março 30, 2013

20h46

não comemos carne na sexta-feira santa. Mas hoje enquanto comia o peixe não pensei nos pecados. O que são os pecados? Uma força contrária à corrente normal? O satisfazermos os nossos desejos cingidos a uma agonia subtil dentro da consciência que mora fora do coração? Para mim não há pecados. A religião devia ser pessoal. Não que isso servisse de desculpa para podermos salvar-nos constantemente da condenação dos outros, mas para que a liberdade seja maior, para que o espírito se quebre menos vezes quando confrontado com o olhar dos outros. O simples olhar do mundo.
E hoje enquanto comia o peixe desejei os quadros na parede. Pinturas pesadas sobre o tom bordeaux da parede. Uma música plena de floreados. Uma caminhada febril até ao aparelho musical e o estender do braço em direcção a ti. Esse pecado seria enrolar os braços à volta da tua cintura e esses segredos que me contarias ao ouvido. Esse pecado seria, noutra realidade cheia de fecundidade, amar-te e possuir-te o corpo.
Nesse mundo eu seria excêntrica, e ninguém se importaria.


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