janeiro 09, 2012
palavras que dizes, eu escrevo
"Desde pequena, oiço dizer que a saudade é uma coisa portuguesa.
“Longing” , embora digam o contrário, não é saudade. É um “desejo de querer algo que não se tem”. E em francês, a “nostalgie” que eles dizem sentir, esse “sentimento leve de pesar despertado por uma lembrança”, em nada se parece com a nossa saudade. A nossa saudade é uma “lembrança grata de uma pessoa ausente”, são “boas recordações”, é uma “mágoa causada por uma privação” e nada tem que ver com um simples desejo ou um sentimento leve – é algo forte, nosso. Português.
Falar português é, entre muitas outras coisas, uma parte de nós. É o que nos identifica, o que nos destaca dos outros: “é português” - pensam – assim que nos ouvem em qualquer outro lugar do mundo. É parte de nós. É pela língua que qualquer um de nós explica o que sente, o que quer, o que é.
Tentar explicar a saudade ou qualquer outra palavra, tentar explicar quem somos ou o que queremos, numa língua que não é a nossa é, logo à partida, anular o que somos. Deixar os sentimentos ficarem pouco claros. Faz-nos estranhos. É como que assaltar a alma de outra Pátria. E quando deixa de nos fazer estrangeiros, perde-se a alma do que é nosso. Perde-se um pouco de nós. Já ninguém olha para nós como “filho” de Portugal. Em vez disso, olham para nós, interrogando-se de quem seremos, onde pertencemos. Fica a saudade – que, essa, será sempre nossa."
não foi dito. eu sei. e não vai desaparecer.
eu estou aqui para ficar (:
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