Lisboa, e tenho provas no teu sorriso que tens a junção dos nossos melhores semblantes.
Hoje programei uma camisa rosada e uma ganga simples para vestir quando acordei. Provavelmente não programarás nada. O céu hoje não tem as cores que devia, talvez tenhas emagrecido um pouco e encolhido um pouco. É natural. Há uns meses, quando esperava visitá-la com um sorriso irritante dos meus, perdi-a para sempre,  e depois já não soube sorrir.
Talvez não quis acreditar nessa ideia. Na ausência do bocado. É triste. Mingo sempre por essas ideias tão humanas e fracas de doermos com a ausência dos outros, mas é tão próprio de nós.
Só conheço uma pessoa no mundo que não o faz, está bem perto de nós.
Mas hoje Isabel, mesmo que não programes uma camisa e umas calças, mesmo que escolhas a cama, a almofada, uma janela entreaberta e poucos feixes de luz no quarto, lembra-te que também estou no escuro por ti.
O céu está escuro para ti, mas todos já vimos ou iremos ver a noite.

Com todo o meu carinho de longe,

Mariana.

'16 de Julho

Carrego um único anel nos dedos. Uma gíria de aros de ouro unidos por uma pedra verde esmeralda.

julho 15, 2013

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és igual à melodia do piano daquele filme. Quebras-me as forças, que nem um louco.

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guardo a última página onde fiquei no livro com uma folha de louro.
Literatura guarda-se com cheiro. Com tacto. Com visão. Com amor.

'15 de Julho

Acho o verão alcoolizável, porque me prende na sensação de ser enexistente. Um pretexto temporal impossível que me arranca a calma das têmporas. Uma substância que se atreve a ser como as janelas, as portas e os caminhos, que se abrem sem sabermos para onde.
E quando ele acaba, quando o desfecho invade inevitavelmente a cidade estúpida e abandonada, todos voltam para alguns meses sem bebedeira. A sobriedade da vida só nos é dada no Inverno.


julho 14, 2013

A noite passada

Perguntam-me como foi o dia e digo que estou sentada no sofá a beber vinho do Porto. O Verão a repetir-se lá fora. A noite a imitá-lo, e por fim a falta do teu toque. Finjo que me levas para o quarto. Que é França lá fora. Que somos pardais cá dentro. Não compreendo nada, apenas o travo do vinho na tua boca. Não é amarga.


julho 13, 2013

'13 de Julho

Ontem em correspondências com outra Mariana, falámos sobre o Alentejo. Sobre o seu silêncio que poucos conhecem. Sobre o negrume que aquece, e não gela. Reconhecemos a falta de um campo, que diferente um de cada, é cheio de sons mas recatado. Reconhecemos o rio e o caminho do campo. O amor inerente às árvores. O silêncio. O silêncio, sabes?


julho 12, 2013

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Tenho saudades da Lua que veio há umas noites atrás, e, que quase me intoxicou de luz. Essa acima das rajadas de vento e a cobrir a escuridão era aliada.



'12 de Julho

A tua voz é um orgasmo. O teu sorriso é um orgasmo. A tua mente perturbada é um orgasmo de infinitésimos milhões de átomos a arder. Tu, dentro de mim, és outro a ferver.

julho 11, 2013

Irmãs de sangue

Quando subi as escadas do prédio de Jessica, e, quando mais tarde entrei pela porta da sua casa senti que finalmente Africa estava connosco de novo. Enquanto nós as três limpávamos os espaços sujos de pó, as estantes que seriam preenchidas de livros, de memórias. Enquanto bebíamos cerveja na cozinha, enquanto acabávamos a tarde sob a música de Adele, a dançar, e a cantar no sótão senti, que nunca mais seríamos as mesmas, que tal como Hanna, Sarah e Camilla, o futuro estaria à nossa frente. Esta casa seria o começo de coisas novas. Um álbum fotográfico novo. Cabedal velho.


julho 10, 2013


''10 de Julho

Literatura ingénua não é literatura menor. É o começo de uma vida de letras espectacular, e a obra, essa, é o testemunho. O irreversível. A expurgação do autor.

'10 de Julho

Hoje sou de papel. Ultimamente tenho sido de papel.

julho 09, 2013

'9 de Julho

De todas as vezes que pronunciarei as minhas idas ao mar nascerei uma outra vez. O oceno é lá e é lá que eu quero ficar.


julho 08, 2013

'8 de Julho

Eu gostava que as coisas fossem simples como as rosas ou brocados.
Que as temperaturas não subissem demais nem o Inverno fosse demasiado rigoroso.
Amaria intensamente que pudessemos apreciar a solidão das coisas e o seu ritmo próprio.
Que ninguém violasse o amor e as pessoas.
Que fôssemos feras aquando da tomada de decisões.


julho 07, 2013

'7 de Julho

Hoje assisti a Istambul numa praia junto a uma torre. O mar dividido pela linha do sol manteve-me na sombra, a quebrar os ossos na água gelada. Mas entre o corpo paralizado e a pele morena, olhei de volta contra a areia quebrada e baixei o rosto para as águas e lá, na profundidade, estava a cidade cheia de cor, que ia e vinha em movimentos lentos. A água terminava sem espuma no começo da areia serena e, essa parecia magia. Istambul esteve tão perto quando o relógio marcou as 20h00 sobre uma temperatura elevada.


julho 06, 2013

'6 de Julho

Há uma árvore lá fora com aguarela lilás nos ramos. Esta tarde as temperaturas altas continuam sobre ela, mesmo agora no térmito do dia. São aquelas flores, reduzidas, que me lembram de ti, e que te reconhecem como um verão no Algarve, numa rua estreita, numa mesa de um restaurante, nas nossas mãos que se poderiam tocar por baixo da mesa, mas que não o fazem por vergonha.
Serás sempre uma ilha algarvia.

julho 05, 2013

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Fui agloremando muito poucas certezas durante a minha existência. Não que tenha subjugado a possibilidade delas, mas porque certos sinais me foram entregues de modo a poder escrever frases simples, umas com esperança, outras com mais tristeza, porque são assim os dias. E hoje, depois de um banho frio a dois e de pensar sobre a possibilidade do amor com outro ser humano tenho apenas a certeza de que uma das coisas mais bonitas que alguma vez irei ter é o olhar de maresia e adrenalina do meu cão. É uma possibilidade que nunca perderei.

eu

comecei a ler Drácula numa tarde que ardia, escondida por detrás dos estores entreabertos do quarto apenas com um feixe de luz sobre as páginas.

julho 04, 2013

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All men are mad in some way or the other;

julho 03, 2013

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Eu ouvia-a gesticular em romeno com Sophie nos braços, a comer bolachas de água e sal, de olhos verde rio e cabelos finos louros. Via-a entretida na epopeia de amor com a filha e sentia inveja. Cólera, tristeza e vontade de escrever sobre ela. Escrever sobre a sala de leitores refastelada na sombra da luz ao fundo fora do janelão. Com os armários velhos de madeira gasta e clara forrados a rede de galinha. E dentro deles, a respirar, os livros antigos, provavelmente intocados há muito tempo. Aquela sala teria atravessado décadas sem um pouco de amor pelas paredes. E eu quis escrever sobre ela. Sobre uma hora dentro dela.


a história

Hoje o governo cairá às quatro da tarde. Demitir-se-á de si mesmo como forma de protesto. Mas que país é este que se desfaz dos compromissos a que aderiu no príncipe de si mesmo? Com 21 anos penso que liderança será suficientemente perspicaz para não excluir a cultura do avanço de uma nação. Temos de ser racionais. Temos de aderir ao egoísmo, ser extravagantes e audíveis.
Não basta esperar, porque a espera, essa, já matou muita gente.
Hoje com 21 anos espero a queda de um governo e a reconstituição dele mesmo com o auxílio de quem sempre lhe deu motivos para existir. SE hoje o governo cair votem, sejam extravagantes, gritem e gritem nas eleições. Façam gritar com a cruz a caneta do papel com a vossa escolha.
É agora que temos oportunidade de mudar. É agora que somos todos capitães.
Deixem-se de merdas. Isto não é literatura, é a aberração da realidade.

julho 02, 2013

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Se houvesse resposta de Radu eu seria marginalmente feliz.

julho 01, 2013

09h19

A jornada até à Faculdade de Letras foi melhor sucedida do que eu imaginara.
Ao antever Jonathan no seu percurso horripilante apercebo-me de que a literatura tem as suas raízes na realidade e deve a ela toda a sua criatividade.
No final, quando regressar sei que não serei a mesma, pois inevitavelmente serei confundida com a história.
Agrada-me.