abril 19, 2012
quando uma ideia nos apanha
As noites andam frias mas já matámos todos os Invernos que nelas existiam. Agora todas as manhãs são Primaveras novas, Primaveras que se comportam como crianças nas quais em todos os segundos da tarde brotam do universo como um cesto de fruta novas esperanças . E andamos de braço dado porque é confortável e porque o sol não nos mata como a solidão mata os pássaros no poleiro.
Às vezes o coração precisa de um descanso e o abraço vindo da lua é como um mergulho no duche de água quente, cura a sede de viver. Apaga a desistência. E parece que todos se cansaram de viver nestes últimos tempos. Parece que já não conjugamos a primeira pessoa do plural, deixámos de ser os todos para ser os individuais dentro da solidão humana.
E eu recuso-me a deitar-me sobre o chão. A minha história está nas cicatrizes e nas coisas que calo, acho que não sou fácil de ler, mas quando me viro para respirar o mundo, inspiro o oxigénio das histórias e há um toque de mãos na rua que chega ao meu alcance.
Eu não choro com a pura morte, choro com as partidas e com as felicidades que são arrasadas porque há muito vento nas mãos de quem não quer existir. Quer malograr o bem dos outros.
Já matámos todas as desistências e denúncias que vingam a magia dos olhares obtusos e dos espíritos violentos.
Hoje é um dia de nascimentos e quando se nasce, inspira-se fundo e abraça-se a vida.
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