Há um lugar escondido onde antes a terra dava uvas. Há 10 anos não me atrevia a olhar para o fundo da rua porque ao longe se avistava o nada. A rua que desse poeta e jornalista tinham vindo versos claros e precisos tinha ali a fonte ao fundo de um dos melhores vinhos de Portugal: o de Carcavelos. O generoso. Foi até há pouco tempo, quando a Primavera parecia descongelar o negrume, que atravessei o campo de flores amarelas e compreendi o monte de pedras e a sombra que as árvores faziam. E consigo, lado a lado, estavam as casas abandonadas que vão dar ao portão, que não sendo o principal, guarda ali história. Os cães já não param ali. Já não há latidos nem mesmo vestidos. As ervas continuam a crescer e a encher tudo de ar e pouca cor. Mas mesmo desta forma, sempre que o Inverno ataca e que o Verão nos apetece as árvores continuam imóveis e fazem o mesmo desenho escuro no chão que nos conduz para a vista em frente. E esse lugar é especial. O vinho mudou de sítio, mas ao fundo da rua está ali o telhado, as flores e o chão onde tudo começou. É o meu lugar com segredo. A Quinta do Barão.
ai gosto tanto do que escreves da maneira como escreves (:
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