Quando não sei o que fazer, agarro no meu caderno de 1,20 do chinês e enfio-me numa divisão fechada. Às vezes tenho medo que alguém entre e perceba o que estou a fazer. O mistério e o medo que me apoquentam dia e noite. Esta noite tive suores frios e dormi mal. Lembro-me ontem de ter ido a uma reunião na minha escola sobre a viagem de finalistas a Praga. Lembro-me de não estar nos meus melhores dias.
Depois de 45 min de dúvidas para pais e alunos, tive de repetir tudo de novo porque a minha não ouviu nada. De seguida, fomos às compras ao LIDL e eu fiquei no carro. O carro ficou estacionado em frente a um muro com uma hera a corroer-lhe o pequeno resto de pedra que ainda existia. Liguei o rádio na estação Marginal. Ao som do Jazz apercebi-me que estou cheia de medo e tenho receio de contar a alguém. Tenho medo que a pessoa a quem quero contar isto tudo não tenha ouvidos para tal. Tenho medo que as pessoas que saiam e entram do minisupermercado se apercebam que durante estes 2o min estive a chorar de medo e não sei se arriscar é a melhor solução. É estúpido ter medo de arriscar quando temos todas as oportunidades à nossa frente e não temos nada a perder. Mas eu tenho e é esse pensamento que me corroi por dentro. Posso perder tudo e arrepender-me para o resto da minha vida. A Joana disse-me que não devia ser tão lamechas e tem razão. Tens razão Joana. Mas se me tornar num erro de muitos anos que não me vai deixar viver o resto da minha vida.
Mas gosto de pensar que tudo pode resultar e o que sempre quiz pode vir a acontecer de uma maneira inesperada e tão simples que não tenha que pensar em más consequências mais tarde. Foi um choro pequenino mas que me chateou durante 15 horas seguidas.
Tiraste-me o sono e agora vou-me vingar. Vou arriscar por tudo e seja o que Deus quiser.
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