Querida Raquel, eu sempre pensei que com esta revolução me tornasse mais fraca, menos capaz, mas tenho-me vindo a aperceber que crescer ao Sol não é ter a vida facilitada, é sorrir no esforço, é aguentar, lutar e superar. E é isso que tenho tentado fazer desde que a guerra começou.
Bem ou mal sucedida eu vou tentando, por mim, por ti e pelos outros, pelos que me dão força e pelos que amo.
E não penses que não lutei para superar o A, para seguir sempre em frente na rua e chegar a casa nesse dia e dormir.
Mas no sábado não quis fechar os olhos. Isso é para quem não tem sonhos. E o meu sonho é ele pequenina. Eu sei que provavelmente já viveste mais coisas que eu, mas eu com o que já vivi aprendi que há várias formas de amar, e há várias coisas para se amar. O António é aquele quadro adocicado que apetece olhar e comprar na galeria. É aquela pessoa com quem queres passar a noite e dançar no meio da rua. O amor e a atracção são mesmo assim. É sádico, magoa mas é tão magico meu amor. E eu sempre preferia ter alguém do que ninguém. Estou presa a ele e ele de certa forma, vais estar sempre preso a mim.
Vivemos dentro da lei da atracção e descansamos na presença um do outro. Prefiro tê-lo assim, perto de mim, sem defesas e sem receios e com o rosto apaixonado de sempre, do que tentar viver de uma imagem dele. As memórias podem ser traiçoeiras.
Portanto tenta não viver de memórias e parte para a acção.
És muito nova e tens muita vida para encher-te de beijos e alegrias.
E amo-te demasiado para te ver sofrer.
Mariana
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