A água escorre literalmente lá fora, para lavar o ano que já não queremos.
Despeço-me aqui.
dezembro 31, 2013
dezembro 30, 2013
dezembro 29, 2013
dezembro 28, 2013
dezembro 27, 2013
dezembro 26, 2013
dezembro 23, 2013
dezembro 22, 2013
Ao olhar o medalhão com a gravação dos tempos antigos lembrei-me da tarde anterior. Das folhas tostadas do calor do sol sob o chão amendoado. A rua não falava. Tudo calava para ouvir o silêncio da estação, que eu precisava.
Recordei o banco. Olhei mais uma vez com ternura o banco onde começara a história de Keira e Adrian. A história da descoberta do começo do mundo.
Será que eu poderia entregar-me também a esse desafio? Ou era apenas vazia e nua, que não escutasse a voz do silêncio?
Recordei o banco. Olhei mais uma vez com ternura o banco onde começara a história de Keira e Adrian. A história da descoberta do começo do mundo.
Será que eu poderia entregar-me também a esse desafio? Ou era apenas vazia e nua, que não escutasse a voz do silêncio?
dezembro 21, 2013
dezembro 19, 2013
dezembro 18, 2013
Era prático abraçar-lhe a barba, embora difícil.
A boca de Tomé que falava sobre bustos egípcios.
Descobri que as práticas mais sensuais provinham do exercício de observar a fala de outrém. E a de Tomé, tão navegada e inteligente cobria-me a noção da consequência do tempo.
Ele era um poema. Eu li o poema. Compreendi o poema. Gostei do poema.
A boca de Tomé que falava sobre bustos egípcios.
Descobri que as práticas mais sensuais provinham do exercício de observar a fala de outrém. E a de Tomé, tão navegada e inteligente cobria-me a noção da consequência do tempo.
Ele era um poema. Eu li o poema. Compreendi o poema. Gostei do poema.
dezembro 17, 2013
dezembro 16, 2013
dezembro 15, 2013
dezembro 14, 2013
dezembro 12, 2013
dezembro 11, 2013
dezembro 10, 2013
dezembro 09, 2013
Uma vez a rapariga bombeava o sangue nas veias enquanto as pontas do vagão da carruagem tremiam.
A noite alvoraçada lá fora fazia brilho nos olhos dele. A tenção no corpo agitado, a música clássica entorpecia-o. O olhar concentrado nas meias de rede nas pernas dela. Deslizavam tão perfeitamente até à súmula do pé, pensava ele.
Depois desse rápido movimento em direcção aos lábios, sabiam que viajariam mais rapidamente em direcção a Budapeste. Nessa hora já o sexo entrara nela, e a Lua perdera os sentidos.
A noite alvoraçada lá fora fazia brilho nos olhos dele. A tenção no corpo agitado, a música clássica entorpecia-o. O olhar concentrado nas meias de rede nas pernas dela. Deslizavam tão perfeitamente até à súmula do pé, pensava ele.
Depois desse rápido movimento em direcção aos lábios, sabiam que viajariam mais rapidamente em direcção a Budapeste. Nessa hora já o sexo entrara nela, e a Lua perdera os sentidos.
dezembro 08, 2013
dezembro 07, 2013
dezembro 05, 2013
dezembro 04, 2013
dezembro 03, 2013
dezembro 02, 2013
dezembro 01, 2013
novembro 30, 2013
novembro 29, 2013
novembro 28, 2013
novembro 27, 2013
novembro 26, 2013
sight seeing
O meu altar são os livros. Aquele lugar desassossegado que são os livros.
O púlpito em madeira que quase parece ouro, e alberga a noite inteira.
O púlpito em madeira que quase parece ouro, e alberga a noite inteira.
novembro 25, 2013
novembro 23, 2013
novembro 22, 2013
Não vejo mal nenhum na religião. O problema é que durante muito tempo me tentaram oferecer desmesuradamente, até de um jeito forçado, a imagem de alguém de difícil acesso. Não O conseguia ver. Não o sentia quando o corpo abalava para lá das tristezas. Não o senti quando descobri o amor, muito menos o sexo.
Não sei, julgo que nunca saberei, quem é.
Mas não vejo mal nenhum na religião. Ela já passou por várias coisas.
Um dia foste tu, o teu corpo.
Hoje é outra coisa qualquer, que me arrasta até ao chão de noite a fechar o risco dos olhos.
Não sei, julgo que nunca saberei, quem é.
Mas não vejo mal nenhum na religião. Ela já passou por várias coisas.
Um dia foste tu, o teu corpo.
Hoje é outra coisa qualquer, que me arrasta até ao chão de noite a fechar o risco dos olhos.
novembro 21, 2013
novembro 20, 2013
novembro 19, 2013
novembro 18, 2013
novembro 17, 2013
Por uns tempos tinha decidido dar uma oportunidade. A mulher fora atrás do semblante dele semelhante às folhas que caíam contra o chão, alvo da gravidade.
E fora aí que reparara que era tudo uma fraude. Uma malga de hipocrisia que deixava rasto nos pés.
Depois desse vazio, percebeu que não existia para os homens. Teria de existir para si mesma. Para o que olhava na quantidade de fora da janela que não passava de sombras.
E fora aí que reparara que era tudo uma fraude. Uma malga de hipocrisia que deixava rasto nos pés.
Depois desse vazio, percebeu que não existia para os homens. Teria de existir para si mesma. Para o que olhava na quantidade de fora da janela que não passava de sombras.
novembro 16, 2013
«Não quero, nunca, que vás»
Não sei como te explicar, mas vieste. Vieste ainda que em silêncio. Vieste do sul. Das praias do sul. Vieste não porque pedi mas porque querias. Vieste ao rio e vieste a mim. Olhaste o meu sorriso e descansámos em conjunto, quando o ano estava a acabar.
Vieste e eu nunca quis que fosses.
Não quero, nunca, que vás.
Vieste e eu nunca quis que fosses.
Não quero, nunca, que vás.
novembro 15, 2013
novembro 14, 2013
A Helena perdeu o pai. Não passará mais a ver os dias sob a sombra dos cabelos grisalhos do pai. O mesmo que lhe fugiu numa questão de horas.
A Helena, de quatorze anos, perdeu por uns momentos os sonhos. Foram-lhe roubados. Porque eles eram feitos com a força do sorriso do pai. O mesmo que agora está fechado, e a dormir permanentemente.
A Helena, de quatorze anos, perdeu por uns momentos os sonhos. Foram-lhe roubados. Porque eles eram feitos com a força do sorriso do pai. O mesmo que agora está fechado, e a dormir permanentemente.
o barulho da chuva
Tenho o coração a saltar da boca. Os movimentos trocados devido a ti. Julguei que era paixão, mas afinal é amor.
novembro 13, 2013
wonderer
Enquanto o prefácio de Lyrical Ballads era descortinado, eu ouvia os balanços sobre a poesia e a prosa, sobre o verdadeiro verso romântico. Ao mesmo tempo pedia ajuda ao pano para limpar o anel que comprara recentemente, para que os seus diamantes brilhassem mais à luz branca das lâmpadas da sala comprida.
Afastei a mão lentamente à frente dos meus olhos e observei os pequenos pontos de luz a reluzir. Imaginei que tivessem resultado de um pedido teu.
Hoje desejo tudo de ti. Só desejo o todo de ti.
Afastei a mão lentamente à frente dos meus olhos e observei os pequenos pontos de luz a reluzir. Imaginei que tivessem resultado de um pedido teu.
Hoje desejo tudo de ti. Só desejo o todo de ti.
novembro 12, 2013
Já te contei porque choro?
A mulher à minha frente chorava aos tropeções dentro do café agitado. Eu olhava-a nos olhos, ouvindo as confissões, ouvindo o ruído do passado, e queria estender o braço e agarrar-lhe a mão. Queria, silenciosamente, mostrar-lhe que apesar da diferença de idades, eu estava ali, calada, sempre pronta a guardar segredo.
E no caminho para casa, na viagem detestável de comboio quis dar o nome dela à minha filha.
Ao que viria de nós depois do amor, e do sexo.
E no caminho para casa, na viagem detestável de comboio quis dar o nome dela à minha filha.
Ao que viria de nós depois do amor, e do sexo.
novembro 11, 2013
novembro 10, 2013
Irmãs de sangue
Não saberia por onde escolher entre um sorriso de regresso e uma imagem eternizada do sono do sol na praia da vila. Não saberia, por muito que tentasse, escolher entre as irmãs de sangue e o beijo salgado do mar.
São ambos eternos e inesquecíveis.
Obrigada por este Natal.
São ambos eternos e inesquecíveis.
Obrigada por este Natal.
novembro 09, 2013
Olho para mim. Olho para o corpo. Para o que já não é só a súmula da felicidade. Olho para a rapariga que olha agora para o copo cheio do galão e que sente o corpo cansado. Agora rezo. Perco alguns momentos a pensar como seria se tivesse permanecido naquela Igreja em Praga. Tenho de lá voltar. Agora revejo o amor. Percebo que antes essa realização era um bocado simples que nos enchia a alma, e agora amor? Que fazemos se não estamos na mesma sala?
As paredes estão frias. Estive a esfregar os rodapés com um pano quente. Nem isso alivia a estação dentro de casa sem ti.
Agora que fazemos, se eu já não sou a miúda que só imaginava? Agora sou a mulher que quer a pele dos teus dedos macios por cima dos meus ombros. Podemos não fazer amor. Só fechar os olhos em silêncio, enquanto o galão ainda está quente.
As paredes estão frias. Estive a esfregar os rodapés com um pano quente. Nem isso alivia a estação dentro de casa sem ti.
Agora que fazemos, se eu já não sou a miúda que só imaginava? Agora sou a mulher que quer a pele dos teus dedos macios por cima dos meus ombros. Podemos não fazer amor. Só fechar os olhos em silêncio, enquanto o galão ainda está quente.
novembro 08, 2013
novembro 07, 2013
novembro 06, 2013
novembro 05, 2013
é tudo
Pareceu-me que as dúvidas de Shakespeare fossem as mesmas que as minhas. Ainda que um homem centrado nas suas próprias idiossincrasias, ele pareceu-me tão semelhante na contradição entre o desejo incontrolado e na desilusão da doença do amor.
Não sei o que prefiro. Só sei que hoje escolho a chama dos teus olhos.
Não sei o que prefiro. Só sei que hoje escolho a chama dos teus olhos.
novembro 04, 2013
novembro 03, 2013
Irmãs de Sangue
Jéssica partiria na segunda quinzena desse mês. Laura seguir-lhe-ia os passos no mês do vértice invernal, e o Natal seria mais uma vez diferente. O grupo repartido por outros continentes, onde as luzes se distinguiam mas onde o sentimento permaneceria o mesmo.
Seria uma ceia entre irmãs, no pensamento.
E da mesma forma que a música de jazz que saía da vivenda na rua outonal no caminho para casa me aquecia, essa mesma reunião ficaria gravada como os melhores poemas literários da nossa geração.
As irmãs de sangue ficariam juntas, como sempre estavam.
Seria uma ceia entre irmãs, no pensamento.
E da mesma forma que a música de jazz que saía da vivenda na rua outonal no caminho para casa me aquecia, essa mesma reunião ficaria gravada como os melhores poemas literários da nossa geração.
As irmãs de sangue ficariam juntas, como sempre estavam.
novembro 02, 2013
novembro 01, 2013
outubro 31, 2013
Gravity
O guitarrista acocorado sobre o palco arranhava a pele dos dedos no instrumento deitado. Era um som cipreste, não de longe. Quando esse momento acontecia agarrava-se à orgia da música que era no fundo o rosto dela. Esquecia a casa, os quadros, o duche de fim de dia. Ficava louco enquanto a luz embatia sob as veias brutas nos braços dele. Como se fizesse algum esforço voluntário, quando, no fundo, vomitava as notas com prazer de dentro.
Ele, com o corpo contraído, tinha sonhos. De se elevar e não sentir a pulsação da terra a empurrá-lo para as coisas vulgares. Por isso tocava. Tocava até que a guitarra ficasse doente, e tivessem os dois que regressar a casa.
Para junto da gravidade.
Ele, com o corpo contraído, tinha sonhos. De se elevar e não sentir a pulsação da terra a empurrá-lo para as coisas vulgares. Por isso tocava. Tocava até que a guitarra ficasse doente, e tivessem os dois que regressar a casa.
Para junto da gravidade.
outubro 30, 2013
Há um sinal que nunca te falei. Um ponto castanho de amêndoa encerrado na pele junto à lua direita do meu peito. O fio de prata que carrega a cruz e que me nasce no pescoço sorri-lhe de lado quando estou nua.
Há esse sinal que nunca te falei. Uma mancha que anseio que lhe toques com a pele áspera do desejo das tuas mãos.
Há esse sinal que nunca te falei. Uma mancha que anseio que lhe toques com a pele áspera do desejo das tuas mãos.
outubro 29, 2013
outubro 28, 2013
«from which only one man returns to tell the tale, more dead than aline»
Quando entrei no Continental para estudar Coleridge investiguei a sala como Monroe. Agora os seus pensamentos e demónios estavam comigo durante a fase nua que era a minha etapa adulta.
E os desejos seriam todos de ti. De ti inteiro, dentro de mim.
E os desejos seriam todos de ti. De ti inteiro, dentro de mim.
outubro 27, 2013
Ontem quando olhava para Lisboa, perdida na noite, de luzes acesas não pensava no sentimento do dia de hoje. Na necessidade de ti. Na vergonha que às vezes tenho em falar-te da necessidade de ti. Porque acho que te farto. E depois canso-me da viagem que é recordar-me do tanto que nos separa. Canso-me. Perco a vontade de ter alguém que me agarre na anca e me beije durante a noite inteira.
Porque é Lisboa.
Porque é Lisboa.
Enter the dragon
Acordar e ver filmes de chineses com o meu irmão. O cão que respira lentamente na colcha onde dorme. A luz de Domingo a implorar para entrar nas janelas.
outubro 25, 2013
Ás vezes acho que a vida é um aborrecimento sem ti. Com essa dor que é a distância. O nó que aumenta pela imagem do sentimento que não se faz sem ti.
Dou por mim a ter sonhos vívidos como a força do vento. A recuperar-te em certos acenos de alma. Na pequena representação dos teus beijos em mim, que adivinho viciantes.
Afinal, isto é de quem está apaixonada por ti.
Dou por mim a ter sonhos vívidos como a força do vento. A recuperar-te em certos acenos de alma. Na pequena representação dos teus beijos em mim, que adivinho viciantes.
Afinal, isto é de quem está apaixonada por ti.
tio
A minha mãe falou-me de um irmão seu. O meu tio. Esse homem, que desconheço o rosto e que trabalhava produzindo ossos de navios, e mais tarde nos submarinos.
Hoje quero conhecer o meu tio.
Hoje quero conhecer o meu tio.
outubro 24, 2013
faz-me companhia.
Amanhã está mesmo bom para dormir até tarde com a chuva de pedra a cuspir no resto do mundo.
outubro 23, 2013
outubro 22, 2013
"E essa chuvinha lá fora Parece que é feita pra nós", Carlos Lyra
Chegou um postal de Paraty. Chegou, finalmente, assim a praia e orla.
Um pouco de céu e mar, exactamente. Tão igual a ti.
Um pouco de céu e mar, exactamente. Tão igual a ti.
outubro 21, 2013
outubro 20, 2013
outubro 19, 2013
It's not the same moon
O homem sentado no cais penteava-lhe os cabelos com
teorias universais. Ela estava longe, à distância das estrelas. Falava-lhe
entre discussões, de como seriam os homens de outras viagens.
Seria possível que os caminhos os magoassem tanto
no futuro, da mesma forma como os tinham juntado no passado? Ela não parara de
insistir na ideia de os seus caminhos chocados e quebrados, depois de ouvir o
que as constelações lhe diziam. Lembrava-se do toque dele, já maduro sobre a
pele dela. O amor que faziam devagar no cais, depois do trabalho, dos navios.
Diferentes rotas de navegação que os dirigiam ao
mesmo sítio, e agora que falavam à distância, como seria a eternidade?
Ela não sabia as respostas. Nem ele de como tinha
chegado às mesmas perguntas. Mas amavam-se, com um gigante vazio entre os dois.
outubro 18, 2013
Perfect Sense
No mundo onde ainda haviam sentidos recordei-me das várias histórias.
Do juíz e da modelo no filme francês. Da enfermeira perturbada no apartamento de Chicago. Dos fragmentos sentimentais da peça de teatro do Maria II. Na casa vazia, de madrugada, onde te esperava, degolada pelo desejo.
Recordei-me ainda deitada sobre as letras da história de Calouste e daqueles vultos que caminhavam nas direcções grandiosas do sucesso.
Da rapariga a estudar longe, e do gelo das ruas de leste.
Eu lembrara-me, ainda que vagamente, das prateleiras quase negras de mogno que abraçavam os livros em cobertor, e que seriam colocadas na sala pequena. No espaço sem cheiro só com ideias.
E depois, alguns segundos significativos depois, tudo ficou mais vazio e feio. Foram todos perdendo os sentidos. Até ficar o vazio, no entanto todo.
O sentido perfeito - o amor.
Do juíz e da modelo no filme francês. Da enfermeira perturbada no apartamento de Chicago. Dos fragmentos sentimentais da peça de teatro do Maria II. Na casa vazia, de madrugada, onde te esperava, degolada pelo desejo.
Recordei-me ainda deitada sobre as letras da história de Calouste e daqueles vultos que caminhavam nas direcções grandiosas do sucesso.
Da rapariga a estudar longe, e do gelo das ruas de leste.
Eu lembrara-me, ainda que vagamente, das prateleiras quase negras de mogno que abraçavam os livros em cobertor, e que seriam colocadas na sala pequena. No espaço sem cheiro só com ideias.
E depois, alguns segundos significativos depois, tudo ficou mais vazio e feio. Foram todos perdendo os sentidos. Até ficar o vazio, no entanto todo.
O sentido perfeito - o amor.
outubro 17, 2013
Para a ursa, mais propriamente PÓLO NORTE
Antes pensava que esta coisa de vir aos blogges não dava com coisa
nenhuma. Talvez tivesse uns dezoito anos quando me apercebi que o mundo
da Internet se tornara mais sério do que eu julgara, ou todos julgáramos.
Já não estávamos no tempo dos grandes jornais, que eu tanto defendia.
Os saraus literários à moda do Ega e a pouca trivialidade do mundo
epistolar.
Esses eram os meus sentimentos creditados, os mesmos de agora, apesar de um pouco limados.
No dia em que fui dar de caras com o blogue da Pólo Norte, aprendi o que muitos livros não me ensinaram no tempo da Universidade.
Agora, na margem aflitiva dos romances, dos grandes empreendimentos literários eu tinha aprendido a ser mais genuína e a fazer uso da minha capacidade humana de dar, a qual eu tinha usado em demasia e em detrimento de mim própria.
Não me passara pela cabeça achar a ursa tresloucada e desvairada.
Quando comecei a ler os seus relatos, era uma miúda, tal como eu me achava uma miúda. E depois a ursa foi mãe, e eu dei uns trambulhões na vida.
Já não chegava a casa sem a vontade inóspita de ir respirar o ar do "Quadripolaridades". Havia aí muita matéria para aprender.
Talvez a ursa não saiba, mas ela podia escrever um livro. Não desses cheios da sujidade das palavras e sem devaneio sincero.
A ursa podia escrever um livro. O livro que falasse exaltadamente dos olhos da Ana e do sorriso do marido que pernoitava nos olhos dela todos os dias.
A ursa, então nessa tarefa tão difícil que é a escrita, podia dar-se ao mesmo trabalho que os grandes escritores que eu admirava tiveram.
Nessa tentativa chegaria às livrarias e eu respiraria o mesmo ar quando entrasse na sala impregnada do perfume dos livros velhos, e seria feliz.
Talvez fosse diferente, uma realidade diferente.
A ursa poderia ser muitas coisas fora da sua compreensão fenomenal pelo mundo, e pela forma como olha o sol. A generosidade que não vem, senão apenas por impulso brusco do coração. Essa carga tão tangível quão as palavras dos livros que eu amava.
Mas não seria a mesma coisa.
Nada seria a mesma coisa, se a Ursa não fosse a Ursa e se eu não a imaginasse como ombro, ombro quente no Inverno da vida...blogueira!
Esses eram os meus sentimentos creditados, os mesmos de agora, apesar de um pouco limados.
No dia em que fui dar de caras com o blogue da Pólo Norte, aprendi o que muitos livros não me ensinaram no tempo da Universidade.
Agora, na margem aflitiva dos romances, dos grandes empreendimentos literários eu tinha aprendido a ser mais genuína e a fazer uso da minha capacidade humana de dar, a qual eu tinha usado em demasia e em detrimento de mim própria.
Não me passara pela cabeça achar a ursa tresloucada e desvairada.
Quando comecei a ler os seus relatos, era uma miúda, tal como eu me achava uma miúda. E depois a ursa foi mãe, e eu dei uns trambulhões na vida.
Já não chegava a casa sem a vontade inóspita de ir respirar o ar do "Quadripolaridades". Havia aí muita matéria para aprender.
Talvez a ursa não saiba, mas ela podia escrever um livro. Não desses cheios da sujidade das palavras e sem devaneio sincero.
A ursa podia escrever um livro. O livro que falasse exaltadamente dos olhos da Ana e do sorriso do marido que pernoitava nos olhos dela todos os dias.
A ursa, então nessa tarefa tão difícil que é a escrita, podia dar-se ao mesmo trabalho que os grandes escritores que eu admirava tiveram.
Nessa tentativa chegaria às livrarias e eu respiraria o mesmo ar quando entrasse na sala impregnada do perfume dos livros velhos, e seria feliz.
Talvez fosse diferente, uma realidade diferente.
A ursa poderia ser muitas coisas fora da sua compreensão fenomenal pelo mundo, e pela forma como olha o sol. A generosidade que não vem, senão apenas por impulso brusco do coração. Essa carga tão tangível quão as palavras dos livros que eu amava.
Mas não seria a mesma coisa.
Nada seria a mesma coisa, se a Ursa não fosse a Ursa e se eu não a imaginasse como ombro, ombro quente no Inverno da vida...blogueira!
13/42
Havia uma sensação doce que lhe ocorria no meio das pernas quando pensava nele. As horas passavam alvejadas pela rapidez. Os beijos dele a sangrarem pela pele dela, que no entanto, eram imaginados. Eram sucessões de fazes de amor entre os dois que a deixavam feliz nos dias que copiavam a tragédia Shakespeareana.
Havia uma colisão qualquer entre os dois que não os machucava. Uma diferença de absurdos deliciosa.
Amavam-se.
Havia uma colisão qualquer entre os dois que não os machucava. Uma diferença de absurdos deliciosa.
Amavam-se.
outubro 16, 2013
outubro 15, 2013
o ser do inexistente
Querendo saber o que não há, torna-nos simplificadamente egoístas. Sem saborearmos o sabor da ignorância que não é ácida no paladar.
Percebi essa parte, já não tão chata da existência, na carruagem de metro na neblina do meu reflexo vitreo. Essa parte de mim que vi, e que preferia desconhecer, ensinou-me a gostar da outra existência das coisas que ao nosso olhar são nulas.
Quem, como eu, nos parâmetros do romantismo, deseja essa parte sublime que nos eleva, é um pouco feliz.
A feliciade advém desse travo imaginativo que o vazio carrega. E hoje, fui livre em todo o silêncio que cabia na sala.
Assim, desta forma, no mundo.
Percebi essa parte, já não tão chata da existência, na carruagem de metro na neblina do meu reflexo vitreo. Essa parte de mim que vi, e que preferia desconhecer, ensinou-me a gostar da outra existência das coisas que ao nosso olhar são nulas.
Quem, como eu, nos parâmetros do romantismo, deseja essa parte sublime que nos eleva, é um pouco feliz.
A feliciade advém desse travo imaginativo que o vazio carrega. E hoje, fui livre em todo o silêncio que cabia na sala.
Assim, desta forma, no mundo.
ciclo harmonioso
O quarto estava vazio, de cal. Apenas a cama e os móveis cobertos por lençóis.
Foi nessa noite, a comungar com a solidão das paredes e do vazio, que percebi o belo, e no mesmo compasso a força com que nos agarramos aos sitios que estão pintados por nós. Por memórias exteriores a nós. As fotografias, os objectos, o cheiro que paira e não desaparece. Uma chama que de vez em quando se apaga.
Foi nessa noite, a comungar com a solidão das paredes e do vazio, que percebi o belo, e no mesmo compasso a força com que nos agarramos aos sitios que estão pintados por nós. Por memórias exteriores a nós. As fotografias, os objectos, o cheiro que paira e não desaparece. Uma chama que de vez em quando se apaga.
outubro 14, 2013
outubro 13, 2013
outubro 11, 2013
outubro 09, 2013
outubro 06, 2013
she lasted a lifetime
O roxo comprido do vestido educou-a para a paixão do mistério. A mulher recebeu-nos devota aos nossos segredos, e entregou-me a pulseira fina jurando promessa.
As manhãs de Domingo poderiam ser sempre assim.
As manhãs de Domingo poderiam ser sempre assim.
outubro 04, 2013
ser druída
O olhar dela era carnal. Falava educadamente, quando não tingia de vermelho a solidão e os homens.
Era selvagem. Mulher.
Era selvagem. Mulher.
outubro 02, 2013
setembro 30, 2013
setembro 29, 2013
A realidade podia ser melhor que a imaginação. Podia ser indiscritivelmente mais assustadora que a ambição do pensamento de alguns, e por isso a rapariga atraia-se aos locais obscuros ou enferrujados e impregnados de satisfação histórica.
Às vezes não eram os livros. Eram as coisas tangíveis que provavam a sua deliciosa contaminação das histórias.
Era feliz por vezes. Na consequências das estações.
Às vezes não eram os livros. Eram as coisas tangíveis que provavam a sua deliciosa contaminação das histórias.
Era feliz por vezes. Na consequências das estações.
setembro 27, 2013
forças
Graças ao silêncio Outonal das coisas, e o vento que soprava as folhas híbridas descortinei a realidade do consultório de radiologia pela manhã com ternura. O edifício antigo e os pés marcados no chão.
Mais tarde ouvindo os senhores mais velhos na mansão, percebi que só poderíamos ajudar os outros com um silêncio cingido à força das coisas calmas.
Mais tarde ouvindo os senhores mais velhos na mansão, percebi que só poderíamos ajudar os outros com um silêncio cingido à força das coisas calmas.
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