Planeei o meu futuro numa noite pesada de verão junto à ravina de S. Pedro. Decidi sobre o leito da lua que ia escrever. Seguir os trilhos dos que percorriam a vida com insónias.
Decidi descalçar-me e ser Elena, e todas aquelas mulheres dos Cárpatos. Todas as que carregavam dores no corpo. As mulheres nuas. As mulheres novas. As velhas que desejavam ser novas. As que não desejavam nada e as que simplesmente desejavam. As que perdiam o sono em camas desarrumadas. As que faziam amor com a liberdade das suas almas. As que eram sensuais na escrita, no olhar, nos ossos da clavícula, no hesitar dos seus vales carnudos perante o beijo dos homens. As mulheres que pegavam em armas e cartazes e matavam. As que expurgavam a fome das famílias. As que procriavam.
Quis ser daquelas mulheres sem lugar. Quis ser daquelas mulheres sem roupa, sem vergonha, apenas com glória e história.
A nudez iria dar frutos no futuro distante mas próximo.
ai as mulheres, tão complexas e várias
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