fevereiro 11, 2013
às três da manhã sabe-se o que escrever
É estranho como achamos que os escritores pertencem a uma esfera que não nos cabe nas entranhas, e de que consequentemente, são feitos de pedra ou não estão cá. Imagina-mo-los de olhar atento na paisagem e de corpo hirto ou transparente.
Às vezes também me tomo por transparente. Mas ontem, quando o céu se carregava de água, a mulher entrou no estabelecimento com o olhar vazio e olhou-me. Eu sabia que era ela, ela também me adivinhou os traços. Pediu um café e eu debrucei-me sobre a saia comprida cheia de restos de tecidos, e a mala gasta. Aquela era a mulher que tinha escrito sobre as mães e fazia mandalas. Trabalhava em casa e tomava café aos domingos. Eu ontem de vestido bege e bandolete de flores descobri a mulher que junta pedras com amor quando o sol se esconde. E o mundo ficou melhor. Mais um escritor se deitou no meu peito, e as palavras já não fogem tanto.
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