janeiro 13, 2013

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Há uns dias disse que não tinha vergonha de ser feliz em tempos de guerra. E a nossa guerra agora é a crise.
Ser feliz não é só do passado ou do futuro, e nem esse devia ter nome.
A condição de sermos felizes às vezes parece não depender de nós. Às vezes parece que se esconde num sítio qualquer, parece que se agarra a uma coisa qualquer, e depois não sabemos o que fazer.
E hoje quando pensava nesse dia em que me atrevi a dizer que era feliz, deixei de lado a vergonha e quis trocar uma história.
Histórias não são exclusivas. Não distribuímos direitos por aí. A minha história é pequenina. É bem pequenina porque lá dentro está cheia de coisas vivas.
No início não sabia em que lados andava por lá.
Se eu nascesse quando tivesse nascido não tinha vivido, mas a verdade é que a minha história começa muito antes disso.
Não sei se te lembras de há uns séculos atrás terem nascido alguns poetas que se esqueceram de existir.
Aliás, eu recordo-me disso porque também me esqueci e agora sei viver a direito.
Agora já tenho paz, mas é paz que encontro nem aqui nem acolá. Existe em todo o lado. Sou de todo o lado.
Então a minha história começa quando todos os escritores de todo o lado decidiram ser escritores.
Ninguém decidiu nem ninguém lhes pediu. Apenas quisemos. E a partir daí já ninguém quis saber dessa coisa  que é agir normal. Ser mortal.
Eu lembro-me de ser pequena e de cheirar os quadros, olhar canetas, ver papel. E quando pensava em histórias era o recreio, era o céu cheio de estrelas, era a boca cheia de comida e a roupa suja de algodão.
Lembrei-me de escrever porque viver já o tinha feito muito.
Mas a verdade é que estava  errada. Só tinha calculado a percentagem de felicidade que eu julgava preencher a vida. Uma vida inteira.
Quando me começou a doer no peito e a estar triste percebi o que era estar viva.


4 comentários:

  1. Obrigada querida! gostei muito do teu blog também! beijinhos*

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  2. Concordo contigo. Eu não tenho vergonha de ser feliz em tempos de guerra! E sigo de volta!

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  3. Interessante a forma como começas este post e depois a forma como o terminas. :) Gosto da tua escrita, é viva, e leva-me a imaginar aquilo que escreves. Não há mal nenhum em ser feliz. Vários fatores condicionam a felicidade mas muitas vezes também nos deixamos esmagar por eles, o que não é correto. Obrigada pelo teu comentário. *-* Foste uma querida e sinto-me muito lisonjeada! Um beijinho!

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  4. está fantástico mariana! Fantástico. Essa referência aos escritores dos quais fazes parte é linda. Parabéns

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