julho 04, 2015

O mistério de Edwin Drood

Não diria certamente que Jessica estaria no barco, mas com toda a frota que se encontrava no cais imaginei que a jovem que velejara até ao Cabo Horn estaria a descobrir mares. Era a sua vocação. Por aqui eu saboreava a temperatura do sol no meu cabelo entrançado, assim como o ritmo das gaivotas. Desiludi-me com o preço das relíquias da livraria Galileu embora me maravilhasse o facto de haver uma edição do natal de 1875 assinada pela proprietária do livro (ou proprietário) cujo apelido se assemelhava a Zingman. O livro tinha sido publicado em 1870 e narrava mistérios, recordo-me. Deixei-o lá entre os milhares de livros empilhados e desajeitados da livraria incluindo As viagens de Gulliver de Jonathan Swift e Tarzan de Burroughs. Depois segui a rota da vila, descobri um livro usado sobre um viajante de mota e dei-me por contente.Interpretei a vida dos que passavam junto à beira mar na baía, enquanto eu bronzeava os pés e via os miúdos que saltavam do pontão para a água salgada. Eram certamente americanos, corajosos, brilhantes. Muitos depois deles se seguiriam talvez atraídos pelos barcos, pelo perigo. Quanto a mim seriam as ondas, o dançar das ondas, a sua contínua repetição que não traz novidade, mas segurança.
Eu precisava de segurança.



1 comentário:

  1. O facto de andar afastada das visitas aos meus blogs preferidos traz destas coisas, saudade da leveza da tua escrita. É fascinante! Tu és incrivelmente fascinante e às vezes nem te dás conta disso!

    ResponderEliminar