Das várias confusões no comboio e do meu estado febril antes de chegar ao terminal destaquei a mulher que se encontrava nas minhas costas. "Conheces o cemitério de Braga" dizia ela. Insistindo "diz-me lá. Conheces o cemitério de Braga? Fica à saída do Gerês". E continuava alheada da despreocupação da colega de viagem que viera com ela de Santa Apolónia. Eu não aguentaria muito mais na sua companhia, mas a sua necessidade de falar chamou-me a atenção. A gargalhada que ia dando em voz baixa distraía-me da doença que me tirara o sossego nos últimos dias. Não estava realmente em mim.
Finalmente e passando por Paço d'Arcos ela gritava "Estupor de comboio! Não era suposto parar aqui". Um minuto faria a diferença para apanhar o autocarro quando saísse em Oeiras. Na partida, virando o rosto vi-lhe a cara. As faces redondas cheias de antiguidade pelo óculos de massa branca. Foi-se embora com os sacos na mão e nunca mais a vi.
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