junho 30, 2010

coreto


Foi uma noite bonita

junho 29, 2010

portugal-espanha


Faltou-me o ar mas não chegámos a ganhar. Adios amigos

junho 28, 2010

junho 26, 2010

closer


O dia em que nos vamos encontrar está algures escondido no tempo. Não desesperes. Eu vou esperar por ti na porta do café, ao pé das caixas das laranjas da mercearia, na esquina da livraria ou no passeio da próxima rua. Não fiques triste. Já esperámos quase uma vida inteira que dava para encher os campos de àrvores de fruto. Esse tempo vai acabar e vamos acabar por nos cruzarmos um dia destes. Espera

junho 25, 2010

tu


eu gostava de te ter assim

junho 16, 2010

a tua cidade

Se reparar no cheiro que lhe atinge o nariz vai perceber que está perto menina! Foi o que o senhor da mercearia disse quando a rapariga pegou na maçã. Não era uma maçã qualquer. Aquela maçã carregava a força de uma tempestade de sabores e fazia companhia ás cerejas da banca vizinha.
A cidade vestia-se assim. De vermelho e laranja com umas pitadas de branco que suavizavam as paisagens. O livro irrequieto balançava na prateleira à espera da compra da rapariga que trazia o vestido vermelho com vergonha do seu porte. Era demasiado arriscado perceber-se que o amor fazia-lhe companhia. No entanto os sabores amainavam o sentimento e quando o barulho da porta da livraria se calou vieram os sons do mundo numa sinfonia sem fim.
As casas sorriam com os canteiros à porta e faziam lembrar uma dança selvagem de árvores rebeldes durante a noite. É assim que as árvores se apaixonam. Elas dançam e fazem amor com o céu. É assim que os pássaros cantam. Eles voam e fazem amor com os sorrisos dos que param num ramo duma árvore qualquer.
A baixa era frequentada pelos homens insanos de corpos juvenis que carregavam consigo ar sério enquanto o rapaz que vive na casa pequena com a caixa de correio verde, corre pelo campo e dá um beijo apaixonado á miúda nova que veio da cidade.
A inveja muitas vezes bate nos mais fracos e as senhoras que passavam pela montra da boutique ficavam com a boca seca e invejavam os lenços que um dia sonhariam ter e fazer voar num passeio de carro por França.
A miúda que se esconde por detrás da árvore? Vês? Ela espreita, calada e surda. Apenas escuta os sons. Temos de ouvir. Ouvir na escuridão. Ela escuta e vai em busca de uma oportunidade de passear pela Holanda e lá ter um ‘encontro giro’ com o rapaz que faz horas extraordinárias do café. São assim os desejos. É mais que uma atracção física. Faz-se de amor.
Os motoristas das belas senhoras, que carregam sonhos antigos desfeitos pelos maridos conversam entre si pegando com cuidado no charuto e fazendo vez entre si para provar o sabor alucinante do tabaco. Enquanto esperam pelos donos, aproveitam a vida e observam o pouco movimento da estrada, porque o verdadeiro movimento está no andar. No andar dos gaiatos e das miúdas que correm à espera de os apanhar e rirem-se de si mesmos. Algures na praça alguns seguram balões e elas trazem as bonecas já gastas da brincadeira. Os apaixonados namoram às escondidas e no campo outros dão beijos de loucura porque apenas os pássaros os ouvem e esses guardam bem segredos.
Ao fim da tarde a biblioteca está cheia. Os livros não se cansam de dar explicações e vão ganhando pó ao longo dos anos. Eles encerram tantas histórias que já se deitam comovidos com a vida que surge nas ruas. São outros tempos que se vivem. Tempos bons que, o senhor da drogaria se entretém a contar quando algum moço lhe vai pedir umas moedas para comprar um brinquedo. Ele senta-se no pequeno banco de madeira e perde-se no tempo, imaginando-se já um homem grande com o braço de uma senhora entrelaçado no seu. Um dia irão ter filhos e ele próprio irá contar-lhes a mesma história que o fascinou em criança.
A mãe feiticeira, pega na colher e faz girar a sobremesa e a sopa que irá alimentar as bocas ao jantar. Todos se reúnem depois da folia de um dia de verão. A moça nova serve-se na casa do companheiro. O pequeno moço entretém-se a roubar pedaços de chouriço enquanto faltam pessoas na mesa. O marido ainda traz o cheiro do charuto algures na boca cansada e nos braços exaustos de guiar.
Por fim está tudo junto e preparam-se para comer. O livro da miúda ficou pousado no alpendre em cima da toalha de piquenique. O brinquedo do gaiato gasta-se nas mãos do chão da noite que por aí vem dentro. O lenço da rapariga embeleza o rosto que há poucas horas foi beijado de paixão e espera por mais amor. O rapaz olha-a com prazer. E os pais sorriem e vêm que tudo está bem. Algures no ar paira um cheiro a cerejas. Ou será maçãs? Mas não. Os sentidos enganaram-se. Foram confundidos com o cheiro da maçã que o senhor Augusto há pouco me deu a provar na mercearia da vila.

junho 14, 2010

explicação da eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim

best


eu adoro a tua horta. Aposto que os girassóis já estão enormes =$

mafalda veiga










Enquanto tu vias o Palma eu via a Mafalda :p

junho 13, 2010

grita

As tormentas


fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.


José Luís Peixoto

junho 12, 2010

diferente

És mesmo tudo, é Deus quem o diz.

junho 10, 2010

mimos

Tens uns olhos lindos. Matas-te a trabalhar. Cuidas de toda a gente à tua volta. Dás sem pedir em troca. És linda minha best.
Hoje mereces fugir para um lugar bem longe daqui. Faz-me o favor de te descalçares e entrares por esta porta.



amo-te

o que achas de?



Vamos comer um gelado?

eu devia parar de pensar nestas coisas mas...




Percebem agora? :$

junho 09, 2010

meu querido irmão


Somos muito diferentes mas muito iguais. Lembro-me que cuidares de mim e da mana foi uma das tuas obrigações e foi o que fez de nós grandes pessoas. Ensinaste-nos a sermos pessoas melhores e sei que muitas vezes as manas fazem coisas más e não fazem o que tu dizes, mas só te queríamos dizer que gostamos muito de ti e estamos muito gratas por cuidares de nós quando podias estar a brincar com os teus amigos ou a fazer as coisas que tu gostavas. Agora está na altura de te retribuirmos e de te dizermos que és o melhor irmão do mundo.


E 26 já lá vão :D


Beijinhos grandes,



as manas

sex and the city


No parque de estacionamento de um centro comercial qualquer, eu imaginei tudo. Tive uma visão.
As paredes de vidro transparente quebraram-se e estão a dar lugar a um sítio distante mas próximo. É como se cada pedaço desse lugar a um cenário diferente. Diferentes cores e diferentes sensações. De repente, as riscas amarelas que marcavam o sentido dos carros, dissolviam-se como se um curso de água tivesse passado e tirado toda a sua essência.
À minha direita, de onde a luz batia fortemente o ar criou os moldes de uma velha livraria onde um velho senhor se apoiava num escadote para colocar livros nas prateleiras. Tentei falar com ele, mas nenhuma resposta. Continuei. Fora como se tudo continuasse no seu natural curso. A minha presença nada alterava as atenções do rapaz apaixonado que mirava a rapariga dentro da loja que segurava uma pequena bolsa vermelha.
Continuei a andar e desta vez, estava num rua parisiense movimentada. Desta vez parecia regressar aos anos 20 e tudo parecia glamouroso e brilhante. As senhoras levavam plumas ao peito. Vestiam fatos que cintilavam com as luzes da cidade. Num pequeno beco, um rapaz nos seus 13 anos arriscava a sua segurança e admirava as senhoras pecadoras que entravam nos clubes nocturnos. Certamente iriam quebrar as regras e tornarem-se mulheres de uma época de contrastes.
O fôlego continuo e os anos 70 regressaram em força numa pequena casa de pedra francesa. Ao fundo a casa parecia só, mas ao som dos meus passos o ar que corria de fora para dentro da casa parecia dar frescura às flores que residiam nos canteiros à porta, nas pequenas recordações da caixa de música do quarto ao fundo no lado esquerdo. De uma das janelas, percebia-se um pequeno lago que fazia companhía aos grandes carvalhos e às ervas daninhas que cresciam cada vez mais a cada dia. Desta vez trazia um pequeno livro na mão e tinha um vestido branco. Recordo-me de sentir um chapéu de verga com um laço verde na minha cabeça. Na capa do livro lia-se " Anna Karenina" de Tolstoy.
Avançei ao som de uma corrida leve quase como se estivesse a ser levada pela brisa e foi nesta corrida que parei de novo no parque de estacionamento. As faixas amarelos ganhavam mais cor à medida que o carro apitou e eu entrei no lugar de trás do lado direito.

Foi uma alicinação pois 'O sexo e a cidade 2 ' acabava de entrar na minha cabeça.

junho 06, 2010

restaurante cubano



A rapariga encostava o peito ao seu num pequena dança agitada onde o calor ajeitava os corações apaixonados. A música tocada alto e cheirava a uma certa bebida.
No outro dia lembrei-me da senhora inglesa com o chapéu, do rapaz que passeava o cão ao final da tarde e da senhora da charcutaria do InterMarché. Todos eles tinham alguma coisa em comum. Até a rapariga que cruzava o olhar entre a mesa do restaurante cubano e a bebida que ela impunha me fazia lembrar o rapaz que passeava o cão.
Um certo brilho no olhar que me fez lembrar a Andy no Diabo Veste Prada. Pequenos sonhos que me despertaram a atenção. Tenho a certeza que a senhora da charcutaria tem saudades de ir a um bar de jazz e beber a bebida que a rapariga do restaurante cubano tanto olha. Ela espera pelo empregado para se certeficar que os seus olhos não perdem o brilho de há vinte minutos atrás. Enquanto que o rapaz que passeia o cão, traz um sorriso escondido no canto do lábio e parece triste com o mundo. Talvez lhe apeteça uma dança acompanhada de uma boa banda e de um vestido preto que combina com as pérolas do colar da rapariga que certo dia irá cruzar-se com ele no supermercado.
Agora a rapariga diz-lhe que o ama e que nunca diz que vai ser para sempre, mas que uma certa certeza pertençe ao seu coração. A mesma certeza que a Andy teve quando abandonou a Runaway da Miranda para realizar os seu sonho no grande jornal de Nova Iorque.
Foram precisos grandes sacríficios para que essa decisão fosse tomada.
E agora a senhora da charcutaria veste-se para visitar o cabaré e dançar com o gentleman que a espera ao balcão e que lhe oferece uma bebida simpática.
O empregado do restaurante cubano desfez-se da sua fatiota e pegou na mão da rapariga e conduziu-a para uma dança sensual corpo a corpo. E enquanto a banda toca todos se apercebem que o salão pisado pela saltos vermelhos da senhora da charcutaria, a sandália azul da rapariga que há instantes esperava calada na sua mesa e a apaixonada que encontrou um lugar no coração do rapaz que passeava o cão, que carrega um salto alto preto que combina com o vestido preto e as pérolas do seu colar, é exactamente o mesmo.
A música soa cada vez mais alto e num instante ouve-se um suspiro. Um beijo leve no pescoço, um abraço e por fim um lift perfeito que deixa todas estas senhoras no ar, para se aperceberem que no fundo as luzes que circundam o salão e brilham com os seus vestidos, estiveram este tempo todo à sua espera. E os cavalheiros sorriem para as verem avançar na sua direcção para a próxima música.



'Heartache tonight' -Michael Bublé

junho 04, 2010

os deuses


Quem são os deuses?
Hoje emprestaram-me um livro sobre mitologia grega. Desde o dia em que a minha memória remonta ás entranhas que Zeus engoliu e expeliu por um simples aviso errado que senti curiosidade em saber quem eram estes malucos que andavam a passear no Olimpo e que realizavam profecias sobre os humanos. Nós, pequenos bonecos que são coordenados como marionetas.
Todos os dias nos passa ao lado o comando exercido sobre nós. O mundo está lá fora e tudo o que fazemos é tentarmos atingir a natureza quando devia ser ela a comandar o homem. Tenho pena que as únicas laranjeiras que ainda me dão frutos estejam enfiadas num jogo do facebook. Um dia prometo pagar um bilhete de comboio e ir ao campo plantar uma laranjeira. Um dia vou-me tornar na rapariga das laranjas e poderei roubar laranjas à visinha quando as minhas não estiverem assim tão boas.
Ás vezes não entendo a razão porque Zeus acreditou numa mentira tão grande, e para seu contínuo poder sobre os deuses, ele engoliu os filhos. Azar dele que saiu-lhe o tiro pela colatra e não foi assim tão fácil ver-se livre do seu destino.
Espero que o meu destino não seja assim tão mau, porque não tenciono engolir os meus filhos (se assim os tiver) e tenciono dar-lhes uma porção de terra para sujarem as mãos e apanharem as laranjas das árvores que eu lhes deixei. Quero que eles corram o máximo possível. Correr o mais rápido possível por todos os lugares que conseguirem encontrar. Uma viagem tão boa como a viagem que Guido contava ao seu filho. Ele sempre acreditou que aquela viagem fora a melhor viagem que pudera receber no seu aniversário e eu quero tanto que eles façam essa viagem. Quero que comam muitos gelados e dêm mergulhos no lago. Que adormeçam no alpendre enquanto o pai lhes conta uma história. Quero o amor mesmo assim como ele é.



Quero o amor como os deuses. Dono de tudo e nada.
O amor. O Deus.

junho 03, 2010

meu pequeno amigo


um dia disseram-me que somos todos pinóquios nesta vida. somos pinóquios com narizes de madeira que crescem à medida que mentimos. E tal como o pinóquio se tornou num menino real, nós também temos a oportunidade de deixarmos de cair a cada pedra no caminho e termos força nas pernas para andar.
Neste momento tens as pernas fracas, e estiveste muito perto de um queda real que podia ferir o resto da tua vida. Não sabes os riscos que corres e quero que saibas que não tenho umas pernas novas para te oferecer, mas sempre que precisares eu estarei pronta para te dar a mao e te ajudar a levantar do chão quando alguma pedra se meter entre os teus frágeis pés.
Ele queria ser um menino real e poder andar como todas as outras crianças e eu acredito que vais conseguir ter força suficiente para caminhares entre as mil e uma barreiras que se colocarem à tua frente.
O amor por vezes magoa, mas enquanto mortais temos muitas fraquezas, sentimos demais, magoamo-nos demais e muito cedo morremos, mas temos a oportunidade de amar.
E enquanto fores vivo o amor é a tua única oportunidade que te fará andar como um menino crescido que tem muito para dar ao mundo.
Escreves como nunca li e tens um coração que enchia o TEJO de amor, e o mais importante é que ainda nao te apercebeste disso pinóquio.




O amor é a única oportunidade que tens para andar, e neste momento ele é de madeira. O material de que as tuas pernas são feitas.
Não desistas que um dia vais andar pinóquio.



Gosto muito de ti.

junho 02, 2010

Can you imagine what it is to cross an ocean?


Can you imagine what it is to cross an ocean? For weeks you see nothing but the horizon. Perfect, and empty. You live in the grip of fear – fear of storms, fear of sickness on board, fear of the immensity. So you must drive your fear down, deep into your belly, and study your charts, and watch your compass, and pray for a fair wind and hope. Pure, naked, fragile, hope. At first it’s no more than a haze on the horizon. So you watch, you watch. Then it’s a smudge, a shadow on the far water. For a day, for another day, the stain slowly spreads along the horizon, taking form – until on the third day you let yourself believe. You dare to whisper the word – land! Land. Life. Resurrection. The true adventure. Coming out of the vast unknown, out of the immensity, into new life. And that your Majesty is The New World.