novembro 24, 2011
Tiras do teu sangue para dar ao meu
És o meu luar. És o tom escuro que me fugiu dos olhos. Ás vezes quando a noite embala todas as luzes da cidade, eu olho pelos vidros da janela, para lá do reflexo que se fixa na transparência do vidro unido há uma imagem querida que me aparece, que rasga o céu e se fixa bem na berma da perna da Lua quando ela se deita para o lado esquerdo. És tu quem me aparece nos sonhos e vem ter comigo. Corres-me nas veias e apesar de batalhar o coração para que tudo seja menos real, menos físico, é o teu toque que disperta a atenção dos sentidos. Já reconheço o teu odor nas árvores quando ando pela rua. As folhas de Outono já rastejam por aí e nem parece que o Inverno está para chegar. Se fechar os olhos há uma melodia de um violino que segue o caminho das estrelas como balões de ar quente que sobem pelos céus.
É ali bem no alto que te reconheço o rosto. Não és nenhuma invenção. Ninguém te criou como texto para exposição. Nasceste de um ventre querido e enches-me a vida de pulsadas de ar fresco.
Para lá do mar, onde as ondas já não batem com a mesma força, as vozes cantam em uníssono. É um piar baixinho que me persegue durante os sonhos. O teu sangue corre-me no corpo e já te sinto falta nas mais pequenas coisas. É na escuridão que me apareces como uma vela acesa. É nas fissuras das pedras da calçada que imagino os teus passos e a tua mão a abraçar a minha. São as fadas e os duendes que se fazem passar por ti, quando as rezas me trazem sorte. Eu vejo o pôr-do-sol e imagino o horizonte de outro país contigo.
Eu vejo as areias e as palmeiras de outros destinos dentro dos teus lábios. É neles que o sabor dos incensos se acumula e transforma em coisas doces. É a tua respiração que me acalma a estranheza do frio da estação e a tua mão a deslizar-me nos ombros por dentro das vestes. São as palavras sussurradas que eu levo para casa e que se desfazem em lágrimas quando chego ao comboio no passeio que faço todos os dias.
Eu trago-te e levo-te no coração todos os dias como as ondas dos oceanos. Eu cuido de ti como cuidas de mim. Do meu coração que nasceu pobre. És a minha decência e consciência. És a melhor parte que nasceu dentro de mim. A alma que veio dentro dos meus traços, das minhas formas. Eu sou um corpo que vive com a tua alma agarrada a mim.
És-me.
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